"Governo chinês está movendo tropas para a fronteira com Hong Kong”, diz Trump

Publicado em 13/08/2019 23:22
Trump espera que situação “complicada” de Hong Kong termine “a favor da liberdade"

MORRISTOWN, Estados Unidos (Reuters) - O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira que a situação em Hong Kong é complicada, mas que espera que termine sem feridos ou mortos. 

Trump citou inteligência americana dizendo que o governo da China está movendo tropas para a fronteira com Hong Kong e pediu calma, enquanto seguem os conflitos entre manifestantes e autoridades na antiga colônia britânica. 

Não ficou imediatamente claro se Trump se referiu a novas movimentações de tropas ou as que já haviam sido publicadas pela imprensa. "Nossa inteligência nos informou que o governo chinês está movendo tropas à fronteira com Hong Kong. Todos devem ficar calmos e seguros", tuitou. 

"O negócio de Hong Kong é uma situação bem difícil - bem difícil", Trump disse a repórteres, mais cedo, durante visita a Morristown, Nova Jérsei. "Vamos ver o que acontece". 

"É uma situação muito complicada. Acho que se resolverá e espero que se resolva a favor da liberdade. Espero que se resolva bem para todos, incluindo a China", disse Trump. "Espero que se resolva pacificamente. Espero que ninguém se machuque. Espero que ninguém seja morto". 

O Departamento de Estados dos EUA disse que o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o principal diplomata chinês, Yang Jiechi "tiveram uma extensa troca de visões sobre as relações entre China e EUA", nesta terça-feira. A reunião aconteceu em Nova York, mas não entrou em detalhes sobre ela.  

A imprensa estatal da China publicou esta semana que o país asiático está reunindo a Polícia Armada do Povo e conduzindo exercícios na cidade próxima de Shenzhen, aumentando o temor de que Pequim possa intervir para reprimir os protestos. 

A guarnição do Exército da Liberação do Povo em Hong Kong publicou um vídeo recente mostrando tropas conduzindo exercícios anti-tumultos contra manifestantes e seu principal comandante na cidade alertando que a violência é absolutamente inadmissível. 

Na terça-feira, oficiais americanos disseram à Reuters que a China negou o pedido para que dois navios da marinha dos EUA visitassem Hong Kong nas próximas semanas. Os oficiais afirmaram que, embora os motivos da recusa não tenham sido especificados, esse tipo de resposta não é sem precedentes. 

A última vez que a China negou uma visita a Hong Kong pelo mar foi para o navio de assalto Wasp, em setembro de 2018.

Manifestantes protestam em Hong KongProtestos ocorrem em paralelo à guerra comercial entre China e EUA (REUTERS/Tyrone Siu)
    

Custo de vida aumenta insatisfação em Hong Kong, diz especialista

Os protestos que ocorrem há dois meses em Honk Kong, e que nos últimos dois dias ocuparam o aeroporto internacional da cidade, podem ter outra motivação além do temor de diminuição da liberdade da população.

Junto com a intensificação da influência decisória da China sobre a “região administrativa especial”, o aumento do custo de vida pode também ser um fator que tem mobilizado, especialmente, os jovens contra o governo local e o governo em Pequim.

“Existe uma insatisfação da população mais jovem em relação à situação econômica em Hong Kong. Eles consideram que o salário não é satisfatório”, avalia o especialista em Ásia Alexandre Ratsuo Uehara, coordenador acadêmico do Centro Brasileiro de Estudos de Negócios Internacionais & Diplomacia Corporativa da ESPM.

Segundo Uehara, "em Hong Kong, a renda per capita é elevada, mas o custo de vida subiu nos últimos anos. As pessoas têm nível educacional bastante bom, mas o salário não tem se elevado na medida da expectativa”.

Guerra comercial

O especialista também chama atenção para o fato que os protestos em Hong Kong ocorrem em paralelo à guerra comercial entre China e os Estados Unidos. “Uma parcela das operações comerciais da China se faz por Hong Kong”, explica Uehara. Conforme a Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2018, Hong Kong destinou 8,1% das suas exportações para os EUA.

O especialista acrescenta que os norte-americanos temem que o Pequim intervenha diretamente sobre a região. “Isso poderia gerar mais protestos, inclusive dos Estados Unidos e aumentar a escala de tensão”.

O presidente dos EUA, Donald Trump, compartilhou mensagem em rede social na tarde desta terça-feira (14h17) descrevendo que os serviços de inteligência norte-americanos teriam informado que  "o governo chinês está movendo tropas para a fronteira com Hong Kong”. De acordo com Trump, “todos devem ficar calmos e seguros!”

Além de ser um dos centros financeiros mais importantes do mundo, por onde se transaciona grande parte do fluxo financeiro da Ásia, Hong Kong é um importante exportador de equipamentos elétricos e eletrônicos e de telefonia.

Hong Kong fica no sudeste da China e tem uma área de 1.104 km², cerca de um quinto do tamanho Distrito Federal, onde está Brasília. A população estimada é de 7,3 milhões de habitantes.

Desde que a China, em 1998, recuperou a soberania sobre o território, a região goza de status político e administrativo especial, do princípio “Um País, Dois Sistemas”, conforme descreve o Ministério das Relações Exteriores.

