Wall Street recua, documento de delator amplia cautela de investidores

Publicado em 26/09/2019 20:27

NOVA YORK (Reuters) - índices de Wall Street derraparam nesta quinta-feira, à medida que a divulgação de um relatório de denúncias vinculado ao processo de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manteve o nível de incerteza alto, embora comentários de um importante diplomata chinês tenham limitado as perdas.

O Dow Jones <.DJI> caiu 0,3%, para 26.891,12 pontos. O S&P 500 <.SPX> recuou 0,24%, para 2.977,62 pontos, enquanto o Nasdaq Composto <.IXIC> teve baixa de 0,58%, a 8.030,66 pontos.

O S&P 500 operou em alta brevemente na parte final da sessão, após o assessor de Estado e ministro das Relações Exteriores da China declarar que o país está disposto a comprar mais produtos dos EUA. Em resposta a questões da Reuters, Wang Yi disse que o governo Trump mostrou boa vontade ao conceder isenções tarifárias a diversos produtos chineses.

No início do dia, um documento divulgado mostrou a alegação de um delator de que Trump não apenas abusou de seu cargo ao solicitar interferência estrangeira nas eleições norte-americanas de 2020, mas também que a Casa Branca tentou "esconder" evidências da conduta. O relatório é visto como fundamental para o inquérito de impeachment apoiado pelos democratas.

O esforço para o impeachment somou-se à volatilidade observada no mercado recentemente.

Para o mercado, "a possibilidade de isso se tornar algo mais depende de como os consumidores responderão. Sem isso, provavelmente é apenas volatilidade de curto prazo, nada mais", disse Willie Delwiche, estrategista de investimentos da Robert W. Baird.

O Facebook <FB.O> esteve entre as principais influências negativas no S&P 500, recuando 1,5% depois de uma fonte familiarizada ao assunto dizer à Reuters que o Departamento de Justiça dos EUA abrirá uma investigação antitruste sobre a companhia.

Trump busca fontes de delator e fala em traição, dizem jornais

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse a funcionários da missão norte-americana na Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira que quer saber quem forneceu informações de sua conversa telefônica com o presidente ucraniano a um delator, comparando-o a um espião, noticiaram dois jornais.

"Quero saber quem é a pessoa que deu ao delator as informações, porque isso é quase um espião", disse Trump, segundo citações do New York Times e do Los Angeles Times.

    "Vocês sabem o que costumávamos fazer antigamente quando éramos espertos? Certo? Os espiões e a traição, costumávamos lidar com isso um pouco diferente de como lidamos hoje", disse, de acordo com o Los Angeles Times.

     O jornal de Los Angeles disse que recebeu uma gravação dos comentários de Trump de uma pessoa que compareceu ao evento em Nova York. O New York Times disse que sua fonte foi inteirada dos comentários e tomou notas.

    Trump falou nesta quinta-feira, quando um comitê da Câmara dos Deputados ouviu o depoimento do diretor interino de Inteligência Nacional sobre a queixa de um delator a respeito dos esforços de Trump para solicitar a ajuda do governo ucraniano para investigar o pré-candidato presidencial democrata Joe Biden, cujo filho trabalhou na Ucrânia.

    Ao voltar à região de Washington mais tarde, Trump criticou de forma irritada a audiência liderada por democratas, que qualificou como uma caça às bruxas.          

    O relatório do delator desencadeou uma controvérsia e levou a democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados, a iniciar um inquérito formal de impeachment do presidente republicano.

Documento de delator descreve que Casa Branca tentou acobertar escândalo envolvendo Trump e Ucrânia

WASHINGTON, 26 Set (Reuters) - Um relatório de um delator divulgado nesta quinta-feira afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não só abusou do cargo para tentar solicitar interferência da Ucrânia na eleição presidencial de 2020 para benefício político próprio, mas que a Casa Branca também tentou "encobrir" evidências sobre a conduta de Trump.

O Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, liderado pelo Partido Democrata, divulgou uma versão não confidencial do relatório, que havia gerado uma furiosa controvérsia e feito com que a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, iniciasse na terça-feira uma investigação formal de impeachment contra Trump.

O relatório afirmou que Trump agiu de acordo com seus próprios interesses políticos, arriscando a segurança nacional, e que autoridades da Casa Branca intervieram para transferir evidências para um sistema eletrônico separado.

"Isto é um acobertamento", disse Pelosi. "O presidente esteve envolvido em um acobertamento o tempo todo."

Trump nega qualquer ato irregular.

De acordo com uma transcrição de uma ligação telefônica de 25 de julho, central à queixa do delator, Trump pressionou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, a investigar o pré-candidato democrata líder nas pesquisas para 2020, o ex-vice-presidente Joe Biden.

A ação de Trump foi coordenada com o secretário de Justiça dos EUA, William Barr, e com seu advogado pessoal, Rudy Giuliani. Uma transcrição da ligação foi divulgada pelo governo Trump na quarta-feira.

O relatório do delator, citando diversas autoridades norte-americanas, afirmou que autoridades sêniores da Casa Branca intervieram para "encobrir" registros da ligação, especialmente a transcrição oficial palavra por palavra.

"Em vez disso, a transcrição foi carregada em um sistema eletrônico separado, que é usado para armazenar e gerenciar informações confidenciais de uma natureza especialmente sensível", segundo o relatório.

"Uma autoridade da Casa Branca descreveu este ato como um abuso deste sistema eletrônico porque a ligação não possuía nada remotamente sensível dentro de uma perspectiva de segurança nacional."

Democratas acusam Trump de pedir a um outro país para manchar a reputação de um rival político interno. A controvérsia envolvendo a Ucrânia corre depois de conclusões da inteligência norte-americana de que a Rússia interferiu na eleição norte-americana de 2016 com uma campanha de hackeamentos e propagandas para impulsionar a candidatura de Trump.

Durante audiência de três horas do Comitê de Inteligência, a autoridade mais alta da inteligência dos EUA, o diretor em exercício da Inteligência Nacional, Joseph Maguire, afirmou que o delator havia agido de boa fé e seguido a lei ao apresentar a queixa, que tinha data de 12 de agosto.

A ligação a Zelenskiy ocorreu após Trump ordenar o congelamento de quase 400 milhões de dólares em ajuda norte-americana à Ucrânia, que o governo só liberou posteriormente. Antes da ligação, o governo da Ucrânia havia recebido informação de que a interação entre Zelenskiy e Trump dependia do fato de o líder ucraniano "entrar no jogo", segundo o delator.

A identidade do delator, uma pessoa dentro da comunidade da inteligência dos EUA, não foi divulgada publicamente. No relatório, o delator afirmou que "não era uma testemunha direta da maior parte dos eventos descritos" e se baseou em informações de colegas.

Fonte: Reuters

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