Bolsonaro diz que Argentina pode ter crise migratória se "esquerdalha" vencer eleição

Publicado em 12/08/2019 14:05

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que a Argentina pode enfrentar uma crise migratória, com cidadãos deixando o país em direção ao Brasil, caso a oposição ao presidente Mauricio Macri vença as eleições de outubro, como aconteceu em uma votação primária no domingo.

O neoliberal Macri, que é aliado de Bolsonaro, sofreu uma dura derrota para o candidato de centro-esquerda Alberto Fernández nas eleições primárias argentinas, indicando a derrota do presidente na votação presidencial deste ano.

Fernández tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, que liderou o país entre 2007 e 2015.

"Não se esqueçam, mais ao sul, da Argentina, o que aconteceu nas eleições de ontem. A turma da Cristina Kirchner, que é a mesma da Dilma Rousseff, que é a mesma de Maduro, Chávez e Fidel Castro, deu sinal de vida aqui", disse Bolsonaro em discurso durante cerimônia de inauguração de obra de uma estrada no Rio Grande do Sul.

"Povo gaúcho, se essa esquerdalha voltar aqui na Argentina, nós poderemos ter, sim, no Rio Grande do Sul, um novo Estado de Roraima, e não queremos isto, irmãos argentinos fugindo para cá, tendo em vista o que de ruim parece que deve se concretizar por lá caso essas eleições realizadas ontem se confirmem agora no mês de outubro", acrescentou.

Bolsonaro já havia afirmado no passado que uma vitória da oposição na eleição presidencial da Argentina poderia transformar o país em uma "nova Venezuela", fazendo referência à crise atravessada pelo país governado pelo socialista Nicolás Maduro.

Da prisão, Lula da Silva parabenizou Alberto Fernández e Cristina Kirchner por vitória nas primárias argentinas (El País)

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, condenado pela LavaJato e cumprindo pena de prisão, parabenizou a coligação composta por Alberto Fernández e Cristina Fernández de Kirchner pela vitória nas eleições primárias deste domingo.

"Parabéns aos companheiros @alferdez e @CFKArgentina pelo expressivo resultado nas primárias argentinas. É preciso dar esperança ao povo, trazer dias melhores e cuidar de quem mais precisa. Um forte abraço do amigo Lula. ", escreveu em sua conta. Twitter, mencionando a dupla presidencial da Frente de Todos. A relação fluida do ex-presidente do Brasil com o Kirchnerismo é de conhecimento público.

Alberto Fernández o visitou no último dia 4 de julho em sua cela na sede da Polícia Federal, na cidade de Curitiba, estado do Paraná, onde cumpre sua sentença por causa de corrupção. O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim também participou da reunião. O líder do Partido dos Trabalhadores já pediu ao Supremo Tribunal a anulação do seu processo por falta de parcialidade do juiz que o condenou, o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Com informações da Télam.

Tradução por Ericson Cunha do site El País

O Globo: Mercado reage mal à derrota de Macri na Argentina; peso, títulos da dívida e ações caem

BUENOS AIRES e WASHINGTON — Em resposta à grande derrotasofrida pelo presidente Maurício Macri no domingo, em eleições primárias que funcionaram como uma prévia da disputa presidencial de 27 de outubro, os títulos da dívida e ações de empresas argentinas registraram quedas de dois dígitos na abertura dos mercados nesta segunda-feira. O peso argentino chegou a cair 30% em relação à moeda americana, cuja cotação passou a 60 pesos por dólar, levando alguns bancos privados a suspenderem operações de câmbio.

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Candidato de Cristina obtém 47% dos votos e vence eleições primárias na Argentina

O candidato de oposição à Presidência da Argentina, Alberto Fernández, venceu as eleições primárias realizadas no país nesse domingo (11). Fernández e a sua vice, a ex-presidente Cristina Kirchner, conquistaram 47% dos votos, enquanto o atual presidente, Mauricio Macri, candidato à reeleição, obteve 32%.

A vantagem é suficiente para que Alberto Fernández e Cristina Kirchner sejam eleitos, em primeiro turno, no dia 27 de outubro.

Os argentinos foram às urnas ontem para as eleições primárias, que servem para definir os partidos e candidatos habilitados a participar das eleições gerais. No entanto, o resultado surpreendeu não apenas os kirchneristas, mas também os opositores.

Sondagens feitas anteriormente apontavam uma distância de, no máximo, 6 pontos percentuais entre as duas chapas principais. A dupla Alberto Fernández e Cristina Kirchner obteve 15 pontos percentuais a mais de votos do Mauricio Macri e seu vice, Miguel Pichetto.

O resultado é praticamente a confirmação da vitória da chapa Fernández-Kirchner, já que eles obtiveram 47% dos votos e precisam de pelo menos 45% para ganhar em primeiro turno.

Ainda na noite de ontem, Macri reconheceu a derrota nas primárias. “Tivemos uma péssima eleição e isso nos obriga a partir de amanhã [hoje, dia 12] a redobrar os esforços. Dói que não tenhamos tido todo o apoio que esperávamos", afirmou.

A inflação na Argentina terminou o primeiro semestre deste ano em 22%, e 32% da população se encontram na linha da pobreza.

Dólar

Na manhã de hoje, os jornais argentinos estampavam a reação dos mercados. O diário La Nación traz na capa Dólar hoje: por efeito das Paso (eleições primárias), o preço de atacado sobe 30% e é vendido acima de 60 pesos (argentinos).

De acordo com o portal Infobae, o choque político da derrota do atual presidente reflete nos preços dos diferentes segmentos do mercado cambial e financeiro. Em bancos privados, o dólar é vendido em uma faixa de 60 a 65 pesos, um aumento de 32%. Nas filiais do Banco Nacional, a moeda é oferecida a 61 pesos.

Especialistas avaliam que hoje será um dia muito difícil para o mercado e que agora será necessário aguardar a reação do governo, se deixará o dólar subir ou se tenta desacelerar gastando as reservas, para chegar o melhor possível nas eleições de outubro.

Fonte: Reuters/El País/O Globo

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