Ibovespa ultrapassa 105 mil pontos, com apoio de bancos; divida pública supera R$ 4 tri

Publicado em 26/09/2019 17:14

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, acima dos 105 mil pontos, com bancos entre os principais suportes, em sessão marcada por sinais benignos do Banco Central sobre inflação e câmbio no Brasil e noticiário externo misto em relação às negociações comerciais entre Estados Unidos e China.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,8%, a 105.319,40 pontos. O volume financeiro da sessão atingiu 13,7 bilhões de reais.

Para o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, a alta encontrou apoio em comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que sinalizou tranquilidade da autoridade monetária em relação à inflação e à alta do dólar.

Campos Neto avaliou que a alta recente do dólar frente ao real não veio acompanhada de elevação do prêmio de risco e pontuou que o importante para o BC é quando há impacto do câmbio nos canais de inflação.

Também ajudou a bolsa, na visão do analista, a indicação de alinhamento entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, "favorecendo o otimismo com o sucesso na implementação da agenda de reformas".

O Ibovespa firmou-se no azul após uma manhã sem tendência clara, diante do noticiário misto sobre as negociações entre Estados Unidos e China, que têm adicionado volatilidade.

O governo chinês disse que os dois países estão se preparando para garantirem "progresso positivo" nas negociações em outubro e o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, destacou que movimentos da China nos mercados de commodities têm sido "muito positivos".

Em paralelo, contudo, a agência Bloomberg noticiou que os EUA não devem prorrogar autorização temporária para que empresas norte-americanas atuem como fornecedoras à chinesa Huawei, que desde maio foi incluída em uma lista negra dos EUA.

Além dos sinais contraditórios nesse tema, o ânimo no pregão brasileiro também encontrou freio em incertezas ligadas aos desdobramentos do pedido de impeachment do presidente norte-americano, Donald Trump.

Em Wall Street, o S&P 500 cedeu 0,23% e o Dow Jones caiu 0,28%. O Nasdaq perdeu 0,57%.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN subiu 2,88%. BRADESCO PN teve alta de 1,44%. Operadores citaram fluxo de estrangeiro nos papéis. No mês, as ações dos maiores bancos privados do país acumulam alta de cerca de 5% cada. SANTANDER BRASIL avançou 1,12% na sessão.

- BANCO DO BRASIL ON teve acréscimo de 0,37%, um dia após divulgar aval de acionistas para vender até 64 milhões de ações que estão em tesouraria, operação de quase 3 bilhões de reais. A assembleia ainda aprovou a adesão a uma eventual oferta secundária de ações que estão com FI-FGTS.

- BB SEGURIDADE ON subiu 2,07%, após o conselho de administração aprovar proposta para redução de 2,7 bilhões de reais do capital social. Como consequência, os acionistas receberão 1,35 real por ação.

- CYRELA ON avançou 2,62% e MRV ON ganhou 1,09%, em sessão positiva do setor imobiliário. Dados da Abecip mostraram que o financiamento imobiliário com recursos da poupança atingiu 6,71 bilhões de reais em agosto, alta de 18,4% ante mesmo mês de 2018.

- VIA VAREJO ON subiu 2,88%, tendo de pano de fundo declarações do maior acionista e presidente do conselho de administração da varejista, Michael Klein, de que considera a venda da operação do Extra.com, e reativar operações próprias de crediário usando a infraestrutura digital do BanQi.

- BRF caiu 1,43%, em sessão negativa do setor de carnes após altas recentes. MARFRIG ON desvalorizou-se 2,76% e JBS ON cedeu 1,2%. No ano, esses papéis acumulam elevação de 80% a 180%.

- EMBRAER ON recuou 2,15%, em meio a receios de atraso na conclusão do acordo com a Boeing, após indicação da União Europeia de que vai iniciar uma avaliação aprofundada sobre a operação na qual a norte-americana assumirá o controle da divisão comercial da fabricante brasileira de aviões.

Dívida pública cresce 2% em agosto e passa de R$ 4 tri

BRASÍLIA (Reuters) - A dívida pública federal do Brasil cresceu 2,03% em agosto sobre julho, ultrapassando a barreira dos 4 trilhões de reais pela primeira vez, mas ainda fora do piso estabelecido pelo governo como meta para o ano.

Segundo o Tesouro Nacional informou nesta quinta-feira, a dívida chegou a 4,074 trilhões de reais no último mês. Para 2019, a meta no Plano Anual de Financiamento (PAF) é de um estoque da dívida entre 4,1 trilhões a 4,3 trilhões de reais.

Entre agosto e julho, a dívida pública mobiliária interna teve alta de 1,74%, a 3,913 trilhões de reais, em função da emissão líquida de 39,94 bilhões de reais e apropriação positiva de juros de 27,02 bilhões de reais.

Já a dívida externa saltou 9,55%, encerrando o mês em 160,87 bilhões de reais.

Em agosto, o dólar teve valorização de 8,51%, num período marcado por grande volatilidade nos mercados domésticos de câmbio, tendo de pano de fundo as disputas comercias entre EUA e China, as incertezas político-econômicas na Argentina, além das novas atuações do Banco Central no mercado com leilões de swap reverso e venda de dólar à vista.

COMPOSIÇÃO

Em agosto, os títulos remunerados por taxa flutuante continuaram com maior peso na dívida, a 38,35% do total, sobre 38,37% em julho. Para o ano, a meta é de 38% a 42%.

Já os títulos prefixados avançaram a 31,44% da dívida, ante 31,05% no mês anterior, e uma meta de 29% a 33% para 2019.

Os papéis indexados à inflação, por sua vez, diminuíram sua representatividade a 26,06% da dívida total, ante 26,73% em julho, sendo que a referência para este ano é de 24% a 28%.

Os títulos atrelados ao câmbio subiram a 4,15% da dívida, contra 3,85% em julho, mas ainda dentro da banda de 3% a 7% para 2019.

No relatório mensal da dívida, o Tesouro também informou que a participação dos investidores estrangeiros na dívida mobiliária interna caiu a 12,14% em agosto, sobre 12,31% em julho.

Fonte: Reuters

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