Alta no petróleo após ataque a sauditas testa política de preços da Petrobras, diz UBS
A disparada dos preços do petróleo nesta segunda-feira, na sequência de ataques durante o fim de semana a instalações da Saudi Aramco na Arábia Saudita, será um "teste significativo" para a política de preços da Petrobras para o diesel e a gasolina, disseram analistas do UBS em relatório.
O barril do petróleo Brent, referência internacional, operava em alta de quase 11% na manhã desta segunda-feira, após ter chegado a subir quase 20% mais cedo, antes de os Estados Unidos anunciarem que podem liberar as Reservas Estratégicas de Petróleo caso necessário, aliviando o movimento nas cotações.
"Um dos maiores dilemas para investidores sobre a Petrobras está relacionado à sua capacidade de seguir as variações internacionais de preço e a volatilidade do câmbio. Nós agora vemos uma situação desafiadora para a companhia, uma vez que esperamos que o petróleo salte e o real potencialmente se deprecie", escreveram os analistas no documento, publicado no domingo.
"Ao longo dos últimos anos, nós temos visto diversos exemplos em que a companhia não foi capaz de seguir os preços internacionais, levando a perdas significativas no negócio de refino. A atual gestão tem conseguido implementar uma estratégia de sucesso até o momento, e esse evento pode ser um importante teste sobre quão sólida é a política (de preços)", acrescentaram.
A política da Petrobras leva em conta os preços internacionais do petróleo e a variação cambial, embora a companhia não trabalhe mais com uma periodicidade definida para os reajustes da gasolina e do diesel, combustível mais utilizado do Brasil, cuja cotação frequentemente causa insatisfação em caminhoneiros.
Em maio do ano passado, altos preços do diesel levaram a uma paralisação histórica de caminhoneiros no Brasil, ainda durante a gestão Michel Temer.
Neste ano, já no governo Jair Bolsonaro, o presidente chegou a ligar para o CEO da Petrobras, Roberto Castello Branco, para pedir explicações sobre um reajuste do diesel em abril, citando temores de nova greve dos caminhoneiros. Na ocasião, a empresa suspendeu o aumento na cotação, mas garantiu que a política de preços não mudaria.
Os analistas do UBS afirmaram que um forte reajuste da gasolina e do diesel para seguir as cotações internacionais agora "poderia disparar uma reação de outras áreas da economia, como caminhoneiros".
Segundo eles, uma eventual decisão da companhia de segurar os preços domésticos prejudicaria a capacidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de vender sua fatia na estatal e geraria desafios também à negociação de refinarias da companhia incluídas no plano de desinvestimentos da estatal.
Procurada, a Petrobras não respondeu de imediato a um pedido de comentários sobre o relatório do UBS.
A companhia iniciou na semana passada processo para venda de quatro refinarias, enquanto outras quatro unidades de refino já haviam sido colocadas no mercado anteriormente.
Os ataques na Arábia Saudita, no sábado, retiraram de operação 5,7 milhões de barris por dia em capacidade da estatal Saudi Aramco. O grupo Houthi, do Iêmen, assumiu responsabilidade pela ação, mas os Estados Unidos têm culpado o Irã pelo movimento.
(Por Luciano Costa)
Preço do petróleo tem maior alta desde a Guerra do Golfo após ataques na Arábia Saudita
O preço do petróleo disparou nesta segunda-feira (16) em Londres após os ataques do fim semana contra instalações da petroleira Aramco, na Arábia Saudita, que provocaram a redução à metade da produção do maior exportador mundial.
Às 9h30 GMT (6h30 de Brasília), o barril de Brent do Mar do Norte, referência na Europa, para entrega em novembro registrava alta de 9,52% na comparação com sexta-feira, sendo negociado a US$ 65,97 no Intercontinental Exchange (ICE) de Londres. Ao mesmo tempo, o barril de "light sweet crude" (WTI) para o contrato de outubro subia 8,71%, a US$ 59,63, no New York Mercantile Exchange (Nymex).
Na abertura do mercado, a cotação do barril disparou 19,5%, para US$ 71,95, a maior alta intradia desde 14 de janeiro de 1991, durante a guerra do Golfo, segundo a agência Reuters.
Os Estados Unidos acusaram o Irã pelo ataque, dizendo que não há evidências de que eles partiram do Iêmen. O Irã rebateu as acusações e acusou os Estados Unidos de buscarem um pretexto para retaliar o país.
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