Hacker explica que chegou a Glenn Greenwald por intermédio de Manuela D"Avila, passando por Dilma

Publicado em 27/07/2019 03:22

Em depoimento (leia a íntegra no fim deste texto) à Polícia Federal nesta 6ª feira (26.jul.2019), Walter Delgatti, (o "vermelho") um dos hackers presos na Operação Spoofing, afirmou que repassou informações a Glenn Greenwald, do site The Intercept, e explicou como teria chegado ao jornalista. 

Walter Delgatti disse que, no primeiro momento, invadiu o celular do promotor de Justiça Marcel Zanin Bombardi.

Zanin, que é de Araraquara (SP) – mesma cidade de Delgatti–, havia oferecido denúncia contra o invasor por tráfico de drogas.

A partir daí, teve acesso ao aplicativo Telegram do promotor. Por meio da lista de contatos do aplicativo de mensagens, teve acesso ao número de um procurador da República. Deste modo, conseguiu invadir o aparelho e recolher o contato do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).

No celular do líder do MBL (Movimento Brasil Livre), Delgatti recuperou o telefone do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que estava na lista de contatos. No celular do magistrado, acessou, então, a conta do ex-procurador geral da República Rodrigo Janot.

Foi no celular de Janot que o hacker chegou até o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba (PR). Além de Dallagnol, o invasor também acessou a conta de outros 2 procuradores que integram a operação.

Ao ter acesso à lista telefônica de Dallagnol, o invasor conseguiu o contato do ministro Sergio Moro (Justiça). No depoimento, contudo, disse que não conseguiu acessar as mensagens do ex-juiz.

GLENN GREENWALD

Com o material das conversas de Dallagnol –tanto com a força-tarefa quanto com Moro–, o hacker teria decidido procurar o jornalista Glenn Greenwald. Ele justificou que a escolha do norte-americano se deu pela atuação dele no caso relacionado ao ex-funcionário da CIA Edward Snowden, que vazou documentos do governo dos Estados Unidos.

Para chegar ao jornalista, Delgatti teve acesso à lista telefônica da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Lá, encontrou o número da candidata à vice-presidente da República em 2018 pela chapa do PT, Manuela D’Ávila (PCdoB).

Em nota publicada nas redes sociais, a ex-deputada federal Manuela D’Ávila disse que repassou o número de telefone de Glenn a uma pessoa que teria tentado invadir seu celular. Afirmou, contudo, que desconhece a identidade do suposto invasor. “Estou à inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração”, disse.

Já o site O Antagonista informa que o depoimento do hacker, em que ele entregou Manuela D’Ávila e negou ter recebido dinheiro pelas mensagens roubadas, foi prestado quatro dias atrás, imediatamente depois de sua prisão.

É claro que, de lá para cá, a PF colheu novos elementos sobre os estelionatários, em particular no que se refere aos seus cúmplices.

“Ao revelar que Manuela D’Ávila, ex-candidata a vice do petista Fernando Haddad, foi a intermediária entre ele e Glenn Greenwald, o hacker Walter Delgatti colocou-a na chamada sinuca de bico”, diz Merval Pereira, comentarista de O Globo.

“Ter intermediado a entrega do produto de um crime para um jornalista pode implicar cumplicidade, na visão de alguns. Há, porém, quem considere que a ex-deputada apenas agiu como uma pessoa que informa a um jornalista sobre um fato de que teve conhecimento.

O problema muda de figura no caso de ter havido um pagamento nessa cadeia de informantes. Não parece provável que um estelionatário seja movido apenas por ‘fazer justiça, trazendo a verdade para o povo’, conforme depoimento de Glenn Greenwald sobre seus contatos com o hacker.”

Manuela D’Ávila está passando uma temporada na Inglaterra.

“Justamente no dia do depoimento do hacker”, diz o Estadão, “a ex-deputada iniciava suas férias”.

Manuela admite ter passado contato de Greenwald para hacker (Estadão)

A ex-deputada Manuela D’Ávila confirmou que passou o contato do jornalista Glenn Greenwald para um hacker no último dia 12 de maio, dia das Mães, como Walter Delgatti Neto, o ‘Vermelho’, disse em seu depoimento à Polícia Federal. Entretanto, Manuela afirma que não conhece o indivíduo que entrou em contato com ela pelo Telegram oferecendo mensagens dos procuradores da Lava Jato.

