China x EUA: Acordo estaria pronto para ser assinado em meados de março por Xi e Trump

Publicado em 01/03/2019 16:43

A agência internacional de notícias Bloomberg informou que China e Estados Unidos estariam, finalmente, na fase final de suas negociações e prontos para assinar um acordo em meados de março. Trata-se de uma ordem executiva de aproximadamente 150 páginas e que precisaria de mais alguns ajustes para que seja, enfim, assinada por Donald Trump e Xi Jinping.

Isso se dá, ainda segundo a agência, mesmo com alguns debates ainda acontecendo em Washington sobre alguns pontos em que Pequim poderia fzer algumas concessões. Agora, representantes de dois países arranjam para que seja definida uma data de ida de Xi à Flórida para uma reunião com o presidente americano. 

O acordo, como explicaram especialistas, conta com os seis pontos do Memorando de Entendimento que foi definido na última ida da delegação chinesa à capital americana, incluindo os pontos de consenso definidos sobre a questão da propriedade intelectual. 

Larry Kudlow, assessor econômico da Casa Branca, acredita que os EUA estão prestes a concordar com um pacto histórico, que poderia, inclusive, obrigar o governo chinês a cortar os subsídios de empresas estatais e a divulgar quando seu banco central intervier no mercado de câmbio. 

O acordo prevê ainda que a China garanta compras de US$ 1,2 trilhão de dólares em produtos dos EUA nos próximos 6 anos para reduzir o déficit comercial dos chineses com os americanos. 

Segundo analistas e especialistas da ARC Mercosul, esse montante incluiria a compra já informada na semana passada adicional de US$ 30 bilhões pela nação asiática em produtos agrícolas dos EUA, o que levaria o total anual bruto a US$ 50 bilhões. O acordo, afinal, também já estaria prevendo a retirada da tarifa de 25% sobre a soja americana por parte da China

"Essa demanda é considerável e mudaria completamente o panorama da agricultura dos EUA, o que é, diga-se de passagem, altistas para os preços, com a China sendo ameaçada com a devolução das tarifas, caso não mantivessem seu compromisso anual de compra de produtos americanos", dizem os analistas da ARC. 

Em cima dessas expectativas, as ações tanto no mercado financeiro chinês quanto no americano subiram nesta sexta-feira, porém, com um mercado ainda bastante cauteloso diante de tantos rumores e nenhuma confirmação em uma disputa que já dura um ano. 

Segundo Stefan Tomkiw, analista de mercado da consultoria internacional Société Genéralé, o contexto começa a ficar mais favorável para os Estados Unidos e exige atenção no Brasil. 

Como explica o executivo, a efeitvação desse acordo, como há muito se comenta, poderia acelerar a demanda chinesa pela soja americana, em detrimento da brasileira, o que seria consideravelmente positivo para os preços na Bolsa de Chicago. 

"A bolsa reflete muito mais uma realidade local de oferta e demanda", diz Tomkiw. Dessa forma, explica ainda que mesmo que com isso os prêmios sejam ainda mais pressionados no Brasil, a compensação poderia vir para o produtor brasileiro, com futuros mais altos na CBOT. 

Além disso, ainda é preciso que tudo isso entre em vigor e comece a valer para provocar qualquer efeito prático e duradouro no mercado, segundo o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira. 

"O mercado só irá reagir ao otimismo quando Xi Jinping confirmar a agenda para o encontro na Flórida, em meados de março. Já temos um ano de novela. A especulação calejou! Não vai ser noticiário que vai sustentar os preços", diz Pereira.

/FOLHA DE S. PAULO

China e Estados Unidos estão próximos de acordo que pode encerrar guerra comercial

China e Estados Unidos estão na etapa final para fechar um acordo comercial, após Pequim sinalizar redução de tarifas e outras restrições a produtos agrícolas, químicos, veículos e outros itens americanos. Como contrapartida, Washington considera remover muitas, talvez todas, as sanções impostas contra produtos chineses desde o ano passado. Acordo pode encerrar guerra comercial travada há um ano.

O acordo está sendo desenhado desde um encontro realizado em Washington, em fevereiro, afirmaram pessoas dos dois países envolvidas com as negociações ao The Wall Street Journal. Elas alertaram que ainda existem obstáculos, e cada lado pode enfrentar resistências domésticas que considerem os termos do acordo muito favoráveis ao outro país.

Apesar das possíveis restrições, as conversas avançaram o suficiente para que um acordo formal possa ser fechado em um encontro entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, provavelmente em 27 de março, depois que Xi encerrar sua viagem por Itália e França.

No domingo passado, Trump havia anunciado que as negociações estavam avançando e, por isso, adiaria o novo aumento tarifário previsto para 1º de março. Além disso, ele afirmou que a reunião de cúpula com Xi deveria ocorrer em seu resort de luxo em Mar-a-Lago, na Flórida. (LEIA MAIS NA FOLHA)

 

Indefinição nas conversas entre EUA e China inibiram exportações de soja do Brasil em março (Reuters)

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil podem cair em março ante igual mês do ano passado, em meio a notícias de vendas da oleaginosa dos Estados Unidos à China. Há, neste momento, pouco interesse de brasilerios em negociar devido às indefinições na guerra comercial, e também pela própria produção menor no país, segundo especialistas e dados da programação de navios.

