Comissão tentará votar Previdência nesta semana, mas sempre existe risco de adiamento, diz Ramos
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da comissão especial que analisa a reforma da Previdência na Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), disse nesta segunda-feira acreditar que a proposta será votada pelo colegiado nesta semana, mas alertou que sempre há o risco de adiamento, uma vez que ainda há pontos em negociação.
Na terça-feira, líderes partidários, governadores, o relator da proposta, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tentarão chegar a uma solução sobre a extensão das novas regras previdenciárias a Estados e municípios. Só então haverá a leitura de uma complementação de voto na comissão, o que abre o caminho para a votação da proposta.
“Acho que votamos essa semana. Mas risco sempre existe”, disse Ramos à Reuters, questionado sobre a possibilidade de adiamento. “Vamos ver o clima amanhã”, acrescentou.
Além da questão envolvendo os entes federativos, a aposentadoria de carreiras da segurança pública é outro ponto de tensão, de acordo com a assessoria do presidente do colegiado.
Para Ramos, a mobilização pela flexibilização das novas regras, principalmente por parte de integrantes do PSL ligados às categorias, tem trazido dificuldades para a proposta.
“A tensão que cerca essas categorias, ao mesmo tempo que causa um impacto fiscal significativo, estimulará outros segmentos a pressionarem para ficar se fora da reforma”, afirmou o deputado, segundo texto encaminhado por sua assessoria.
À Reuters, o presidente da comissão avaliou ainda que manifestações como a de domingo não ajudam na negociação pela aprovação da reforma. “Essas manifestações atacando o Congresso são um equívoco”, afirmou.
No domingo, cidades brasileiras registraram manifestações em apoio ao ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, à operação Lava Jato, à reforma da Previdência e ao governo do presidente Jair Bolsonaro, e também tendo como alvo parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo uma fonte que acompanha os bastidores das conversas sobre a Previdência, tem aumentado o mal-estar no Parlamento em relação ao governo.
Recentes declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, criticando o texto produzido pelos deputados para reformar a Previdência provocaram irritação na Câmara, inclusive do presidente da Casa.
Paralelamente, a atuação do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, não tem agradado o chamado centrão, que também é alvo de defensores do governo.