Brasil e Argentina vão fechar acordo automotivo que prevê livre comércio em 2029

Publicado em 06/09/2019 10:21

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - Brasil e Argentina deverão assinar nesta sexta-feira um novo acordo automotivo que prevê livre comércio sem condicionantes a partir de julho de 2029, e o aumento gradual da relação entre importações e exportações até lá, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.

Pelo acordo atual, que tem vigência até junho de 2020, cada 1 dólar importado da Argentina permitia exportação de 1,5 dólar do Brasil para o vizinho do Mercosul sem incidência de tributação.

Sob o novo acordo, essa relação, conhecida como flex, passa imediatamente a 1,7 até junho de 2020. Daí em diante, obedecerá uma escala, até chegar a 3,0 a partir de julho de 2028 a junho de 2029, disse a fonte, sob condição de anonimato.

O novo acordo, que será celebrado nesta tarde no Rio de Janeiro pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo ministro de Produção e Trabalho da Argentina, Dante Sica, também irá estabelecer tratamento diferenciado para veículos híbridos, elétricos e para automóveis com maior conteúdo tecnológico, instituindo condições mais flexíveis para seu comércio.

De acordo com a fonte, o desenho do acordo está sendo trabalhado desde o início do governo, uma vez que mais de 40% do comércio entre Brasil e Argentina é automotivo.

A mesma fonte destacou que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia fechado mais cedo neste ano também embalou as negociações, ao determinar uma cronologia clara para o livre comércio automotivo, a ser alcançado ao cabo de 15 anos.

O quadro acabou fazendo com que a Argentina sentasse à mesa para discutir um livre comércio sem a exigência de condicionantes.

"Se você consegue fazer isso antes do seu entendimento com a Argentina, que é o que nós conseguimos fazer, você força os argentinos também a não exigirem mais condicionantes, porque senão você teria regime bizarro que é ter algo acordado com a União Europeia e não ter algo com seu principal parceiro comercial que é o Brasil", disse.

Veja abaixo a previsão do aumento da relação flex dentro do novo acordo enquanto o livre comércio não entrar em vigor:

julho/2015 a junho/2020: 1,7

julho/2020 a junho/2023: 1,8

julho/2023 a junho/2025: 1,9

julho/2025 a junho/2027: 2,0

julho/2027 a junho/2028: 2,5

julho/2028 a junho/2029: 3,0

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Minério de ferro alcança máxima de quase 3 meses com novo estímulo imobiliário da China
Indústria da China encolhe em setembro, setor de serviços perde força, mostram PMIs
Reino Unido revisa para baixo crescimento econômico no 2º tri, mas sinais de força permanecem
Índices da China alcançam maiores ganhos diários desde 2008 com estímulo de Pequim
Ibovespa tem leve recuo, mas sela ganho semanal apoiado em estímulos na China
Dólar à vista fecha em baixa de 0,16%, a R$5,4363 na venda