--“No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos”, afirmou. “Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras”, explicou Manuela em suas redes sociais.

“Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração”, completou. 

Bolsonaro diz que hackers não vão encontrar nada comprometedor em celulares alvos de ataque

(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que os hackers que atacaram seus telefones celulares perderam tempo e não vão encontrar qualquer informação ou conversa que comprometa, após o Ministério da Justiça informar que dispositivos móveis do presidente foram alvo de um grupo de hackers preso nesta semana pela Polícia Federal suspeito de invasões cibernéticas.

"Eu achar que o meu telefone, desde antes das eleições, não estava sendo monitorado por alguém seria muita infantilidade", disse Bolsonaro a jornalistas após participar de uma cerimônia em Manaus com alunos que competiram na Olimpíada Internacional de Matemática.

"Não apenas por eu ser capitão do Exército, conhecedor da questão da inteligência, sempre tomei cuidado nas informações estratégicas, essas não são passadas via telefone. Então, não estou nenhum um pouco preocupado. Se porventura algo vazar aqui do meu telefone não vão encontrar nada que comprometa. Por exemplo, o que estamos tratando com outros chefes de Estado, no tocante à Venezuela, as questões estratégicas para o Brasil, isso é conversado pessoalmente no nosso gabinete. Perderam tempo comigo", acrescentou.

Pouco depois, em publicação no Twitter, Bolsonaro disse que foi informado pela Polícia Federal e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, por questão de segurança nacional, que seus celulares haviam sido invadidos porhackers presos pela PF, e disse se tratar de um "atentado grave contra o Brasil e suas instituições".

O presidente pediu que os responsáveis sejam "duramente punidos" e afirmou que o "Brasil não é mais terra sem lei".

O Ministério da Justiça e Segurança Pública já havia informado mais cedo que tinha sido comunicado pela PF que os aparelhos celulares do presidente tinham sido alvo de ataques do grupo de hackers preso na terça-feira pela PF, e que o fato fora "devidamente comunicado ao presidente da República".

De acordo com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, o caso será apurado por inquérito instaurado pela Polícia Federal.

O GSI também informou que disponibiliza ao governo federal um aparelho móvel com tecnologia própria da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), cabendo às autoridades optar pelo equipamento, que possui funções de chamada de voz e troca de mensagens e arquivos criptografados com algoritmos de Estado, sem permitir a instalação de aplicativos comerciais.

Segundo a Polícia Federal, os celulares do presidente foram atacados pelo mesmo grupo, formado ao menos por três homens e uma mulher, suspeito de ter realizado ataques cibernético contra os telefones celulares de autoridades, incluindo do ministro da Justiça, Sergio Moro. Os quatro foram presos na terça-feira.[nL2N24P127]

Integrantes da PF que participam das investigações disseram que, nas operações de busca e apreensão realizadas junto com as prisões na terça, foi detectado que 1 mil números de telefone podem ter sido alvos de ciberataques dos suspeitos.

Suspeitos de hackearem Moro podem ter invadido celular de Guedes, diz PF

De acordo com a PF, os hackers também podem ter invadido o celular do ministro da Economia, Paulo Guedes, cuja assessoria informou nesta semana que teve o aparelho hackeado. 

Em pronunciamento em Brasília, em que deram alguns detalhes da investigação, mas não responderam a perguntas da imprensa, integrantes da PF que participam das investigações disseram ainda que, nas operações de busca e apreensão realizadas junto com as prisões na terça, foi detectado que mil números de telefone podem ter sido alvos de ciberataques dos suspeitos.

"Algumas constatações que já foram possíveis em relação ao que nós vínhamos analisando previamente e estão, aparentemente, se confirmando neste momento --ainda não é nada muito certo-- mas nós estamos estimando... aproximadamente mil números telefônicos diferentes foram alvos deste mesmo modus operandi por essa quadrilha", disse o delegado da Polícia Federal João Vianey Xavier Filho.

"Então há a possibilidade realmente de um número grande de vítimas deste tipo de ataque, que está sendo investigado agora", disse o delegado.

