Com Nehanyahu, Bolsonaro destaca afinidade ideológica com Israel e EUA

Publicado em 28/12/2018 17:15

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro destacou nesta sexta-feira a afinidade ideológica com Estados Unidos e Israel e afirmou que juntos esses países podem se ajudar e propagar o bem a seus povos.

Em visita a um sinagoga no Rio de Janeiro junto com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Bolsonaro destacou mais uma vez o desejo de governar o Brasil de forma mais alinhada com nações amigas e que tenham a mesma filosofia.

Esta é primeira vez que um premiê de Israel vem ao Brasil numa visita oficial e Bolsonaro prometeu retribuir a visita até março. Ele já admitiu também admiração pelo presidente norte-americano, Donald Trump, a quem já prometeu uma visita aos EUA no começo de 2019.

“Essa primeira vinda ao Brasil de um chefe de Estado ficará marcada na história, mas a grande marca será sim a nossa afinidade, a nossa aproximação naquilo que faremos juntos", disse o presidente eleito na sinagoga, segundo áudio divulgado pela TV Brasil.

"Juntos mais com outros países como Estados Unidos entre tantos outros que pensam e tem ideologia parecida a nossa temos tudo para nos ajudar e fazer o bem para os nossos povos.”

Um forte esquema de segurança foi montado do lado de fora da sinagoga e até snipers foram posicionados em telhados.

Um grupo de pessoas se concentrou na rua à espera de um contato mas ambos deixaram o local sem conversar com imprensa e populares.

“Foi um clima sensacional e de perfeita harmonia entre o presidente e o Benjamin. Se via que ali há realmente um respeito e uma afinidade”, disse a jornalistas o advogado e economista Boris Sender.

Ele contou que o premiê de Israel também fez um breve discurso traduzido por um rabino, mas não se falou sobre a transferência da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém

Bolsonaro terá 12 chefes de Estado e governo em sua posse

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente eleito deve receber, em sua cerimônia de posse na terça-feira, 12 chefes de Estado e de governo, incluindo nomes como o do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, com quem já almoçou no Rio de Janeiro nesta sexta-feira, e o boliviano Evo Morales, o único presidente do chamado grupo dos bolivarianos a confirmar presença.

Da América Latina, Bolsonaro conseguiu atrair para sua posse nomes mais alinhados com sua política mais conservadora, incluindo Mario Benítez Abdo, do Paraguai, e Ivan Duque, da Colômbia, além do presidente do Chile, Sebástian Piñera. Completam a lista de vizinhos Tabaré Vasquez, do Uruguai, o peruano Martín Vizcarra, e o hondurenho Juan Orlando Hernández.

A comitiva dos Estados Unidos será chefiada pelo secretário de Estado, Mike Pompeu, apesar da intensa campanha feita pelo governo eleito para atrair o presidente norte-americano, Donald Trump, para a cerimônia. Por tradição, os presidente dos Estados Unidos não comparecem pessoalmente a posses presidenciais.

A Argentina, parceiro comercial mais próximo do Brasil na região, também será representada por seu chanceler, Jorge Faurie. Envolvido em uma crise política e econômica, o presidente do país vizinho, Mauricio Macri, preferiu não sair do país.

A China enviará como representante à posse o vice-presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional da China, Ji Bingxuan, em uma decisão considera "protocolar" nos meios diplomáticos. Apesar de politicamente representativo, Ji não tem status nas relações comerciais chinesas. Ainda assim, o país abre uma porta de relação com o Brasil, de quem é o maior parceiro comercial atualmente.

Bolsonaro prevê "governo difícil" em 2019, mas diz que Brasil tem como vencer desafio

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente eleito Jair Bolsonaro previu nesta sexta-feira, quatro dias antes de sua posse, um "governo difícil" em 2019, mas afirmou que o Brasil tem potencial e "massa humana" para vencer este desafio.

“Começamos um governo difícil em janeiro, mas o Brasil tem potencialidade e massa humana para que possamos vencer e em parte precisamos de bons aliados, amigos e irmãos, como Benjamin Netanyahu”, disse o presidente eleito após um encontro com o premiê de Israel no Forte Copacabana, no Rio de Janeiro.

Do lado de fora do encontro fechado, dezenas de pessoas enfrentaram o sol e o calor de mais de 30 graus para tentar contato com Bolsonaro que saiu de lá para visitar um sinagoga no mesmo bairro com o líder israelense, que está no Brasil para a cerimônia de posse do presidente eleito no dia 1º.

