Bolsonaro: abro mão da reeleição se Brasil passar por reforma política
O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse na tarde de hoje (20), após participar da 27ª edição da Marcha Para Jesus, na capital paulista, que abriria mão da reeleição se o Brasil passar por uma séria reforma política. "Agora se não tiver uma boa reforma política e o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos".
Durante seu discurso, Bolsonaro disse que o estado é laico, mas o presidente é cristão. "Vocês [evangélicos] foram decisivos para mudar o destino dessa pátria maravilhosa chamada Brasil. Todos nós compartilhamos dessa responsabilidade, onde primeiro Deus, depois a família respeitada e tradicional acima de tudo".
Aos evangélicos, Bolsonaro disse que todos sabem que o Brasil tem problemas sérios de ética, moral e economia, mas entende ser possível reverter essa condição.
"Podemos ser o ponto de inflexão mas entendemos que é possível fazer com que um dia o Brasil seja colocado no local de destaque que merece".
Entrevista a jornalistas
Bolsonaro disse à imprensa que pegou o Brasil arrebentado economicamente e que o governo está trabalhando para reverter a situação.
"Não há ato de corrupção no meu governo. Quem cria emprego não é presidente, é a iniciativa privada. Nós queremos que, uma vez que os empreendedores tenham confiança em nós, eles invistam", disse o presidente.
Bolsonaro tornou a minimizar o caso de vazamentos de supostas conversas do ministro da Justiça, Sergio Moro, e disse que Moro é um patrimônio nacional, responsável por um excelente trabalho após o que chamou de saque no Brasil, resultado da corrupção. "O juiz conversa com ambas as partes. Se é que é verdade aquilo, não vejo nada demais. Eu jamais vou inquiri-lo".
Quando questionado sobre declarações do ex-ministro general Calos Alberto Santos Cruz de que há muita bobagem no governo, Bolsonaro disse que o general é página virada. "Ele integrou o governo por seis meses e nunca disse que tinha bobagem lá dentro".
O presidente ressaltou ainda que sobrevoou a cidade de Miracatu, no Vale do Ribeira, e verificou a existência de montanhas de grafeno (substância extraída de camadas superficiais de grafite e que, pelas suas propriedades físicas tem diversas aplicações tecnonológicas), matéria-prima que o mundo inteiro quer. "Falta uma tecnologia um pouco mais apurada para que se tire o grafeno de lá".
Marcha para Jesus
A Marcha para Jesus é um aberto à população e tem como objetivo reunir igrejas cristãs do país e do mundo. O encontro começou com uma caminhada que saiu do estação Metrô Luz, na região central da capital paulista, às 10h, e seguiu em direção à Praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira, próximo ao Campo de Marte, na zona norte de São Paulo.
Participaram do percurso de 3,5 quilômetros, 10 trios elétricos acompanhados por mais de 3 mil caravanas de várias partes do país. O evento recebeu dezenas de bandas, cantores e cantoras do segmento gospel.
Por Rovena Rosa/Agência Brasil
Bolsonaro diz que está à disposição para buscar reeleição caso não haja "boa" reforma política (Reuters)
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que está à disposição para tentar a reeleição em 2022 caso o Congresso não faça uma "boa reforma" política e, ao participar da Marcha para Jesus, em São Paulo, defendeu temas caros à sua base, como porte de armas e fim dos radares eletrônicos.
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"Se tiver uma boa reforma política, eu posso até, nesse caso, jogar fora a possibilidade de reeleição, posso fazer isso aí. Agora, se não tiver uma boa reforma política, se o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos", disse o presidente a jornalistas ao participar do evento que reúne milhares de evangélicos na capital paulista.
O presidente também rebateu declarações dadas pelo general Carlos Alberto Santos Cruz, que deixou o comando da Secretaria de Governo nesta semana e classificou a gestão Bolsonaro em entrevista à revista Época como "um show de besteiras".
"Eu não li ainda. Caso Santos Cruz é página virada", disse o presidente inicialmente. "Não sei o que ele falou, ele integrou o governo por seis meses e nunca falou que tinha bobagem lá dentro", disse Bolsonaro.
Bolsonaro demonstrou irritação com a pergunta sobre Santos Cruz e também expressou incômodo com questionamentos relacionados à divulgação de supostas mensagens entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, --a quem chamou de "patrimônio nacional"-- e procuradores da operação Lava Jato.
Exaltado, o presidente criticou jornalistas e sugeriu o que deveriam perguntar.
"Faz uma pergunta inteligente, meu Deus do céu. Como é que está o Brasil, o que é que a gente está fazendo, a esperança, a Previdência", disparou.
"Vocês querem voltar ao que era antes? A imprensa aqui é Lula Livre? É Lula Livre, é um bandido livre, condenado por três instâncias? Pelo amor de Deus, vamos ser coerentes. Por isso cada vez mais a imprensa cai em descrédito no Brasil."
O presidente defendeu a medida provisória editada por seu governo que retira da Fundação Nacional do Índio (Funai) a responsabilidade pela demarcação de terras indígenas --após a proposta já ter sido rejeitada pelo Congresso-- assim como o decreto que flexibiliza o porte de armas e que já teve aprovada sua derrubada pelo Senado.
"Quem demarca terras indígenas sou eu, não é nenhum ministro. Quem manda sou eu. Nessa questão e em tantas outras", disse.
"Votaram contra o decreto (das armas) ou contra o presidente Bolsonaro, para dar um recado para mim? Ninguém dá recado para mim, eu converso com o Parlamento numa boa. Se alguns querem dar um recado para mim, estão agindo de forma errada", afirmou.
Bolsonaro também voltou a criticar o que chama de indústrias da multa, referindo-se às punições ambientais aplicadas pelo Ibama e às penalidades impostas por radares eletrônicos por excesso de velocidade.
O presidente chegou a afirmar que, ao retirar radares eletrônicos de estradas federais, está ajudando a reduzir a inflação.
"Não tem mais o Ibama multando os outros por aí. Não tem mais o Ibama atrapalhando quem quer produzir. Acabou essa brincadeira. Como estamos tirando das costas de vocês a multagem eletrônica, indústria da multa. Quem tem prazer de dirigir aqui no Brasil? Só multa em cima de multa", defendeu.
"Hoje em dia quem produz já coloca na planilha de custo o preço da multa. Dessa maneira, estamos ajudando a diminuir a inflação."