Por unanimidade, 5ª Turma do STJ mantém condenação a Lula no caso do tríplex, mas reduz pena para 8 anos e 10 meses

Publicado em 23/04/2019 08:51

BRASÍLIA (Reuters) - Os ministros da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiram, por unanimidade, manter a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas reduziram a pena imposta anteriormente ao petista no processo da operação Lava Jato sobre o tríplex do Guarujá (SP), de 12 anos e 1 mês de prisão para 8 anos, 10 meses e 20 dias.

Com a diminuição da pena, o ex-presidente poderia conquistar o direito a cumprir a pena em regime semiaberto em setembro deste ano. O preso pode ser autorizado a ir para um regime mais benéfico após cumprir um sexto da pena. A defesa terá de fazer o pedido, que caberá ao juiz da Vara de Execução Penal decidir se autoriza após avaliar uma série de circunstâncias.

O ex-presidente está preso desde 7 de abril do ano passado na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR). No caso do semiaberto, ele teria direito a deixar a prisão de dia, mas teria de passar à noite nela. O colegiado do STJ manteve os termos da condenação a Lula confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) em janeiro do ano passado.

O relator do caso no STJ, Felix Fischer, defendeu a manutenção da prisão de Lula após a condenação em segunda instância, mas decidiu diminuir a pena aplicada pelo TRF-4 para os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele entendeu que houve um aumento maior do que o necessário para os dois delitos ao deixar de aplicar alguns agravantes que seriam causas de elevação da pena.

Nas redes sociais, o julgamento do ex-presidente pelo STJ repercutiu bastante. Entre os assuntos mais comentados no Twitter estavam hashtags #LulaLivreJá, de apoiadores do petista, e #LulanaCadeia, de críticos do ex-presidente, com comentários do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro --um dos maiores críticos de Lula.

A nova pena do ex-presidente no caso do tríplex é menor do que a condenação imposta a ele na primeira instância. O então juiz federal da Lava Jato no caso, o agora ministro da Justiça, Sérgio Moro, havia condenado inicialmente Lula a 9 anos e 6 meses de prisão.

SEGUNDA INSTÂNCIA

A decisão do STJ de reduzir a pena de Lula deverá reduzir a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar a constitucionalidade da prisão em segunda instância. No início do mês, o presidente da corte, Dias Toffoli, havia retirado da pauta da Corte o julgamento de ação sobre o tema, acatando pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

A pauta de julgamentos previstos para o primeiro semestre deste ano, divulgada em dezembro de 2018, previa para 10 de abril o julgamento da possibilidade de se determinar a prisão de condenados em segunda instância sem direito a recurso.

O ex-presidente Lula é réu em seis ações penais, além das condenações pelos casos do tríplex e do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo.

No Globo, Lula terá de enfrentar a condenação no caso do sitio de Atibaia

A possibilidade de Lula deixar a cadeia em setembro deste ano depende de um outro julgamento. Em fevereiro deste ano, o ex-presidente foi condenado pela juiza Gabriela Hardt, então na 13ª Vara Federal de Curitiba, a 12 anos e 11 meses de prisão também pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso que envolve o sítio de Atibaia. Se o Tribunal Regional Federal (TRF-4) confirmar a condenação antes de setembro deste ano, Lula, provavelmente, deve ser mantido na superintendência da PF em Curitiba. (O Globo).

O ex-presidente pode voltar a disputar eleição?

É improvável. O petista está inelegível por até oito anos após o cumprimento da pena com base na Lei da Ficha Limpa. Como teve sua pena reduzida no caso do tríplex do Guarujá pelo STJ para oito anos e dez meses, o petista ficaria sem poder se candidatar por 16 anos.  Ou seja, ele não pode se candidatar até 2034.

Se for para o semiaberto, onde Lula poderia cumprir o restante da pena?

Pela lei, a progressão para o regime semiaberto permite ao preso trabalhar de dia e dormir na cadeia. Em tese, Lula poderia permanecer em Curitiba e dormir à noite na sede da PF, onde está desde abril do ano passado. A expectativa, porém, é que o petista cumpra a pena em domicílio. A casa do petista fica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

Uma nova condenação no caso do sítio de Atibaia pode dificultar a saída de Lula da cadeia?

Sim. Caso a condenação do petista seja confirmada pela segunda instância, que é o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), a Justiça pode pedir a execução da pena do petista de imediato. Para que isso ocorra, porém, o TRF4, responsável pela análise das apelações dos réus da Lava-Jato, teria que julgar o caso do petista até setembro.

O julgamento da prisão em segunda instância no Supremo Tribunal Federal (STF) pode alterar a situação de Lula?

No momento, não. Isso porque Lula teve a condenação mantida pela terceira instância, no caso o STJ. Uma mudança como essa poderia ter efeito sobre o processo do sítio de Atibaia, na hipótese de que a condenação do ex-presidente seja mantida pelo TRF--4. Em fevereiro, Lula foi sentenciado no processo do sítio a 12 anos e 11 meses de prisão.

Condenação de Lula confirmada no STJ em 3a. instancia (por Ascanio Seleme, de O GLOBO)

Lula foi condenado na terceira instância da Justiça brasileira. Os petistas que comemoram a redução da pena do ex-presidente deveriam considerar o resultado do julgamento do STJ como uma derrota, nunca como uma vitória eventual, em razão de ele estar agora mais perto de uma prisão em regime semi-aberto. Com este resultado, Lula foi considerado culpado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do Triplex do Guarujá.

No ano passado, a esta altura, o PT insistia na inocência de Lula, considerava que o seu julgamento e condenação em duas instâncias tinham natureza política e buscava reparação em foros internacionais. Recursos foram impetrados até mesmo na  ONU.

A redução da pena do ex-presidente ocorreu em tamanho quase inversamente proporcional ao aumento dado a ela pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em janeiro do ano passado. Aumento ou redução da pena de prisão diz muito, mas não diz tudo. Embora o resultado de hoje seja muito importante para as pretensões de liberdade do condenado, o fato é que os crimes apontados pelo Ministério Público foram de fato cometidos, na visão agora da terceira instância.

Os advogados e o partido do ex-presidente querem agora anular todo o processo por entenderem que o resultado do julgamento no STJ mostra que a pena original foi exagerada. Assim, o PT aparentemente aceita que houve o crime, mas considera que sua punição foi muito além do normal. O PT avisa que vai ao STF buscar esta reparação. É justo, Lula ainda não foi condenado na quarta e última instância.

Fonte: Reuters/O Globo

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall Street sobe após dados de inflação dos EUA; small caps avançam
Ibovespa sobe em sessão volátil após dados de inflação nos EUA
Wall Street abre em leve alta após dados de inflação dos EUA
Dólar fica estável frente ao real apesar de apetite por risco no exterior
Brasil abre 232.513 vagas formais de trabalho em agosto, acima do esperado
Crescimento mais lento da China pode ser problema para commodities e emergentes, diz Campos Neto