Nosso partido é o Brasil, diz Bolsonaro após acirramento de crise com PSL

Publicado em 11/10/2019 17:13

ITAGUAÍ, Rio de Janeiro (Reuters) - Após os desentendimentos com o comando do PSL chegarem a novas temperaturas máximas esta semana, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que "o nosso partido é o Brasil".

Ao discursar na cerimônia de início da integração do submarino Humaitá, Bolsonaro que os inimigos internos são mais terríveis que os externos.

“O destino do nosso país quem os fará seremos todos nós, juntos e unidos, porque lá fora cada vez mais pensam em nos colocar numa situação de colonizados e não permitiremos“, disse o presidente.

“Como político eu digo: o nosso partido é o Brasil. Temos inimigos dentro e fora do Brasil e os de dentro são os mais terríveis e os de fora nós venceremos com tecnologia, disposição e meios de dissuasão“, acrescentou.

Em um tom de voz mais elevado e parecendo se dirigir ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que estava no palco principal, afirmou que trabalha para que seu sucessor no futuro receba um país melhor do que dele recebeu.

“Trabalho para que quem por ventura no futuro --de forma ética, moral e sem covardia-- venha assumir o destino da nação encontre nossa pátria numa situação bem melhor do que encontrei no corrente ano“, afirmou Bolsonaro.

Na terça-feira, o presidente chegou a falar para um apoiador esquecer seu partido, o PSL e afirmou que o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar, está "queimado para caramba". No dia seguinte, procurou minimizar a situação, afirmando que "briga de marido e mulher, de vez em quando acontece". 

Já a relação com Witzel, que se beneficiou da onda Bolsonaro para ser eleito governador no ano passado, esfriou desde que o ex-juiz deu indícios de que pretende disputar a eleição presidencial em 2022.

Previsão é de que Humaitá seja lançado no segundo semestre de 2020    
 

Em apresentação de novo submarino, Bolsonaro discursa sobre soberania

O presidente Jair Bolsonaro disse hoje (11), no Complexo Naval de Itaguaí, a 80 quilômetros do Rio de Janeiro, que não aceitará tentativas de colocar o Brasil como um país colonizado. Acompanhado de diversos ministros e do governador fluminense Wilson Witzel, ele participou da cerimônia que marcou uma das últimas etapas de construção do novo submarino brasileiro, nomeado Humaitá ou SBR-2.

"Lá fora, estão cada vez mais tentando nos colocar em uma situação de colonizados. Não permitiremos isso", disse em seu breve pronunciamento. O presidente também fez menção ao discurso proferido na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada no mês passado.

"O Brasil sofria um ataque sobre a dúvida da nossa soberania na Amazônia e eu tive a grata satisfação de falar na ONU, para todo o mundo, que a Amazônia é nossa. É patrimônio do Brasil. Para nós garantirmos isso, precisamos de meios e de homens e mulheres preparados, abnegados e com vontade cada vez mais de servir à nossa pátria. O destino do Brasil, quem o fará seremos todos nós juntos e unidos", disse.

O presidente Jair Bolsonaro, recebe miniatura do submarino durante cerimônia de conclusão do processo de união das partes do Submarino Humaitá, na Base de Submarinos de Itaguaí - Tomaz Silva/Agência Brasil

No pronunciamento, Bolsonaro também disse que o Brasil tem inimigos internos e externos. "Os de dentro são os mais terríveis. Os de fora nós venceremos com tecnologia e disposição e meios de dissuasão", avaliou. O presidente afirmou que espera deixar o país melhor do que encontrou ao assumir seu mandato. "Nosso partido é o Brasil", acrescentou. A afirmação ocorre em meio a notícias de que o presidente poderia deixar seu partido, o PSL, por desgaste na relação com dirigentes nacionais da sigla.

Submarino

Na cerimônia, as partes do casco do submarino Humaitá foram integradas. A próxima etapa de construção envolve a conexão de 80 quilômetros de cabos elétricos e lógicos. A previsão é de que, no segundo semestre do próximo ano, ele seja lançado ao mar para a fase de testes.

O Humaitá é o segundo dos quatro submarinos com propulsão diesel-elétrica planejados para atuar na defesa da costa brasileira. Eles estão previstos no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), lançado em 2008, que prevê ao todo um investimento de R$35 bilhões.

Para a construção das embarcações, são priorizados componentes fabricados no Brasil. Segundo a Marinha, o Prosub fortalece diversos setores industriais de importância estratégica para o desenvolvimento nacional.

Também está nos planos a construção de um quinto submarino, que terá propulsão nuclear. Sua entrega é prevista para 2029. Atualmente, apenas seis países constroem e operam submarinos com propulsão nuclear: Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Índia. Para entrar nesse seleto grupo, o Brasil fechou um acordo com a França, o único país que concordou com a transferência de tecnologia no nível demandado e com a capacitação de trabalhadores brasileiros.

O primeiro submarino do Prosub, nomeado Riachuelo, já foi lançado ao mar e iniciará uma fase de testes ainda este ano. Os outros dois com propulsão diesel-elétrica, o Tonelero e o Angostura, têm entrega prevista respectivamente para 2022 e 2023.

Bolsonaro visita países do Oriente Médio em busca de investimentos

O secretário de Negociações Bilaterais do Ministério da Relações Exteriores, embaixador Kenneth Félix da Nóbrega, disse que o presidente Jair Bolsonaro vai apresentar, no final deste mês, a grandes investidores dos Emirados Árabes Unidos, do Catar e da Arábia Saudita uma carteira de projetos e obras de infraestrutura que podem interessar aos países árabes.

Em entrevista nessa quinta-feira (10), o embaixador, responsável pelas áreas do Oriente Médio, Europa e África do ministério, informou que presidente Bolsonaro vai visitar os Emirados Árabes Unidos no dia 27 de outubro; no dia 28, o Catar; nos dias 29 e 30, ele concluirá a visita à região na Arábia Saudita.

Segundo o embaixador, mais de 120 empresários já se inscreveram para participar da comitiva. Oito ministros acompanharão o presidente Bolsonaro.

Ele informou que o Brasil pretende apresentar, durante seminários empresariais, o programa de parcerias e concessões com o setor privado, que devem exigir investimentos de até R$ 1,2 trilhão.

Para Nóbrega, o Brasil precisa participar, como agente receptor, do programa de investimento dos fundos soberanos do Oriente Médio. Hoje, segundo ele, o país recebe apenas US$ 5 bilhões do Fundo Soberano dos Emirados Árabes Unidos, que tem o montante total de investimentos equivalente a US$ 1 trilhão. Do fundo soberano do Catar e seus US$ 540 bilhões, recebe apenas US$ 5 bilhões. E, por último, o Brasil é receptor de fração muito pequena do fundo soberano de US$ 850 bilhões da Arábia Saudita.

 

Fonte: Reuters/Agência Brasil

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Conquista da FPA, FIAGROS têm regulamentação definitiva publicada
S&P 500 atinge recorde de fechamento depois de cair com fala de Powell
Dólar tem leve alta ante real em dia de disputa pela Ptax e de avanço no exterior
Ibovespa fecha em queda liderado por tombo de 8% de Assaí
Taxas futuras de juros sobem em sintonia com Treasuries após fala de Powell
Chair do Fed diz que juros atingirão nível neutro "com o tempo", não em trajetória definido com antecedência