Dólar bate máxima em uma semana em dia de atuação do BC, Fed e cautela local

Publicado em 25/06/2019 17:14

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou no maior patamar em uma semana frente ao real nesta terça-feira, impulsionado por sinalizações de que os juros nos Estados Unidos podem não cair tão rapidamente quanto se espera, enquanto notícias políticas internas reforçaram o viés de alta para a moeda norte-americana.

Os ganhos do dólar se deram num dia de forte alta no cupom cambial <FRCc1> --taxa de juros em dólar que serve como referência para a percepção de liquidez no mercado. A taxa chegou a alcançar o maior nível desde 9 de maio, depois de fortes saídas de recursos nos últimos dias.

A disparada no cupom chamou o Banco Central ao mercado, e a autoridade monetária injetou, em termos líquidos, 1 bilhão de dólares no mercado via leilão de moeda estrangeira com compromisso de recompra. 

O dólar à vista <BRBY> subiu 0,69%, a 3,8528 reais na venda.

É o maior nível desde 18 de junho (3,8597 reais) e a maior valorização desde o último dia 14 (1,16%).

Na B3, o dólar futuro <DOLc1> se apreciava 0,65%, para 3,8500 reais.

O mercado correu para compras de dólares sobretudo depois de autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) esfriarem apostas de cortes iminentes de juros. A queda global da moeda nas últimas semanas foi atribuída justamente ao reforço de perspectivas de alívio monetário nos EUA.

Juros mais baixos nos EUA melhoram a relação risco/retorno para aplicações em ativos de mercados mais arriscados, como os emergentes, o que pode estimular entrada de capital para o Brasil, por exemplo. Com isso, há aumento da oferta de dólar, o que tende a reduzir o preço da moeda.

Mesmo com as ressalvas do Fed nesta sessão, o Goldman Sachs ainda espera que o dólar se enfraqueça contra o euro <EUR=>, o que, segundo o banco, pode favorecer desmonte de posições compradas na divisa norte-americana frente a outras moedas.

Analistas lembram que a posição comprada em dólar contra real ainda é bastante relevante e tem dificultado alívio mais consistente na taxa de câmbio.

"Dentro do universo emergente, estamos mais otimistas com o real brasileiro, peso chileno, peso mexicano, rupia indiana e rublo russo", afirmaram estrategistas do Morgan Stanley.

Internamente, ruídos políticos ampararam a alta do dólar nesta sessão, com riscos de adiamento da votação da reforma da Previdência na comissão especial da Casa, prevista para esta semana, e a decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de julgar dois pedidos de liberdade apresentados pela defesa do ex-presidente Lula. 

(Por José de Castro; Edição de Isabel Versiani)

Fonte: Reuters

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