Otimismo no exterior eleva apetite por risco e dólar cai contra real

Publicado em 13/12/2019 10:00

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caminhava para a terceira sessão de queda em relação ao real nesta sexta-feira, defendendo posição abaixo dos 4,10 reais, em dia de apetite por risco elevado no exterior com a visão de que dois obstáculos para os mercados globais -- a guerra comercial entre Estados Unidos e China e o Brexit -- chegaram ao fim.

Às 10:14, o dólar recuava 0,12%, a 4,0883 reais na venda.

Na B3, o dólar futuro caía 0,09%, a 4,089 reais.

Depois de mais de um ano de incerteza e ansiedade nos mercados, a Casa Branca chegou a um "acordo em princípio" com Pequim sobre o comércio, em um progresso que pode significar o fim de uma disputa prejudicial entre as duas maiores economias do mundo.

No acerto alcançado, os Estados Unidos suspenderiam as tarifas que entrarão em vigor sobre 160 bilhões de dólares em produtos chineses, e Pequim prometeu comprar mais produtos agrícolas dos EUA, informou a Bloomberg, sem mais detalhes.

Entretanto, nenhum dos dois países se pronunciou oficialmente ainda, e o silêncio de Pequim levou a questões sobre se os dois lados podem chegar a uma trégua em sua guerra comercial antes de uma nova rodada de tarifas entrar em vigor no domingo.

Na quinta-feira, após a notícia do acordo, o dólar à vista fechou a sessão em queda de 0,64%, a 4,0931 reais na venda, menor nível para um encerramento desde 6 de novembro.

Além dos sinais positivos na frente comercial, estava no radar nesta sexta-feira o resultado das eleições britânicas, com a vitória esmagadora do atual primeiro-ministro, Boris Johnson, elevando as esperanças de que o Reino Unido saia de forma organizada da União Europeia. [nL1N28N07A

"O movimento de hoje está dentro do previsto", disse Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets. "O dólar está mais enfraquecido por conta do melhor apetite por risco, tanto pelo resultado das eleições no Reino Unido quanto pelo noticiário comercial EUA-China, e isso favorece as moedas emergentes."

No exterior, o índice do dólar tinha queda acentuada de 0,54% contra uma cesta de moedas fortes. Em relação a emergentes pares do real, como o peso mexicano e o rand sul-africano, a moeda norte-americana registrava perdas.

O Banco Central vendeu nesta sexta-feira todos os 10 mil contratos de swap cambial reverso e todos os 500 mil dólares em moeda spot ofertados.

Adicionalmente, na quinta-feira o BC anunciou para esta sexta e para 16 de dezembro leilões de linha de dólar com compromisso de recompra para rolagem do vencimento janeiro de 2020. Segundo a autoridade monetária, serão realizados dois leilões de rolagem de linhas de dólar, simultaneamente, por dia, com o banco aceitando o valor máximo de 1,65 bilhão de dólares em cada um dos dias.

As ofertas vão ocorrer entre 10h20 e 10h25.

Dólar cai a R$ 4,0787 antes de leilão em meio a otimismo com IBC-BR e EUA-China

Por Silvana Rocha -  Estadão Conteúdo

O dólar volta a cair ante o real em meio ao recuo do índice DXY e da moeda americana perante algumas divisas emergentes ligadas a commodities com as notícias ainda não confirmadas de que EUA e China estariam perto ou já teriam fechado um acordo comercial "de fase 1". O ajuste de baixa estende, por enquanto, uma sequência de oito dias de perdas acumuladas em 3,47% nas últimas nove sessões até ontem.

Internamente, a previsão de uso da Ptax do dia como referência para o leilão de linha de US$ 1,65 bilhão, das 10h20 às 10h25, também ajuda a amparar o ajuste negativo, segundo operadores de câmbio.

Além disso, o mercado digere, o IBC-BR de outubro, que subiu 0,17%, abaixo da mediana de 0,25% das projeções, mas dentro do intervalo que ia de -0,10% a +0,84%. O indicador com ajuste ficou em 139,66 pontos e é o maior desde junho de 2015 (139,86 pontos). O resultado não afeta diretamente a precificação, segundo operadores, mas contribui para reforçar o otimismo dos investidores com a recuperação da economia doméstica.

Às 9h33, o dólar à vista registrou mínima em R$ 4,0787 (-0,36%). O dólar futuro de janeiro de 2020 recuava 0,29%, a R$ 4,0810.

No exterior, na última hora, o rublo russo se fortaleceu ante o dólar, ignorando decisão mais cedo do Banco Central da Rússia de cortar seu juro básico em 0,25 ponto porcentual, a 6,25%, e sinalizar mais reduções no primeiro semestre de 2020. Às 9h25, o dólar caía a 62,4889 rublos russos, de 62,74 rublos no fim da tarde de ontem.

Em relação à vitória do Partido Conservador nas eleições gerais antecipadas do Reino Unido, confirmada na madrugada desta sexta-feira, que reconduzirá Boris Johnson ao cargo de primeiro-ministro, muitos especialistas dizem que o resultado facilita a saída britânica da União Europeia - e, por isso, acordos comerciais entre o Reino Unido e outros países já estão no radar das autoridades.

Em discurso após a vitória, Johnson garantiu que entregará o Brexit até 31 de janeiro de 2020. Às 9h28 desta sexta, a libra subia a US$ 1,3386, ante US$ 1,3177 no fim da tarde de ontem. O índice DXY, que compara o dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, caía 0,58%, a R$ 4,96,835 pontos.

Fonte: Estadão Conteúdo

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