EUA e China precisam mudar curso de disputa comercial para ajudar economia, diz OCDE

Publicado em 21/05/2019 08:58

Por Leigh Thomas

PARIS (Reuters) - O crescimento econômico da China e dos Estados Unidos pode ser 0,2% a 0,3% menor em 2021 e 2022 se os dois países não voltarem atrás com as tarifas em sua disputa comercial, que vem prejudicando as perspectivas econômicas globais, disse a OCDE nesta terça-feira.

O presidente dos EUA, Donald Trump, elevou as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em importações chinesas de 10% para 25%, enquanto Pequim disse que vai reagir elevando as taxas sobre 60 bilhões de dólares em produtos norte-americanos.

A economia global deve crescer apenas 3,2% este ano, já que o crescimento dos fluxos de comércio caiu quase pela metade em 2019, para apenas 2,1%, disse a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em sua perspectiva econômica bianual.

Esse seria o ritmo mais lento do crescimento econômico global desde 2016 e ligeiramente abaixo da última previsão da organização com sede em Paris em março, de um crescimento de 3,3%.

A economia mundial deve se sair um pouco melhor no próximo ano, com uma taxa de crescimento de 3,4%, mas somente se os Estados Unidos e a China recuarem dos aumentos de tarifas anunciados neste mês.

A OCDE disse que o crescimento na China e nos Estados Unidos poder ser de 0,2% a 0,3% menor em média até 2021 e 2022 se as duas nações não mudarem o curso na disputa comercial.

Sem levar em conta a última rodada de aumento de tarifas, a OCDE previu que os Estados Unidos ultrapassarão outras grandes economias desenvolvidas com um crescimento de 2,8% este ano, acima dos 2,6% projetados pela organização em março.

A maior economia do mundo deve sofrer uma desaceleração para 2,3% no ano que vem, mesmo que os novos aumentos tarifários não tenham sido considerados.

A China, que não é um país da OCDE, tem procurado estimular sua economia, mas o crescimento ainda deve cair de 6,2% este ano para 6,0% em 2020, a menor taxa em 30 anos para a segunda maior economia do mundo.

Investidores globais estão observando atentamente para ver quanto mais apoio Pequim vai injetar para sustentar o crescimento depois que a China já afrouxou a política monetária, cortou impostos e permitiu que governos locais emitissem títulos especiais para financiar projetos de infraestrutura.

A economia dependente das exportações do Japão está sofrendo com a queda nos fluxos comerciais, com crescimento esperado de apenas 0,7% em 2019 e 0,6% em 2020, abaixo das previsões de março da OCDE de 0,8% e 0,7%, respectivamente.

A zona do euro também está pagando um preço alto pela desaceleração do comércio global, com seu crescimento visto este ano em 1,2% antes de subir para 1,4%. A previsão é ligeiramente melhor do que os 1,0% e 1,2% esperados em março, já que a crise da Itália se mostra um pouco menos severa do que se esperava anteriormente.

Enquanto isso, a OCDE elevou a previsão de crescimento do Reino Unido para 1,2% este ano, ante 0,8% anteriormente, já que a perspectiva de saída britânica da União Europeia foi adiada. O crescimento do Reino Unido deverá cair para 1,0%, uma projeção marginalmente melhor do que os 0,9% esperados em março.

Fonte: Reuters

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