Também presente no pronunciamento, o perito da PF Luiz Spricigo Júnior disse que os agentes encontraram no celular de um dos suspeitos presos um atalho com o nome de Guedes que indica que os suspeitos foram responsáveis pelo ciberataque contra o titular da Economia.

"Ontem pela manhã foi amplamente divulgado que o ministro Paulo Guedes havia sido hackeado e numa busca e apreensão, no celular do indivíduo estava uma conta no aplicativo de mensagens vinculado com o nome Paulo Guedes. A gente tem que confirmar isso de forma pericial, mas é um forte indicativo de que a conta seja realmente a do ministro", disse Spricigo.

Os policiais federais também disseram que foram encontrados na casa de um dos suspeitos pouco menos de 100 mil reais em espécie.

Na terça, a PF prendeu três homens e uma mulher suspeitos de terem hackeado os celulares de Moro, de um desembargador, de um juiz federal e dois delegados da PF.

Na decisão que determinou as prisões temporárias dos quatro suspeitos, o juiz da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, Vallisney Oliveira, disse que as investigações apontaram volume de movimentação financeira incompatível com as rendas declaradas por um dos homens e pela mulher suspeita.

Embora ambos tenham renda mensal na casa dos 2 mil reais cada um, o volume movimentada em suas contas em poucos meses superou os 600 mil reais. Para o magistrado, que também autorizou a quebra de sigilo bancários dos suspeitos, essa incompatibilidade pode indicar que eles receberam dinheiro de um patrocinador para realizar os ataques cibernéticos.

As prisões dos suspeitos aconteceram em São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP), de acordo com a decisão do juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, de prender os suspeitos por cinco dias.

EIS A ÍNTEGRA DO DEPOIMENTO DE WALTER DELGATTI, OBTIDA PELA TV GLOBO:

