Riscos ainda estão pendendo para crescimento econômico mais baixo, diz Campos Neto
Por Jamie McGeever
NOVA YORK (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira que os riscos ainda estão pendendo para uma expansão econômica mais baixa, ressaltando que a recuperação é gradual, mas não exatamente como esperava o governo.
Falando em conferência promovida pela XP Investimentos em Nova York, ele afirmou que a missão do BC é atingir a meta de inflação, não o crescimento. E ressaltou que a autoridade monetária não tomará riscos na manutenção da inflação sob controle.
Em apresentação divulgada mais cedo pelo BC, Campos Neto já havia destacado que o crescimento econômico dependia de muitos fatores, destacando entre eles a aprovação da reforma da Previdência.
Campos Neto também citou a necessidade de reformas para aumento da produtividade, envolvendo impostos, abertura comercial e melhoria do ambiente de negócios.
"É um trabalho do governo e da sociedade como um todo", afirmou ele, segundo a apresentação. "Reduzir a incerteza e melhorar a confiança são condições necessárias para uma recuperação sustentável."
Durante a conferência, Campos Neto avaliou que, se as reformas forem feitas corretamente, o real vai se fortalecer "não porque queremos, mas como uma consequência".
O presidente do BC disse ainda que a autoridade monetária não tem meta cambial, mas monitora a liquidez do mercado.
Já em relação às reservas internacionais, hoje na casa de 382,8 bilhões de dólares, Campos Neto voltou a avaliar que elas têm sido um seguro muito bom para o país, a um custo mínimo.
A expectativa é que as reformas sejam aprovadas e, depois disso, o BC analisará o impacto que isso terá na política de reservas cambiais, acrescentou ele.
POLÍTICA MONETÁRIA
No início da tarde, o BC publicou apontamentos de Campos Neto que serão guia para suas falas durante toda viagem aos Estados Unidos, até o dia 14.
No documento, Campos Neto repetiu a importância da manutenção de "cautela, serenidade e perseverança" na condução da política monetária.
Com a Selic estacionada na mínima histórica de 6,5 por cento há mais de um ano, o presidente do BC também voltou a destacar que o balanço de riscos para a inflação está simétrico, em meio a um ritmo de crescimento econômico aquém do esperado, mas reiterou que o BC precisa de mais tempo para avaliar o cenário antes de eventuais ajustes nos juros básicos.
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