No encontro com Netanyahu, Bolsonaro também afirmou que pretende visitar o Estado judeu até março do próximo ano e disse que espera firmar mais parcerias com Israel. O presidente eleito deve ser submetido a uma cirurgia para retirada da bolsa de colostomia entre o fim de janeiro e o início de fevereiro.

“Pretendo, se Deus quiser, visitar Israel até março, onde iremos com uma comitiva... para tratar de questões como agricultura, tecnologia, piscicultura, segurança e Forças Armadas“, disse ele. “Para o mais rápido possível pôr em prática essa parceria com Israel.“

VISITA HISTÓRICA

Netanyahu disse que aguarda a visita de Bolsonaro para fortalecer os laços entre os dois países e chamou de histórica sua visita ao Brasil por se tratar da primeira vez de um primeiro-ministro israelense em território brasileiro. Ele chamou Bolsonaro de um grande amigo e um irmão.

"Israel é a Terra Prometida, o Brasil é a terra da promessa", disse o premiê.

Publicamente não se falou sobre a possibilidade cogitada pelo próprio presidente eleito de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o que já gerou reações de países árabes.

Prioridade do governo, reforma da Previdência deve ser apresentada após fevereiro com Congresso funcionando

BRASÍLIA (Reuters) - A proposta de reforma da Previdência, considerada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro e por seus principais aliados como prioridade do novo governo, só deverá ser enviada ao Congresso a partir de fevereiro, após o início das atividades parlamentares, informou à Reuters nesta sexta-feira uma pessoa envolvidas nas conversas sobre o projeto.

Logo após a vitória no segundo turno de Bolsonaro, a equipe econômica do futuro governo pretendia aproveitar a reforma apresentada pelo governo Michel Temer -- e posteriormente enviar um texto mais enxuto em 2019 complementando a reforma. Mas as negociações não avançaram, e a equipe trabalha agora para apresentar uma única proposta, com maior envergadura.

Uma fonte da equipe econômica, que pediu anonimato, disse que a intenção é mandar um texto somente após a abertura dos trabalhos do Congresso, sob o argumento de que remeter a proposta antes disso poderia deixá-la exposta a mais questionamentos sem que pudesse avançar.

Segundo a fonte a par das conversas e ligada à área política do governo, isso poderá ocorrer somente em março, após o Carnaval.

Em entrevista coletiva na quinta-feira, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que a reforma está mais madura e que “no momento certo” vai aparecer. Na ocasião, ele divulgou um documento com as metas dos 100 primeiros dias do governo em que não havia referência à proposta da Previdência.

“O ministro Paulo Guedes e toda a sua equipe já estão superdebruçados para tentar e esse é um sonho nosso, zerar o déficit no próximo ano. Eu digo a ele que, se ele conseguir, o vinho é por minha conta, e é vinho gaúcho”, disse Onyx a jornalistas.

Integrantes do PSL têm afirmado que as pautas mais importantes do futuro governo não são as chamadas conservadoras, mas as pautas econômicas, e a reforma da Previdência é prioridade.

A intenção, segundo a pessoa a par das tratativas, envolve a criação de bloco partidário de apoio a Bolsonaro e conquistar o apoio de mais de os 308 votos necessários na Câmara para passar a agenda do governo, em especial a reforma da Previdência. Esse número é o mínimo necessário para se passar uma emenda à Constituição na Casa.

Para tanto, Onyx tem se reunido nas últimas semanas com dirigentes de partidos como MDB, PP, PSD e PRB e declarado a disposição de formar um bloco para dar sustentação a Bolsonaro na Câmara independentemente da disputa para o comando daquela Casa Legislativa, como revelou o deputado João Campos (PRB-GO), candidato à Presidência da Câmara e que esteve com Onyx nesta sexta-feira.

Essas conversas de integrantes do futuro governo com lideranças e representantes de direções partidárias diferem da estratégia original da equipe de Bolsonaro de articular apoios no Congresso por meio de bancadas temáticas, como a dos evangélicos, do agronegócio e da segurança pública.

A deputada federal eleita Bia Kicis (PSL-DF), que também participou de reunião com Onyx, destacou que a reforma é "fundamental" e acrescentou que todos os candidatos à Presidência da Câmara "terão de apoiar" as mudanças na Previdência, do contrário não terão a "menor chance" de se elegerem.

Fonte: Reuters

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