Dallagnol recusa convite e não comparecerá a comissão da Câmara

Publicado em 09/07/2019 09:56

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, negou nesta segunda o convite da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para falar sobre as supostas trocas de mensagens com o então juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, sobre processos e investigações da operação.

Em ofício enviado ao presidente da comissão, deputado Hélder Salomão (PT-ES), o procurador alega que tem por "função constitucional" desempenhar "trabalho de natureza técnica perante o Judiciário, outro Poder", e por isso acredita ser importante manter suas manifestações na área técnica.

"Diante disso, muito embora tenha sincero respeito e profundo apreço pelo papel do Congresso Nacional nos debates de natureza política que realiza e agradeça o convite para

neles participar, acredito ser importante concentrar na esfera técnica minhas manifestações sobre mensagens de origem criminosa, cuja veracidade e autenticidade não reconhecemos, e que vêm sendo usadas para atacar a operação Lava Jato", diz o ofício encaminhado pelo procurador.

Uma série de supostas mensagens trocadas entre Dallagnol, Moro e outros procuradores da força-tarefa da Lava Jato vêm sendo publicados pelo site Intercept Brasil, que afirma ter recebido de uma fonte anônima um arquivo com milhares de textos, vídeos e áudios das comunicações do grupo. Recentemente, o material foi compartilhado também com o jornal Folha de S.Paulo e a revista Veja.

Os textos publicados até agora indicam o que seria uma participação de Moro nas investigações, com sugestões de ações e até indicações de testemunhas, o que levou a críticas de parcialidade ao juiz e à força-tarefa.

A comissão aprovou na semana passada um convite ao procurador para falar sobre o caso, por isso há espaço para o Dallagnol declinar de comparecer à comissão. Com a negativa, no entanto, o convite pode ser transformado em uma convocação, caso a comissão consiga aprová-la, o que obrigaria o procurador a comparecer.

FÉRIAS

Também envolvido na crise do vazamento de mensagens, o ministro da Justiça sai de licença não remunerada na semana que vem. Segundo sua assessoria, a licença para tratar de assuntos particulares foi concedida pelo presidente Jair Bolsonaro porque o ministro não tem direito a férias por ter começado a trabalhar apenas em janeiro.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa tem leve recuo, mas sela ganho semanal apoiado em estímulos na China
Dólar à vista fecha em baixa de 0,16%, a R$5,4363 na venda
Dow Jones fecha em alta recorde, com inflação moderada também impulsionando small caps
Ibovespa fecha estável, mas tem ganho semanal com estímulos da China em foco
Taxas sobem em DIs a partir de 2026 após dados fortes do mercado de trabalho
Brasil desenha proposta para atrair investimentos chineses em visita de Xi Jinping