Brasil está disposto a conversar com Opep, mas não compactua com formação de preços, diz Guedes

Publicado em 01/11/2019 14:35

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira que o Brasil "poderia até" ingressar na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mas ressaltou que a formação de preços "não faz parte do cardápio" do país e que o governo não está disposto a abrir mão de princípios democráticos.

Questionado pela imprensa se seria possível aderir à entidade sem participar de cartéis, Guedes afirmou que essa "é uma boa pergunta", sem elaborar.

"Se o Brasil é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, pode ser que, se reunindo, faça sentido o Brasil estar lá (Opep)”, afirmou Guedes, após participar, no Rio de Janeiro, de cerimônia de assinatura de termo aditivo ao contrato de cessão onerosa entre a Petrobras e a União.

"Participar da Opep como um fato de reunião de produtores é uma coisa, mas a orientação econômica (do governo brasileiro) é de remover cartéis, integrar a uma economia globalizada, permitir a prosperidade de todos os povos em vez da exploração através de cartéis."

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro disse que o país recebeu convite de um país do Oriente Médio para ingresso na Opep durante sua viagem à região nesta semana, mas que o governo ainda avalia a questão. [nE5N26H01E]

Guedes afirmou que o Brasil será o quinto produtor de petróleo do mundo e, nesse sentido, o convite da Opep "é quase inevitável". Mas, ao voltar ao tema, o ministro frisou que "muito importante são nossos princípios democráticos".

Um dia depois de o filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Flávio Bolsonaro (PSL-SP), cogitar a volta do AI-5, instrumento autoritário que marcou o endurecimento da ditadura militar, caso as esquerdas radicalizem no país, o ministro defendeu em seu discurso o fortalecimento da democracia, das instituições e a economia de mercado.

Mais tarde, perguntado diretamente por jornalistas sobre a posição do deputado federal, Guedes declarou que o Brasil é uma democracia madura e suas instituições estão sendo fortalecidas.

"Estou absolutamente convencido da nossa maturidade política, os poderes são independentes. Existem os combates e não há como negar, STF, Ministério Público com uma demarcação de território absolutamente legítima”, declarou o ministro, sem citar o filho do presidente.

REFORMAS

Guedes disse ainda que, na próxima terça-feira, irá ao Congresso junto com o presidente Bolsonaro apresentar um pacote de reformas que incluirá o novo pacto federativo, o qual, segundo ele, viabilizará a "consolidação das finanças de uma República e a co-responsabilidade fiscal".

"Somos um país que tem a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas ainda não tem a cultura e a governança que garantam fundamentos fiscais sólidos para uma república”, disse

(Por Rodrigo Viga Gaier)

Fonte: Reuters

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