TERMO DE DECLARAÇÕES DE WALTER DELGATTI NETO

AO(S) 23 DIA(S) DO MÊS DE JULHO DE 2019, NESTE(A) POLÍCIA FEDERAL – SEDE, EM BRASÍLIA/DF, ONDE SE ENCONTRAVA LUIS FLAVIO ZAMPRONHA DE OLIVEIRA, DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL, MATR. 8220, COMPARECEU WALTER DELGATTI NETO, SEXO MASCULINO, FILHO(A) DE (XXX) RIBEIRÃO PRETO/SP, ACOMPANHADO DO DEFENSOR PÚBLICO JORGE MEDEIROS DE LIMA, MATR. 0519/DPU. INQUIRIDO(A) A RESPEITO DOS FATOS, RESPONDEU: QUE EM MARÇO DE 2019 FEZ UMA LIGAÇÃO PARA SEU PRÓPRIO NÚMERO DE TELEFONE E PERCEBEU QUE TEVE ACESSO AO CORREIO DE VOZ; QUE SEMPRE UTILIZOU OS SERVIÇOS DE VOIP (VOZ SOBRE IP) TENDO EM VISTA SER UM SERVIÇO BEM MAIS BARATO PARA EFETUAR LIGAÇÕES TELEFÔNICAS; QUE APÓS TER PESQUISADO NA INTERNET CONTRATOU O SERVIÇO DA EMPRESA BRVOZ POR APRESENTAR OS PREÇOS MAIS BAIXOS; QUE PRECISAVA ENTRAR EM CONTATO COM O SEU MÉDICO E FEZ A EDIÇÃO DO NÚMERO CHAMADOR, DENTRO DO SISTEMA DA EMPRESA BRVOZ, COLOCANDO O SEU PRÓPRIO NÚMERO (16) 99994.6662; QUE APÓS CONSEGUIR EFETUAR A LIGAÇÃO PARA SEU MÉDICO, REALIZOU UMA LIGAÇÃO PARA SEU MESMO NÚMERO, VEZ QUE MANTEVE NO SISTEMA BRVOZ COMO NÚMERO CHAMADOR O TELEFONE (XXX); QUE ENTÃO PERCEBEU QUE TEVE ACESSO AO SEU CORREIO DE VOZ, TENDO ESCUTADO TODAS AS MENSAGENS QUE ESTAVAM GRAVADAS; QUE SEMPRE VALIDOU O ACESSO DO SEU TELEGRAM POR MENSAGEM DE VOZ, MOTIVO PELO QUAL PERCEBEU QUE PODERIA CONSEGUIR OS CÓDIGOS DO TELEGRAM DE OUTRAS PESSOAS POR MEIO DO ACESSO A MENSAGENS ARMAZENADAS EM CORREIOS DE VOZ; QUE APÓS TER TESTADO ESSE MEIO DE OBTENÇÃO DE CÓDIGO DE ACESSO EM SUA PRÓPRIA CONTA DO TELEGRAM, RESOLVEU TENTAR OBTER O CÓDIGO DO TELEGRAM DA CONTA VINCULADA AO NÚMERO DO TELEFONE DO PROMOTOR DE JUSTIÇA MARCEL ZANIN BOMBARDI; QUE O PROMOTOR MARCEL ZANIN FOI O RESPONSÁVEL PELO OFERECIMENTO DE UMA DENÚNCIA CONTRA O DECLARANTE PELO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS RELACIONADO A MEDICAMENTOS PRESCRITOS E CONSUMIDOS DESDE A SUA INFÂNCIA; QUE TOMA REGULARMENTE OS REMÉDIOS ALPRAZOLAM E CLONAZEPAM; QUE TAIS MEDICAMENTOS FORAM APREENDIDOS EM SUA RESIDÊNCIA EM UMA OPERAÇÃO POLICIAL QUE INVESTIGAVA CRIMES RELACIONADOS À INTERNET; QUE FOI ABSOLVIDO NESSE PROCESSO EM TODAS AS INSTÂNCIAS; QUE TENDO EM VISTA OS ATOS ILÍCITOS COMETIDOS PELO PROMOTOR NO PROCESSO CONTRA O DECLARANTE, RESOLVEU ACESSAR A CONTA DE TELEGRAM DE MARCEL ZANIN; QUE OBTEVE CONVERSAS DE CONTEÚDO DE INTERESSE PÚBLICO REALIZADAS PELO PROMOTOR DE JUSTIÇA, MARCEL ZANIN BOMBARDI; QUE NESSAS CONVERSAS, MARCEL ZANIN COMETE SUPOSTAS IRREGULARIDADES NO EXERCÍCIO DE SUA FUNÇÃO; QUE O CONTEÚDO DAS CONVERSAS DO PROMOTOR MARCEL ZANIN BOMBARDI FOI ARMAZENADO EM SEU NOTEBOOK E UM CLOUD (nuvem) da Dropbox; QUE resolveu não publicar o material obtido na conta do TELEGRAM de MARCEL ZANIN por temer ser vinculado ao ataque, tendo em vista que morava em uma cidade pequena e era conhecido por ter conhecimento avançados em informática; QUE através da agenda da conta do TELEGRAM do Promotor MARCEL ZANIN teve acesso ao número de um