Investidores correm do risco por dificuldades com Previdência por militares e prisão de Temer
Os mercados financeiros vão abrir os negócios sexta-feira com menor disposição aos riscos. Os negociantes venderam ações e compraram dólar nesta quinta (21) correndo das dificuldades que a reforma da Previdência pode enfrentar, já evidenciadas desde a quarta à tarde, e se agravaram com a prisão do ex-presidente Michel Temer. O exterior também não ajudou.
O Ibovespa perdeu1,32% e voltou para quase 4 mil pontos a menos dos eufóricos 100 mil que a B3 alcançou há 3 dias e o Ibovespa Futuros perdia mais de 1%. O dólar andou boa parte do dia em alta de mais de 1%, com picos acima de 1,5%, acabou cotado acima de R$ 3,80, com pouco mais de 0,90% de alta.
Na entrega das propostas de mudanças previdenciárias dos militares também os parlamentares ficaram conhecendo o anúncio que o governo dará à caserna, como forma de compensar aumento de 7,5% para 10,5% nas contribuições, além de 30 para 35 anos no tempo de contribuição.
Mas o escalonamento, mais o aumento dos soldos especialmente, deixaram flagrante que a economia que se esperava na Previdência com os militares caiu bem, para algo como quase R$ 11 bilhões.
Junto com isso, a percepção de que vão aumentar as pressões de outros grupos da sociedade civil - com regras mais duras e já conhecidas de transição, tempo de contribuição e alíquotas -, buscando formas de isonomia.
Com os deputados já divididos, mais uma presidência da Câmara - Rodrigo Maia (DEM-RJ) - sensível à reforma mas também mais sensível aos seus pares, e sempre disposto a enfrentar o Executivo, soma-se a temerosa repercussão da prisão de Temer sobre o MDB.
Já se avalia que o partido do ex-presidente, levado como prisioneiro para o Rio junto com seu ex-ministro, Moreira Franco, no âmbito da Operação Lava-Jato, possa criar dificuldades para o andamento das propostas do governo Jair Bolsonaro. Lembrando que Operação Lava-Jato é sinônimo do hoje ministro da Justiça Sérgio Moro, que Temer não queria nem ouvir o nome enquanto esteve como juiz em Curitiba.
Exterior
Enquanto o Brexit corre contra o tempo e pode ser adiado até maio ou mesmo o final de ano, segundo os líderes europeus, a outra ponta do noticiário econômico mundial, a mais importante, traz poucas novidades: negociações EUA versus China.
Poucos avanços aconteceram de fato e mesmo que haja nova rodada de encontros de escalões superiores dos dois países, os mercados estão mais cautelosos. Apesar de Pequim seguir sempre otimista, Donald Trump voltou a avisar que as taxações poderiam voltar caso acordos que venham a ser conduzidos não sejam cumpridos.