Macri diz ter confiança de reverter derrota de domingo após peso despencar com resultados das primárias

Publicado em 13/08/2019 06:37

BUENOS AIRES (Reuters) - O presidente argentino, Mauricio Macri, disse nesta segunda-feira que espera "reverter a eleição ruim de ontem", depois que a oposição conseguiu uma expressiva e surpreendente vantagem nas primárias, fato que derrubou as ações e a moeda da Argentina.  

Macri culpou a oposição de centro-esquerda pela queda nos índices financeiros, dizendo que o candidato peronista Alberto Fernández não inspira confiança nos investidores. 

As ações e o peso despencaram 30% nesta segunda, com temores de um possível retorno às políticas intervencionistas, depois que o ortodoxo Macri perdeu por uma margem muito maior do que a esperada para a oposição nas primárias presidenciais.

O peso recuperou parte das perdas, negociado a 52,15 por dólar, depois de ter caído para uma mínima histórica de 61,99 por dólar. O banco central vendeu 105 milhões de dólares de suas próprias reservas, que não eram usadas desde setembro do ano passado, para defender a taxa de câmbio. 

O principal índice de ações do país registrou a maior queda de sua história, com todos os componentes no vermelho, enquanto o custo de proteção contra um calote da dívida soberana da Argentina disparou quase 1.000 pontos-base.

"Confio que vamos reverter esse resultado ruim de ontem e que vamos ter uma eleição mais parelha em outubro que irá permitir que cheguemos ao segundo turno", disse o presidente em uma coletiva de imprensa. 

Com 98,7% das urnas apuradas, a coalizão Frente de Todos, de Fernández, tinha conseguido 47,7% dos votos, contra 32,1% do Juntos pela Mudança, de Macri, segundo a contagem oficial.

Fernández disse que buscaria "retrabalhar" o acordo de 57 bilhões de dólares da Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma porta-voz do FMI se recusou a comentar o resultado das eleições primárias argentinas, citando uma política de não comentar sobre desdobramentos políticos. 

Apesar das dificuldades de Macri para endireitar a economia do país sul-americano, investidores vêem a candidatura de Fernández como uma perspectiva mais arriscada. 

Macri, herdeiro de uma das famílias mais ricas da Argentina, chegou ao poder em 2015 com promessas de recuperar a terceira maior economia da América Latina com uma onda de medidas liberais. 

Mas a prometida recuperação não se materializou, e a Argentina passa por recessão com uma inflação acima de 55%. 

Uma grave crise financeira no ano passado atingiu o peso e forçou Macri a tomar um empréstimo no FMI em troca da promessa de equilibrar o déficit público argentino. 

O resultado de domingo indica que Fernández tem apoio suficiente para garantir a vitória eleitoral no primeiro turno em outubro, sem precisar do segundo turno em novembro. 

Um candidato precisa de ao menos 45% dos votos, ou 40% e uma diferença de 10 pontos percentuais sobre o segundo colocado para assegurar uma vitória já no primeiro turno. 

Ações e moeda argentinas desabam 30% com queda em chance de reeleição de Macri

BUENOS AIRES (Reuters) - As ações e a moeda da Argentina despencaram 30% nesta segunda-feira, com temores de um possível retorno às políticas intervencionistas, depois que o ortodoxo presidente Mauricio Macri perdeu por uma margem muito maior do que a esperada para a oposição nas primárias presidenciais.

O peso recuperou parte das perdas, negociado a 52,15 por dólar, depois de ter caído para uma mínima histórica de 61,99 por dólar. O banco central vendeu 50 milhões de dólares de suas próprias reservas para defender a taxa de câmbio.

O principal índice de ações do país registrou a maior queda de sua história, com todos os componentes no vermelho, enquanto o custo de proteção contra um calote da dívida soberana da Argentina disparou quase 1.000 pontos-base.

Desafiando expectativas, o candidato de oposição Alberto Fernández --cuja companheira de chapa é a ex-presidente Cristina Kirchner-- dominou as primárias com uma margem maior do que a esperada, de 15,5 pontos percentuais, comprometendo as chances de reeleição de Macri.

Fernández disse que buscará "retrabalhar" o acordo do tipo standby de 57 bilhões de dólares da Argentina com o Fundo Monetário Internacional (FMI) se vencer a eleição geral de outubro.

A preocupação do mercado é que haja descontinuidade da atual política e volta do intervencionismo, conforme experimentado anteriormente pelo governo de Kirchner.

A vitória dos peronistas Fernández e Kirchner "abre caminho para o retorno do populismo de esquerda que muitos investidores temem", disse a consultoria Capital Economics em nota.

"O que não está claro é exatamente como Fernández e Kirchner pretendem conduzir a política econômica se chegarem ao poder", disse Alejo Czerwonko, estrategista de mercados emergentes da UBS Global Wealth Management.

As preocupações continuam altas e têm a ver com questões como a composição da equipe econômica --quem vai supervisionar seu desenho e implementação, qual a relação que o novo governo terá com o FMI, entre outros, disse Czerwonko.

Embora os ativos argentinos devam permanecer pressionados no futuro próximo, Czerwonko, da UBS, concorda com alguns analistas segundo os quais o medo de contágio a outros mercados latino-americanos e mercados emergentes ainda é baixo, já que os problemas da Argentina são "autoinfligidos e muito idiossincráticos".

De acordo com Win Thin, chefe global de estratégia cambial da Brown Brothers Harriman, em termos de negociação global o mercado cambial da Argentina não tem impacto mensurável. Ele não espera um contágio em mercados emergentes.

"É um mercado muito pequeno", disse Thin. "Desde que Macri reabriu os mercados, adotou algumas medidas pró-mercado, tem havido pouca atividade no peso e ativos argentinos em geral", completou.

Macri assumiu o poder em 2015 com promessas de recuperar o país por meio de uma onda de liberalização. Mas a recuperação prometida não se materializou e a Argentina está em recessão, com inflação de mais de 55%.

Uma forte crise financeira no ano passado afetou o peso e forçou Macri a tomar um empréstimo junto ao FMI em troca da promessa de equilibrar o déficit argentino.

Fonte: Reuters

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