Procurador da República, cujo nome não se recorda, o qual participava de um grupo do TELEGRAM denominado “VALORIZA MPF”; QUE se recorda que o criador desse grupo era o Procurador da República ROBALINHO; QUE através da agenda da conta TELEGRAM de um dos Procuradores da República que participava do grupo “VALORIZA MPF” conseguiu acesso ao número telefônico do Deputado Federal KIM KATAGUIRI; QUE através da agenda do TELEGRAM do Deputado Federal KIM KATAGUIRI obteve o número do Ministro do STF ALEXANDRE DE MORAES; QUE, do mesmo modo, teve acesso ao código da conta do TELEGRAM vinculada ao Ministro do STF ALEXANDRE DE MORAES e obteve o número telefônico do ex-Procurador Geral da República RODRIGO JANOT; QUE por meio da agenda do TELEGRAM de RODRIGO JANOT obteve então os telefones de membros da Força Tarefa da Lava Jato no Paraná, dentre os quais os Procuradores da República DELTAN DALLAGNOL, ORLANDO MARTELLO JÚNIOR e JANUÁRIO PALUDO; QUE todos os acessos às contas do TELEGRAM das autoridades públicas acima mencionadas ocorreram entre março e maio de 2019; QUE somente armazenou o conteúdo das contas de TELEGRAM dos membros da Força Tarefa da Lava Jato do Paraná, pois teria constatado atos ilícitos nas conversas registradas; QUE dentre as conversas registradas pode citar assuntos relacionados ao Procurador da República DIOGO CASTOR, que foi afastado por ter financiado um outdoor em Curitiba/PR; QUE pode afirmar que não realizou qualquer edição dos conteúdos das contas de TELEGRAM das quais teve acesso; QUE acredita não ser possível fazer a edição das mensagens do TELEGRAM em razão do formato utilizado pelo aplicativo; QUE através da agenda do TELEGRAM do Procurador DELTAN DALLAGNOL teve conhecimento do número de telefone utilizado pelo Ministro SÉRGIO MORO; QUE obteve o código do TELEGRAM e criou uma conta no aplicativo vinculada ao número telefônico do Ministro SÉRGIO MORO; QUE também através da agenda do Procurador DELTAN DALLAGNOL teve acesso aos números telefônicos de membros do TRF 2, tais como o Desembargador ABEL GOMES e o Juiz Federal FLÁVIO; QUE não se recorda de ter acessado contas de TELEGRAM de Delegados da Polícia Federal lotados no estado de São Paulo; QUE não obteve nenhum conteúdo das contas de TELEGRAM do Ministro SÉRGIO MORO e dos Magistrados Federais do estado do Rio de Janeiro; QUE também teve acesso ao conteúdo das contas do TELEGRAM de membros do Ministério Público Federal que atuam no caso “GREENFIELD”; QUE não encontrou nada ilícito no conteúdo das conversas dos Procuradores da República que atuam no caso “GREENFIELD”; QUE em um domingo, mais precisamente na comemoração do Dia das Mães de 2019, procurou o jornalista GLENN GREENWALD para enviar o conteúdo das contas do TELEGRAM dos Procuradores da República DELTAN DALLAGNOL, ORLANDO MARTELO JÚNIOR, DIOGO CASTOR e JANUÁRIO PALUDO; QUE resolveu procurar o jornalista GLEEN GREENWALD por saber de sua atuação nas reportagens relacionadas ao vazamento de informações do governo dos EUA, conhecido como o