Protestos, Hong Kong.  REUTERS/James Pomfret
Protestos, Hong Kong. REUTERS/James Pomfret - REUTERS/James Pomfret/Direitos Reservados

Depois da tentativa de acabar com os protestos no Aeroporto Internacional de Hong Kong, o governo local divulgou nota afirmando que a polícia interveio após pedido da administração aeroportuária, e que os manifestantes “agrediram um viajante e um repórter, bem como impediram uma equipe de ambulância de levar o viajante ao hospital”.

Mais cedo, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, divulgou nota condenando qualquer forma de violência ou destruição de propriedade e pedindo que as manifestações ocorressem de maneira pacífica.

Chefe administrativo chinês diz que parar violência é tarefa mais urgente em Hong Kong (Xinhua)

Hong Kong, 13 ago (Xinhua) -- A chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK), no sul da China, Carrie Lam, disse nesta terça-feira que a tarefa mais urgente para Hong Kong agora é parar a violência e proteger o Estado de direito a fim de prevenir a região de afundar em "um abismo e ser esmagada em pedaços."

O vandalismo espalhou-se em Hong Kong durante a última semana, com ferrovias e túneis bloqueados através do porto, aeroporto paralisado e estações de polícia cercadas em vários distritos, afetando a vida cotidiana de pessoas comuns, declarou Lam antes da conferência do Conselho Executivo da RAEHK.

Ela destacou que algumas pessoas, em nome de liberdade ou justiça, têm na realidade cometido vandalismo e prejudicado o Estado de direito, jogando Hong Kong em um estado de pânico.

A chefe do Executivo expressou repúdio aos ataques contra instituições de aplicação da lei, incluindo a polícia e até as famílias de oficiais da corporação.

Se a violência persistir, levará um longo tempo para que a abertura, a liberdade, a inclusividade e a estabilidade econômica em Hong Kong sejam restauradas, apontou Lam. Ela salientou que isso também prejudica a estabilidade da vida de sete milhões de residentes.

"A única coisa que precisamos fazer agora é resistir à violência, manter o Estado de direito e recuperar a ordem social. Somente quando todos se acalmarem, começarão o diálogo verdadeiro, o fim da divisão e a restauração da harmonia social", afirmou Lam.

Polícia de Hong Kong prende 149 pessoas durante protestos nos últimos dias

Hong Kong, 13 ago (Xinhua) -- A polícia de Hong Kong disse na segunda-feira que já prendeu 149 pessoas durante a série de protestos violentos nos últimos dias.

Em coletiva de imprensa, o vice-comissário Tang Ping-keung disse que, na série de protestos, manifestantes radicais agiram de forma ilegal e causaram violências escaladas. Eles espalharam atos violentos por toda Hong Kong, levando graves inconvenientes para a vida cotidiana dos cidadãos comuns e ameaças à segurança do povo.

De 9 e 12 de agosto, 111 homens e 38 mulheres de 15 a 53 anos foram presos sob suspeita de crimes como assembleia ilegal, agressão a policiais, obstrução do dever da polícia e posse de armas ofensivas e objetos perigosos.

Tang disse que, em 11 de agosto, algumas pessoas ignoraram a objeção da polícia e se envolveram em manifestações não autorizadas. Alguns dos manifestantes foram depois para lugares diferentes por toda Hong Kong e bloquearam as principais avenidas e vias de comunicação, cercaram delegacias e danificaram viaturas.

Em Tsim Sha Tsui, na península de Kowloon, uma aglomeração jogou bombas de gasolina na delegacia, queimando as pernas de um policial.

A polícia disse que alguns manifestantes estavam envolvidos em atividades extremamente violentas e que por isso realizou operações de inteligência e prendeu 15 membros centrais das aglomerações em 11 de agosto em Causeway Bay, na ilha de Hong Kong.

Tang pediu aos manifestantes que parem de usar a violência para perturbar a ordem social de Hong Kong e espera que a sociedade de Hong Kong possa em breve restaurar a calma.

Hong Kong cancela todos os voos devido às perturbações causadas por manifestantes

Hong Kong, 12 ago (Xinhua) -- Todos os voos de entrada e saída para a Região Administrativa Especial de Hong Kong da China foram cancelados nesta segunda-feira devido a um protesto no Aeroporto Internacional de Hong Kong, segundo a autoridade aeroportuária local.

Todos os serviços de check-in foram suspensos, informou a autoridade local em uma declaração na segunda-feira à tarde, acrescentando que os voos que já haviam concluído os procedimentos de check-in e os voos que estão no curso rumo a Hong Kong foram excluídos da suspensão.

A Autoridade Aeroportuária de Hong Kong disse que foi lançado um centro de gerenciamento de emergência no aeroporto e que ela está mantendo contato próximo com as companhias aéreas para tentar retomar a operação o mais rápido possível.

A autoridade local também aconselhou o público a evitar viagens ao aeroporto, alegando congestionamento e estacionamento lotado.

Quatro serviços de ônibus ao aeroporto mudaram de rota e uma estação de ônibus no aeroporto foi fechada, de acordo com a autoridade local de trânsito.

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Fonte:
Reuters/Agencia Brasil/Xinhua

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