STF determina que Petrobras abasteça navios iranianos parados na costa do Brasil

Publicado em 25/07/2019 17:35

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou nesta quinta-feira que a Petrobras forneça combustível a navios iranianos que estão parados na costa brasileira à espera de abastecimento desde o início de junho, segundo documento da decisão judicial visto pela Reuters.

A Petrobras havia se negado a fornecer o combustível a dois navios de bandeira do Irã, alegando que as embarcações estavam na lista de sanções dos Estados Unidos.

Em sua decisão, Dias Toffoli avaliou que as embarcações iranianas estão sob contrato com a empresa brasileira Eleva, que não consta da lista de agentes sancionados pelos EUA. O presidente do STF acrescentou ainda que o impedimento da empresa de concluir o negócio traria prejuízos ao Brasil.

A Petrobras avalia que decisão do STF sobre navios do Irã mitiga riscos de sanções dos EUA, disse uma fonte da empresa, indicando que a companhia deverá cumprir a decisão apenas quando for notificada.

"Decisão da corte suprema tem que ser cumprida", comentou a fonte, na condição de anonimato.

"Qualquer sanção deverá estar sob responsabilidade da decisão do STF... O problema seria uma potencial sanção impactar potenciais contratos com empresas americanas. Com a decisão da suprema corte, este risco fica bastante mitigado", afirmou.

Em nota, a Petrobras informou que não foi notificada e que analisaria a decisão.

Os navios, que estão parados próximos de Paranaguá (PR), foram contratados pela empresa brasileira Eleva para trazer ureia ao Brasil e retornar ao país do Oriente Médio com milho. O Irã é o principal comprador de milho e um importante parceiro comercial do Brasil.

O iraniano Bavand já carregou cerca de 50 mil toneladas de milho, em maio, no porto catarinense de Imbituba, enquanto o Termeh, que deveria chegar em meados de julho ao local para carregar 66 mil toneladas do cereal, também se encontra parado perto de Paranaguá.

Na véspera, o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, afirmou que não havia sinalização de qualquer prejuízo comercial ao Brasil decorrente do impasse, defendendo que a Petrobras tomou as decisões que achava pertinentes no caso.

BR18: Por que os navios parados em Paranaguá podem prejudicar o Brasil?

A resposta é simples: só no primeiro semestre, o Irã representou o quarto maior superávit comercial do País, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Neste ano, o país persa também foi terceiro maior importador de carne do Brasil, se consideradas as compras feitas por via indireta.

Ou seja, o imbróglio diplomático envolvendo os dois navios iranianos que estão parados, sem gasolina, no porto de Paranaguá (PR) há mais de 50 dias devido à ordem do governo federal de que a Petrobrás não abasteça as embarcações, pode comprometer ainda mais a nossa economia.

A estatal alega que os dois navios são alvo de sanções dos EUA contra o Irã, e por isso a decisão de não abastecê-lo, ainda que estejam ali por terem sido contratados por uma empresa brasileira, a Eleva Química Ltda., para trazer do Irã uma carga de ureia.

A confusão, que foi judicializada e está no STF, levou o embaixador do Irã em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan, a fazer duras declarações, ameaçando suspender as importações de produtos brasileiros se o problema dos navios não for solucionado, de acordo com o Valor. 

Neste caso, a ambição do presidente Jair Bolsonaro de tomar lado na briga entre Irã e EUA, para “se enturmar” com o presidente dos norte-americano, Donald Trump, desconsidera a importância do Irã para a economia brasileira.

No entanto, segundo declaração do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, nesta quinta-feira, 25, a Petrobrás corre o risco de ser punida pelos EUA caso abasteça as embarcações. Ele disse, no entanto, que a decisão do presidente do Supremo, Dias Toffoli, deve ser seguida.

Para mais informações, acesse o site BR18

Governo não vê prejuízos ao Brasil por impasse com navios do Irã sem combustível

LOGO REUTERS

SÃO PAULO (Reuters) - Ainda não há sinalização de qualquer prejuízo comercial ao Brasil decorrente de um impasse com navios do Irã que aguardam combustível perto de Paranaguá (PR) para prosseguir viagem, disse nesta quarta-feira o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz.

