Dólar avança ante real em ínicio de semana com decisões do Fed e BC

Publicado em 29/07/2019 09:29

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava ante o real nesta segunda-feira, em semana importante de decisões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, com os mercados ainda de olho nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China.

Às 10:05, o dólar avançava 0,47%, a 3,7911 reais na venda.

Na sexta-feira, o dólar caiu 0,24%, a 3,7734 reais na venda. Na semana passada, entretanto, a divisa acumulou a maior alta para o período em mais de dois meses.

Neste pregão, o dólar futuro subia cerca de 0,4%.

O mercado volta toda sua atenção nesta semana para as decisões de juros dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil, ambas na quarta-feira.

Juros futuros precificavam chance maior de um corte de 0,25 ponto percentual pelo Federal Reserve, com apenas uma pequena chance de redução 0,5 ponto percentual.

Com isso, os investidores ficarão de olho em indicações do Fed sobre o rumo futuro de suas decisões de política monetária, em especial após a divulgação de um relatório forte sobre a economia dos EUA na sexta-feira colocar em dúvida a percepção de alguns investidores de que o Fed continuará afrouxando a política monetária.

"No que tange aos movimentos nas taxas em si, o sentimento mais recente é de que o Fomc teria menos motivos para reduzir 50 pontos base já nessa reunião", avaliou a corretora H.Commcor, em nota, ponderando, porém, que não estão descartadas as possibilidades de cortes nas próximas reuniões.

No caso do Brasil, as expectativas de economistas em pesquisa da Reuters apontam que o Copom cortará a Selic em 0,25 ponto percentual na quarta-feira, levando a taxa para uma nova mínima recorde.

Também no caso do Copom, participantes do mercado observarão sinalizações da autoridade monetária sobre decisões futuras de juros, dado que a expectativa é que a Selic esteja em 5,50% ao fim deste ano, de acordo com pesquisa Focus divulgada pelo BC.

"Tem essa pressão que esse corte de taxa de juros (do Copom) possa trazer no câmbio e essa pressão pode ser de alta", explicou a economista da CM Capital Markets, Camila Abdelmalack, acrescentando que essa alta pode ocorrer mesmo com um corte pelo Fed, o que tende a beneficiar o real.

Do panorama externo, o mercado também traz no radar a retomada das negociações comerciais entre Estados Unidos e China, com a delegação norte-americana indo a Xangai nesta semana.

Expectativas de progresso durante os dois dias de reuniões são baixas, e autoridades e empresários esperam que os ambos os lados possam ao menos detalhar compromissos para gestos de "boa vontade" e abrir caminho para futuras negociações.

O Banco Central anunciou na sexta-feira que realizará em 1º de agosto leilão de até 11 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento outubro, no valor de 11,5 bilhões de dólares.

Corte de juros do Fed está a caminho. E depois? (Análise da Reuters)

  • Por Ann Saphir

SAN FRANCISCO (Reuters) - O banco central dos Estados Unidos deve cortar os custos dos empréstimos nesta semana pela primeira vez desde o ápice da crise financeira, mais de uma década atrás. Essa é a parte fácil.

Se essa primeira etapa inaugura uma série de cortes na taxa de juros em 0,25 ponto percentual que podem se estender até o ano que vem, como os mercados financeiros estão apostando, ou se será algo mais limitado é de longe a decisão mais difícil enfrentada pelas autoridades do Federal Reserve.

Um motivo: não há um consenso claro entre as autoridades do Fed sobre por que eles precisam reduzir os juros em primeiro lugar, particularmente dada a proximidade da taxa de desemprego dos EUA de uma mínima de 50 anos e o fato da economia norte-americana estar mostrando o melhor desempenho entre as economias desenvolvidas.

Seria um pouco de insegurança contra os riscos da desaceleração do crescimento global e das tensões comerciais? Um passo para reforçar a inflação baixa? Uma tentativa de fortalecer ainda mais o mercado de trabalho? Um esforço para corrigir as inversões no mercado de títulos? Nas últimas semanas, as autoridades do Fed apresentaram cada uma dessas ideias e outras.

O presidente do Fed de Nova York, John Williams, convenceu brevemente os mercados de que o Fed planeja cortar os juros em 0,50 ponto percentual nesta semana, até que o Fed de Nova York divulgou um comunicado explicando que suas observações sobre "vacinar" a economia contra doenças sérias eram de natureza acadêmica e não uma sinalização das decisões de política monetária no curto prazo.

Para complicar as coisas está o desejo do Fed de deixar claro que afrouxar a política monetária não é uma reação aos meses de pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, para fazer exatamente isso.

Os investidores devem ter alguma clareza quando o Comitê de política monetária do Fed divulgar seu comunicado às 15h (horário de Brasília) da quarta-feira, após o final de uma reunião de dois dias. O chairman do Fed, Jerome Powell, dará uma coletiva de imprensa pouco depois.

Fonte: Reuters

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