Maduro diz que fechará fronteira com Brasil, ameaça fechar passagem para Colômbia
CARACAS (Reuters) - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que o governo vai fechar a fronteira do país com o Brasil nesta quinta-feira à noite, depois que o governo brasileiro prometeu enviar ajuda humanitária para o país vizinho, e também ameaçou fechar a fronteira com a Colômbia, diante dos planos da oposição de trazer ajuda humanitária apesar de sua objeção.
Em declarações na televisão, Maduro disse que o armazenamento de ajuda para a Venezuela na cidade colombiana de Cúcuta, que faz fronteira com o país, foi uma "provocação".
Juan Guaidó, líder opositor da Venezuela, partiu de Caracas nesta quinta-feira na companhia de cerca de 80 parlamentares para fazer uma viagem de 800 quilômetros até a fronteira com a Colômbia, onde o grupo espera receber alimentos e remédios para aliviar uma escassez generalizada desafiando Maduro.
Guaidó, reconhecido por dezenas de países como o chefe de Estado legítimo da Venezuela, prometeu recolher a ajuda humanitária que já se acumula em armazéns do lado colombiano da divisa por terra e mar no sábado.
Na terça-feira o governo brasileiro prometeu entregar a ajuda, que entraria em caminhões conduzidos por venezuelanos organizados por Guaidó.
Em comentários televisionados nesta quinta-feira, Maduro disse que os planos da oposição são uma exibição barata para minar seu governo.
"Não quero tomar nenhuma decisão deste tipo, mas a estou avaliando, um fechamento total da fronteira com a Colômbia", disse Maduro.
Multidões se formaram ao longo de uma importante rodovia que parte da capital, acenando com bandeiras venezuelanas e gritando para expressar apoio enquanto o comboio de ônibus de parlamentares opositores partia.
"Por meio deste pedido de ajuda humanitária, a população se beneficiará da chegada destes produtos à fronteira venezuelana", disse o parlamentar opositor Edgar Zambrano enquanto esperava por vários ônibus com colegas em uma praça do leste de Caracas.
Guaidó invocou a Constituição para se declarar presidente interino no dia 23 de janeiro e afirma que Maduro é um usurpador.
Analistas políticos dizem que o confronto de sábado na fronteira diz menos respeito a resolver as necessidades da Venezuela e mais a testar a lealdade dos militares a Maduro ousando repelir a entrada da ajuda humanitária.
Guaidó ainda não detalhou como o auxílio ingressará. Figuras da oposição sugeriram a formação de correntes humanas através da fronteira colombiana para passar pacotes de pessoa a pessoa e frotas de barcos vindas das Antilhas Holandesas.
Um parlamentar opositor de Bolívar, Estado do sudeste do país, disse que ele e cerca de 20 políticos também viajarão à fronteira com o Brasil.
(Reportagem de Fabian Cambero, Angus Berwick e Vivian Sequera)