Bolsas em alta com comunicado da China garantindo que não irá manipular yuan

Publicado em 06/08/2019 22:40

NOVA YORK (Reuters) - Os mercados de ações nos Estados Unidos fecharam com altas de mais de 1% nesta terça-feira, recuperando-se das fortes quedas do dia anterior, amparados pela ação da China para estabilizar o iuan, o que diminuiu preocupações de que a moeda seria a mais recente arma na guerra comercial sino-americana.

O índice Dow Jones subiu 1,22%, para 26.030,40 pontos. O S&P 500 ganhou 1,30%, para 2.881,83 pontos. E o Nasdaq Composto teve alta de 1,39%, para 7.833,27 pontos.

China emite comunicado lamentando decisão dos EUA de rotular o país como manipulador de moeda

Beijing, 6 ago (Xinhua) -- O Banco Popular da China lamentou profundamente nesta terça-feira a decisão do Tesouro dos Estados Unidos de rotular o país asiático como "um manipulador de moeda".

A rotulação da China não atende aos critérios quantitativos definidos pelo próprio Tesouro dos EUA para a definição de "manipulador de moeda", de acordo com um comunicado do banco central chinês.

"A China não usou e não usará sua moeda como uma ferramenta para lidar com disputas comerciais", garante o comunicado.

"A medida estadunidense é uma prática unilateral e protecionista arbitrária, que prejudica seriamente as regras internacionais e terá um impacto significativo na economia global e nos mercados financeiros", acrescenta o texto.

O banco central pediu que os Estados Unidos "recuem antes que seja tarde demais" e retornem para um "caminho racional e justo".

Segundo o comunicado, o recente enfraquecimento da moeda é uma reflexão de oferta e procura do mercado, bem como flutuações no mercados globais de câmbio em meio às mudanças da situação econômica global e ao aumento de tensões comerciais.

O banco central vem se comprometendo há muito tempo em manter a taxa de câmbio do yuan basicamente estável em um nível razoável e equilibrado.

A moeda chinesa é a mais forte entre o G20 e é uma das moedas que tiveram valorização substancial globalmente.

Entre o início de 2005 e junho deste ano, a taxa de câmbio nominal do renminbi valorizou 38% e a taxa de câmbio real subiu 47%.

Na consulta anual do Artigo IV com a China, o Fundo Monetário Internacional concluiu que a taxa de câmbio do yuan era amplamente compatível com os fundamentos.

Durante a crise financeira asiática de 1997 e a crise financeira global de 2008, a China se comprometeu a manter sua moeda estável, o que ofereceu um apoio sólido à estabilização do mercado financeiro internacional e à recuperação econômica global.

Apesar das constantes escaladas da disputa comercial pelos Estados Unidos desde o ano passado, a China jamais recorreu à desvalorização competitiva.

"A China não usou e não usará sua moeda como uma ferramenta para lidar com disputas comerciais", garante o comunicado.

São infundadas acusações dos EUA contra a China sobre compra de produtos agrícolas, diz funcionário

Beijing, 6 ago (Xinhua) -- Em resposta às alegações dos Estados Unidos, de que a China não tem ação concreta para comprar produtos agrícolas dos Estados Unidos, um funcionário da principal agência de plano econômico da China disse que "tais acusações são infundadas".

Cong Liang, secretário-geral da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR) fez a declaração em uma entrevista realizada em Beijing na segunda-feira.

O secretário-geral disse que a China ativamente demonstrou sinceridade em cooperação e fez um bom progresso na compra de produtos agrícolas dos Estados Unidos após a reunião de Osaka entre os dois chefes de Estado.

Do fechamento da reunião de Osaka até o final de julho, 2,27 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos foram transportadas para a China, e um outro lote de 2 milhões de toneladas de soja deve ser enviado ao país em agosto, disse Cong acrescentando que, das 14 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos citadas no acordo entre empresas dos dois países, restam apenas 300 mil toneladas que serão carregadas em setembro.

Desde 19 de julho, as companhias chinesas têm investigado a compra de soja, sorgo, trigo, milho, algodão, produtos lácteos, feno, álcool etílico, óleo de soja, vinho, cerveja, frutos frescos e processadas e outros produtos agrícolas dos Estados Unidos.

Segundo Cong, na noite de 2 de agosto, uma série de acordos já havia sido concluído, como as 130 mil toneladas de soja, as 120 mil toneladas de sorgo, as 60 mil toneladas de trigo e as 40 mil toneladas de carne suína e produtos derivados.

"A China e os Estados Unidos são altamente complementares no setor agrícola e o comércio agrícola está em conformidade com os interesses mútuos de ambos os lados", disse Cong.

Cong disse a razão pela qual alguns produtos dos Estados Unidos, como o álcool etílico e o milho, falharam em ingressar no mercado chinês foi os preços pouco competitivos.

"Nós esperamos que os Estados Unidos se esforcem mais para eliminar os obstáculos e criar condições para a aquisição chinesa de produtos agrícolas dos Estados Unidos", completou Cong.

CHINA SOBRE COMPRAS NOS EUA

Por Carla Mendes, com China Daily

O site chinês China Daily soltou, nesta terça-feira, uma outra nota reforçando o posicionamento do governo da China sobre as acusação dos EUA de que não estariam adquirindo produtos agrícolas norte-americanos. E a nota é enfática ao dizer que os chineses não estão evitando produtos agrícolas norte-americanos. 

Em entrevista à publicação, Hong Junjie, professor de comércio internacional da Universidade de Negócios Internacionais e Economia em Pequim, explica que a China vinha fazendo uma série de ajustes em sua cadeia de suprimentos no mesmo momento em que vinha buscando produtos com preços razoáveis nopos Estados Unidos. E esses ajustes seriam, em sua maior parte, motivados justamente pelo conflito comercial. 

"Esta medida não só aumentará sua segurança alimentar, mas também poderá melhorar ainda mais a qualidade dos produtos agrícolas, trazendo ao seu povo mais opções de produtos agrícolas de todo o mundo", diz o professor.

Complementando as opiniões de Junjie, o vice-presidente da Sociedade da China para Estudos da Organização Mundial do Comércio, Huo Jianguo, explica, também ao China Daily, que "os EUA devem estar cientes de que a compra de produtos agrícolas pela China é baseada apenas em preços razoáveis ​​de mercado e boa qualidade, e o país certamente tem muitas opções nos mercados globais". 

Fonte: Reuters/Xinhua

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa tem leve recuo, mas sela ganho semanal apoiado em estímulos na China
Dólar à vista fecha em baixa de 0,16%, a R$5,4363 na venda
Dow Jones fecha em alta recorde, com inflação moderada também impulsionando small caps
Ibovespa fecha estável, mas tem ganho semanal com estímulos da China em foco
Taxas sobem em DIs a partir de 2026 após dados fortes do mercado de trabalho
Brasil desenha proposta para atrair investimentos chineses em visita de Xi Jinping