Dólar crava 4ª queda seguida ante real, à espera de fluxo e agenda de reformas

Publicado em 02/04/2019 17:15

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar engatou nesta terça-feira a quarta queda consecutiva frente ao real, afastando-se mais dos picos em seis meses alcançados na semana passada, conforme investidores reagiram a expectativas de ingressos de recursos, mas sem tirarem atenção do noticiário envolvendo a reforma da Previdência.

O dólar negociado no mercado interbancário fechou em queda de 0,50 por cento, a 3,8569 reais na venda. Ao longo do dia, a cotação oscilou entre 3,8490 reais (-0,70 por cento) e 3,8800 reais (+0,10 por cento).

Na semana passada, o dólar chegou a superar os 4 reais durante os negócios, antes de terminar a 3,9545 reais, maior patamar desde outubro do ano passado.

Desde então, a moeda norte-americana registrou quatro quedas consecutivas, acumulando desvalorização de 2,47 por cento. A divisa, porém, ainda está 5,41 por cento acima da mínima deste ano (de 3,6588 reais, marcada em 31 de janeiro), sinal de que uma parte importante do prêmio de risco acumulado com o aumento da incerteza com a Previdência prossegue.

No mercado futuro da B3, a referência do dólar tinha alta de 0,12 por cento nesta terça-feira, a 3,8640 reais.

A aparente divergência entre as cotações nos mercados à vista e futuro está ligada ao descasamento entre horários de fechamento de ambos e tem sido mais notável desde a semana passada, quando por vezes novas notícias relacionadas à reforma previdenciária vieram à tona após o término das operações de câmbio no mercado spot.

O dólar interbancário tem operações finalizadas às 17h (horário de Brasília), enquanto o último negócio no mercado futuro ocorre até 18h.

"Mas hoje o dólar spot ficou 'pesado' por causa das notícias sobre fluxo", disse um operador de tesouraria de um banco paulista.

A JBS informou nesta terça-feira que precificou 1 bilhão de dólares em bônus com vencimento em 2029, com taxa de 6,5 por cento, pela JBS USA Lux S.A., JBS USA Finance, Inc e JBS USA Food Company, subsidiárias integrais da companhia.

A defesa da reforma da Previdência expressada nesta terça-feira por autoridades do governo, entre elas o presidente da República, Jair Bolsonaro, também ajudou a estimular venda de dólares.

As atenções do mercado se voltam agora para a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. A CCJ é a primeira parada do texto que muda as regras das aposentadorias, visto como crucial para a retomada da sustentabilidade das contas públicas do país.

Apesar do peso dos eventos internos sobre o preço do dólar, analistas ponderam que o mercado de câmbio doméstico segue bastante influenciado pelos eventos externos. Mais recentemente, uma série de moedas emergentes sofreu com o aumento da aversão a risco, diante dos receios de enfraquecimento adicional da economia global.

Em estudo, o Goldman Sachs coloca o real entre as moedas mais afetadas pelos ruídos externos, junto com as divisas da África do Sul, Turquia, México e Rússia. O Goldman estima dólar de 3,60 reais num horizonte de seis meses.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

BTG eleva projeção para Selic após fala de Campos Neto reforçar tom duro do Copom
Wall St fecha em alta com dados econômicos positivos dos EUA
Dólar cai ante real após China sinalizar mais estímulos econômicos
Ibovespa avança com suporte de Vale, mas Petrobras mina alta maior
Taxas de janeiro 2026 e janeiro 2027 têm alta firme em dia de avanço dos yields e fala de Campos Neto
Índice europeu STOXX 600 atinge recorde de fechamento com estímulo da China