Seria 'intempestivo' ligar a Trump sem conhecer dados, diz porta-voz de Bolsonaro

Publicado em 02/12/2019 21:53
Agênia Estado

O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta segunda-feira, 2, que seria "intempestivo" da parte do presidente Jair Bolsonaro fazer uma ligação ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sem conhecer "todos os dados" da situação envolvendo a cobrança de tarifa sobre aço e alumínio anunciada pelo chefe norte-americano.

O porta-voz afirmou que Bolsonaro tem "afinidade e capacidade" de estabelecer um diálogo direto com Trump, mas que, por ora, não é essa a decisão do mandatário brasileiro. Ele destacou que as conversas com o governo norte-americano estão sendo estabelecidas através do Ministério da Economia.

Mais cedo, o próprio Bolsonaro afirmou que, "se for o caso", vai conversar com o presidente dos Estados Unidos a respeito da restauração de tarifas sobre a importação. Nesta segunda, Trump afirmou no Twitter que a desvalorização das moedas de Brasil e Argentina prejudicam agricultores norte-americanos. Por isso, vai restaurar as tarifas de importação sobre o aço e o alumínio dos dois países.

"Ele tem a afinidade e capacidade de estabelecer diálogo direto com o próprio presidente Trump. Não momento não é a decisão do nosso presidente. Por meio do Ministério da Economia está fazendo com que as nossas ideias, posições sejam aclaradas e discutidas entre os dois países", disse o porta-voz.

"O presidente, como é comum nessas questões econômicas, ele se vale do Ministério da Economia para, aprofundando o conhecimento, tomar sua decisão. Seria intempestivo da parte do presidente Bolsonaro ainda sem conhecer todos os dados efetivar uma ligação, que claramente seria completada, em tempo inapropriado em face do desconhecimento profundo do tema", acrescentou.

Segundo ele, Bolsonaro já determinou aos ministérios da Economia, Relações Exteriores e Agricultura que adotem as "medidas necessárias dentro das esferas de suas atribuições, a fim de trazer uma solução que atenda aos interesses dos dois países". Por outro lado, o porta-voz ressaltou que o governo ainda não tem conhecimento aprofundado sobre a situação para tomar uma "decisão de pronto".

"É preciso caminharmos, estudarmos, conversarmos para só então nos posicionarmos em relação ao governo norte-americano. É óbvio que o presidente acompanha com interesse visto que é fator importante do equilíbrio da balança comercial", disse.

Questionado ainda sobre a declaração de Trump em relação a desvalorização da moeda brasileira, Rêgo Barros respondeu que o Ministério da Economia estabelecerá "relacionamentos necessários" com o governo norte-americano, e que nisso serão colocados "aspectos relevantes", como a questão da moeda.

Perguntado ainda se o governo avalia alguma medida de retaliação comercial caso entenda ser injusta ação do governo americano, o porta-voz afirmou não ser possível trabalhar com "especulação".

Bolsonaro sobre aumento de tarifas por Trump: Paulo Guedes deve estar ligando lá

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira, 2, que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve fazer um telefonema para tratar do aumento de tarifas sobre aço e alumínio do Brasil e da Argentina, anunciado mais cedo pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Paulo Guedes deve estar ligando lá", afirmou. Bolsonaro não deixou claro para quem seria feita a ligação.

A declaração de Bolsonaro foi feita no começo da noite, quando o presidente retornou ao Palácio da Alvorada.

Pela manhã, Bolsonaro que, "se for o caso", conversará com o presidente Trump. "Vou conversar com Paulo Guedes. Se for o caso ligo para o Trump. Tenho um canal aberto com ele", disse Bolsonaro.

A proximidade com Trump é frequentemente apontada pelo governo brasileiro como uma conquista da gestão Bolsonaro.

Em uma publicação no Twitter, no entanto, o presidente Trump afirmou que Brasil e Argentina têm desvalorizado as próprias moedas e, por conta disso, anunciou que vai retomar tarifas sobre aço e alumínio provenientes dos dois países da América do Sul.

"A desvalorização não é boa para os nossos fazendeiros", disse o chefe da Casa Branca, acrescentando que o que vem acontecendo com as moedas locais frente ao dólar causa dificuldades para as exportações americanas. "O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) precisa agir para que países não tirem vantagem de nosso dólar forte", completou.

Fonte: Agência Estado

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