Segundo ele, o Irã é um parceiro comercial importante do Brasil, e ainda é cedo para especular sobre o impacto do impasse com os navios, para os quais a Petrobras se nega a fornecer combustível, uma vez que as embarcações estão sancionadas pelo governo dos Estados Unidos em função do programa nuclear iraniano.

Ao ser questionado sobre o assunto antes de reunião da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), ele disse que a Petrobras tomou as decisões que achava pertinentes no caso.

Dois navios de bandeira iraniana que trouxeram ureia ao Brasil e pretendiam retornar ao Irã carregando milho brasileiro estão parados ao largo do porto de Paranaguá (PR) desde o início de junho, com dificuldades de obter combustível.

O Irã é o maior importador de milho do Brasil e um dos principais compradores de soja.

(Por Rodrigo Viga Gaier; edição de Roberto Samora)

Reino Unido começa a escoltar navios britânicos pelo Estreito de Ormuz

 
Fragata britânica Montrose no Mar Mediterrâneo
  • Fragata britânica Montrose no Mar Mediterrâneo (Por Andrew MacAskill e Jonathan Saul)

LONDRES (Reuters) - O Reino Unido está enviando um navio de guerra para escoltar todas as embarcações de bandeira britânica pelo Estreito de Ormuz, uma mudança de diretriz anunciada nesta quinta-feira depois de o governo chegar a dizer que não tinha recursos para realizar as escoltas.

As tensões entre o Irã e o Reino Unido aumentaram desde a sexta-feira passada, quando comandos iranianos apreenderam um navio-tanque de bandeira britânica na rota marítima mais importante do mundo para as cargas de petróleo. O fato ocorreu uma quinzena depois de forças britânicas confiscarem um navio-petroleiro iraniano, acusado de violar sanções à Síria, perto de Gibraltar.

O HMS Montrose, fragata britânica atualmente na área, realizou a primeira missão em cumprimento da nova diretriz na noite de quarta-feira.

"A Marinha Real foi encarregada de acompanhar navios de bandeira britânica pelo Estreito de Ormuz, seja individualmente ou em grupos, caso receba notificação prévia suficiente de sua passagem", disse um porta-voz do governo. 

"A liberdade de navegação é crucial para o sistema comercial global e a economia mundial, e faremos tudo que pudermos para defendê-la", acrescentou em um comunicado.

O governo do Reino Unido havia alertado previamente as embarcações de bandeira britânica a evitarem o Estreito de Ormuz quando possível e a notificarem a Marinha se precisassem cruzá-lo, mas havia dito que não conseguiria escoltar todos os navios.

O Reino Unido vem tentando montar uma missão marítima de proteção liderada por europeus para garantir a travessia segura do Estreito de Ormuz desde a apreensão iraniana do navio-tanque, o que Londres disse ter sido um ato de "pirataria estatal".

A mudança de diretriz não foi resultado de uma alteração feita pelo novo primeiro-ministro, Boris Johnson, já que o governo vinha trabalhando no plano há alguns dias, segundo uma autoridade que pediu para não ser identificada.

A Câmara de Comércio britânica, que havia pedido mais proteção para embarcações comerciais na área, saudou a mudança.

"Esta medida proporcionará uma segurança e uma garantia muito necessárias para nossa comunidade marítima neste momento incerto", disse seu executivo-chefe, Bob Sanguinetti. "Entretanto, continuaremos a pressionar por um apaziguamento das tensões na região".

Em qualquer dia, entre 15 e 30 grandes navios de bandeira britânica viajam pelo Golfo Pérsico, e até três passam pelo Estreito de Ormuz, entre Irã e Omã, onde um par de rotas comerciais de cerca de 3 quilômetros de largura oferecem as únicas rotas de entrada e saída do Golfo.

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Fonte:
BR18 / Reuters

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