caso SNOWDEN; QUE conseguiu telefone do jornalista GLENN GREENWALD através da ex-candidata MANOELA D’ÁVILA; QUE obteve o telefone da MANOELA D’ÁVILA através da lista de contatos do TELEGRAM da ex-presidente DILMA ROUSSEFF; QUE por sua vez conseguiu o telefone da ex-presidente DILMA ROUSSEFF através da lista de contato do TELEGRAM do ex-governador PEZÃO; QUE não se recorda como teve acesso ao número de telefone do ex-governador PEZÃO; QUE até hoje mantém em seu computador os atalhos de acessos das contas de TELEGRAM da ex-presidente DILMA ROUSSEFF e do ex-governador PEZÃO; QUE não armazenou nenhum conteúdo das contas do TELEGRAM da ex-presidente DILMA ROUSSEF e do ex-governador PEZÃO, tendo em vista que eram contas com poucas mensagens; QUE na manhã do Dia das Mães de 2019, ligou diretamente para MANOELA D’ÁVILA afirmando que possuía o acervo de conversas do MPF contendo irregularidades; QUE ligou para MANOELA D’ÁVILA diretamente da sua conta do TELEGRAM e disse que precisava do contato do jornalista GLENN GREENWALD; QUE a princípio MANOELA D’ÁVILA não estava acreditando no DECLARANTE, motivo pelo qual fez o envio para ela de uma gravação de áudio entre os procuradores da República ORLANDO e JANUÁRIO PALUDO; QUE no mesmo domingo do Dia das Mães, cerca de 10 minutos após ter enviado o áudio, recebeu uma mensagem no TELEGRAM do jornalista GLENN GREENWALD, que afirmou ter interesse no material, que possuiria interesse público; QUE começou a repassar para GLENN GREENWALD os conteúdos das contas de TELEGRAM que havia obtido; QUE como o acervo era muito volumoso, optou, juntamente com o GLENN GREENWALD alterar o método de envio do material; QUE assim, criou uma conta no Dropbox, enviou o material e repassou a senha para GLENN GREENWALD; QUE em nenhum momento passou seus dados pessoais para GLENN GREENWALD; QUE GLENN GREENWALD ou qualquer jornalista de sua equipe conhece o DECLARANTE; QUE nunca recebeu qualquer valor , quantia ou vantagem em troca do material disponibilizado ao jornalista GLENN GREENWALD; QUE o material disponibilizado ao GLEEN GREENWALD foi obtido exclusivamente pelo acesso a contas do TELEGRAM; QUE a partir do acesso que teve a contas do TELEGRAM de diversas autoridades públicas; QUE conhece GUSTAVO HENRIQUE ELIAS DOS SANTOS, SUELEN PRISCILA DE OLIVEIRA e DANILO CRISTIANO MARQUES desde a infância em Araraquara/SP; QUE nenhum momento repassou para GUSTAVO, SUELEN ou DANILO a técnica que criou para acessar contas do TELEGRAM; QUE sabe dizer que GUSTAVO utiliza o sistema BRVOZ para realizar ligações por VOIP; QUE não sabe dizer se GUSTAVO utiliza o sistema BRVOZ para realizar eventuais ligações de números predeterminados ou editados; QUE utilizou nome de DANILO para efetuar o contrato de aluguel do imóvel que reside; QUE todas as contas vinculadas ao referido imóvel, tais como luz e internet, ficaram em nome de DANILO; QUE não possui nenhuma conta de criptomoedas; QUE não possui conta do Bitcoin; QUE não tentou fazer o acesso a conta de TELEGRAM de nenhuma outra autoridade pública além daquelas citadas anteriormente no presente termo; QUE entretanto, também acessou o conteúdo do TELEGRAM do ex-presidente LULA, tendo acesso apenas a sua agenda do aplicativo; QUE não possui qualquer registro dos ataques realizados à conta do TELEGRAM do ex-presidente LULA; QUE não acessou a conta do TELEGRAM da deputada federal JOICE HASSEMAN, do Ministro da Economia PAULO GUEDES ou de qualquer outra autoridade do atual Governo Federal; QUE respondeu na justiça a dois processos criminais, um por falsificação e outro por tráfico de drogas de remédios, tendo sido absolvido em ambos; QUE foi condenado a pena de 1 ano e de 2 meses no processo de estelionato que correu na 1ª Vara Criminal de Araraquara/SP; QUE recorreu da sentença e está aguardando o resultado do recurso no Tribunal de Justiça; QUE perguntado se conhece [RASURADO] se reserva ao direito de permanecer em silêncio; QUE não possui formação técnica na área de informática, sendo um autodidata; QUE não exerce nenhuma profissão remunerada, obtendo seus rendimentos de aplicações financeiras que possui; QUE perguntado como obteve recursos para compor suas aplicações financeiras, afirmou não saber; QUE também realiza trabalhos de formatação para colegas de faculdade; QUE realizou operação de câmbio no Aeroporto de Brasília e do Rio Grande do Norte, tendo em vista a necessidade de adquirir dólares para um amigo; QUE perguntado qual o amigo seria esse, se reserva ao direito de permanecer em silêncio; QUE perguntado se comprou dólares a pedido de [RASURADO], se reserva ao direito de permanecer em silêncio. Nada mais disse e nem lhe foi perguntado. Foi então advertido(a) da obrigatoriedade de comunicação de eventuais mudanças de endereço em face das prescrições do Art. 224 do CPP. Encerrado o presente que, lido e achado conforme, assinam com o(a) declarante e comigo CINTHYA SANTOS DE OLIVEIRA, Escrivã de Polícia Federal, Mat. 9803, que o lavrei.

Fonte: Reuters/Poder360/Estadão

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa tem leve recuo, mas sela ganho semanal apoiado em estímulos na China
Dólar à vista fecha em baixa de 0,16%, a R$5,4363 na venda
Dow Jones fecha em alta recorde, com inflação moderada também impulsionando small caps
Ibovespa fecha estável, mas tem ganho semanal com estímulos da China em foco
Taxas sobem em DIs a partir de 2026 após dados fortes do mercado de trabalho
Brasil desenha proposta para atrair investimentos chineses em visita de Xi Jinping