O cenário para março, que pode inibir também os negócios nos próximos meses, segundo especialistas, contrasta com a situação de um ano atrás. Nesta época em 2018, o Brasil colhia uma safra recorde e a guerra comercial, que posteriormente levaria Pequim a recorrer à oleaginosa brasileira em vez da norte-americana, começava a aparecer no radar.

Embora a disputa entre as duas maiores economias do mundo não esteja totalmente resolvida, algumas compras de soja têm sido acertadas entre as partes, enquanto uma trégua comercial foi estabelecida e as negociações continuam.

Há uma semana, a China se comprometeu a comprar mais 10 milhões de toneladas de soja norte-americana, segundo uma autoridade do USDA, o que indica mais competição para o Brasil.

Em janeiro, por exemplo, as importações da commodity norte-americana pelos chineses já quase dobraram ante dezembro, ainda que os volumes tenham continuado relativamente pequenos.

É nesse sentido que o mercado brasileiro passa a considerar impactos em suas exportações da commodity.

"Temos 7,3 milhões de toneladas de soja nos line-ups (de navios no Brasil). Seguramente, já um pouco afetados pelas compras de soja americana (pela China)", disse Frederico Humberg, presidente da comerciante de grãos Agribrasil.

Caso se confirme, o volume ficaria abaixo dos quase 9 milhões de toneladas de março de 2018, ano em que o Brasil bateu recorde de vendas externas da oleaginosa, com cerca de 84 milhões de toneladas.

Para o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, "a preocupação é muito grande... porque agora vamos ter de competir com eles (EUA) no primeiro semestre".

"Eles estão fechando pequenos acordos com a China, mas estão soltando aos poucos seus estoques. Alguém com quem você nunca disputou no primeiro semestre, agora vai ter de disputar. E esse estoque norte-americano vai ter de sair de algum jeito", afirmou Mendes.

Em se tratando de vendas de soja, os EUA são geralmente mais fortes no último trimestre do ano, logo após a colheita local. Mas em 2018 comercializaram uma quantidade muito pequena em virtude da guerra comercial com a China, seu tradicional comprador de soja.

Com isso, passaram a deter estoques recordes de soja, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

"Está todo mundo (nos EUA) esperando a guerra comercial ser finalizada para vender soja... O acordo que vai ser costurado é que vai ser o problema", comentou o analista Tarso Veloso, da Arc Mercosul, em Chicago, especulando sobre se a negociação levaria em conta os volumes estocados da safra velha.

"Hoje os americanos estão muito confiantes de que vão dar a volta e de que vão sair por cima dos brasileiros."

QUESTÕES INTERNAS

Se lá fora a competição com os EUA levanta receios, no Brasil o interesse por vender também atrapalha o escoamento da safra, cuja colheita está bem adiantada na comparação anual.

Fraqueza nas cotações na Bolsa de Chicago e um dólar pouco interessante a negócios têm levado produtores a segurar as vendas já há algumas semanas.

"O pessoal não está vendendo nada. Semana passada o prêmio melhorou e depois caiu. As pessoas que tinham compromisso fizeram (a venda) por necessidade. Ninguém está querendo vender. Esses preços de agora não remuneram a atividade. A colheita está antecipada em 15 dias. (Historicamente) as pessoas não têm vencimentos ainda neste momento", disse o diretor-presidente da cooperativa Coacen, em Sorriso (MT), Evandro Lermen.

Uma fonte de um grande empreendimento agrícola na região de Nova Mutum, também em Mato Grosso, principal Estado brasileiro produtor de soja, disse que as poucas vendas realizadas têm sido da "mão para a boca", uma vez que os produtores aguardam melhores momentos.

"Alguns negócios começaram a sair, pois certos produtores não têm como estocar a soja... O produtor que vendeu é o que tem que pagar contas. Estamos com 45 por cento da safra vendida. É o que eu precisava vender. Os 55 por cento que restam eu consigo guardar", acrescentou a fonte, pedindo anonimato.

Em paralelo, algo que também prejudica as exportações brasileiras de soja, mesmo que pontualmente, é a própria safra menor no país.

Esperava-se que o país colhesse um recorde de mais de 120 milhões de toneladas de soja em 2018/19, mas a seca e as altas temperaturas entre dezembro e janeiro afetaram as lavouras em diversas regiões, sobretudo no Paraná e em Mato Grosso do Sul.

Na mais recente pesquisa da Reuters, consultorias e entidades projetaram uma colheita de 114,6 milhões de toneladas, queda de 4 por cento frente 2017/18.

(Por Ana Mano, Roberto Samorae e José Roberto Gomes)

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters

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