Marun diz que Temer pode ser vítima de disputa entre STF e Lava Jato

Publicado em 22/03/2019 14:18

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ex-presidente Michel Temer, preso na quinta-feira, pode estar sendo vítima de uma disputa “nada republicana” entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Lava Jato, disse nesta sexta-feira o ex-ministro Carlos Marun.

Segundo Marun, Temer está triste e inconformado com a prisão que ele classificou como ilegal, arbitrária e sem justificativa.

“Tristeza e inconformado. Esse é o estado de espírito do presidente“, disse Marun a jornalistas.

O ex-ministro de Temer disse que os reais objetivos da operação precisam ficar claros para a população. Marun usou uma figura de linguagem para interpretar a prisão do ex-presidente, que, segundo ele, virou “um marisco entre o mar e o rochedo”.

"É evidente que existe uma queda de braço entre STF e Lava Jato. Isso é óbvio, e talvez o presidente esteja sendo vítima dessa disputa”, afirmou.

Na semana passada, o STF decidiu que casos de caixa 2 de campanhas eleitorais, que foram alvos importantes de investigações da Lava Jato, podem ser deslocados para a Justiça Eleitoral. A medida foi vista como uma tentativa de enfraquecimento da operação Lava Jato.

Segundo Marun, o ex-presidente está sendo tratado com dignidade e respeito e se encontra detido numa sala de cerca de 20 metros quadrados com banheiro privativo na sede da PF do Rio. Temer dormiu e se alimentou, disse Marun, mas não teve uma noite tranquila, ao manifestar preocupação com esposa, filhos e neta.

“A expectativa é que rapidamente se faça justiça e o habeas corpus saia hoje ou nos próximos dias”, disse o ex-ministro, que pôde visitar Temer argumentado que é advogado, embora não esteja na equipe de defesa do emedebista.

O advogado Thiago Machado, da defesa formal de Temer, disse que "o ex-presidente está sereno e confiante de que os equívocos que ensejaram a sua prisão serão reparados com a maior brevidade possível".

A expectativa da defesa gira em torno sobre o pedido de habeas corpus apresentado no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), apresentado na quinta-feira e cuja decisão deve ocorrer nesta sexta.

Temer foi preso na quinta-feira pela PF, em São Paulo, no âmbito da operação Descontaminação, braço da Lava Jato que apura irregularidades na Eletronuclear, e foi acusado por procuradores do Ministério Público Federal de chefiar uma organização criminosa que atua há 40 anos desviando recursos públicos e cujas propinas recebidas e promessas de vantagens somam 1,8 bilhão de reais.

Ao chegar para visitar Temer nesta sexta-feira, Marun disse que na véspera o emedebista estava "extremamente indignado".

"Estive aqui ontem, encontrei o presidente extremamente triste e até indignado, porque como conhecedor do direito que ele é, ele sabe que esta sendo alvo de uma prisão arbitrária e ilegal", disse Marun.

“Não interessa o que pensam os procuradores, o que interessa são as provas. O que eles dizem pouca validade tem e nada foi comprovado. O presidente é um homem digno, honrado e tem patrimônio absolutamente compatível com a sua renda”, acrescentou.

Também foram presos na operação, que apura propinas pagas em troca de contratos de obras na usina nuclear de Angra 3, o ex-ministro Moreira Franco, aliado de longa data do ex-presidente e que ocupou os ministérios de Minas e Energia e da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo do emedebista, e o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo João Batista Lima Filho, amigo pessoal e apontado como operador financeiro de Temer.

Fonte: Reuters

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