Ex-governador do Rio, Sérgio Cabral quer fazer delação premiada, diz O Globo

Publicado em 23/12/2018 18:42

(Reuters) - O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, condenado a quase 200 anos de prisão por acusações relacionadas à Operação Lava Jato, quer fazer uma delação premiada e deu uma procuração para que seu advogado negocie a colaboração com autoridades, segundo nota da coluna Lauro Jardim no jornal O Globo deste domingo.

As conversas, em estágio inicial, já teriam sido iniciadas pelo advogado João Bernardo Kappen, que estaria em contato com o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro e a Procuradoria Geral da República, ainda de acordo com a publicação, que não cita as fontes.

Cabral estaria disposto a contar irregularidades sobre o Poder Judiciário, incluindo o Tribunal de Justiça do Rio e o Superior Tribunal de Justiça (STJ), e sobre ex-chefes do Ministério Público do Rio de Janeiro, além da compra de votos para a Olimpíada de 2016, afirmou o jornal.

Segundo O Antagonista “ cardápio inicial inclui o Judiciário — tanto o Tribunal de Justiça do Rio quanto o STJ — ex-chefes do MP fluminense, as jogadas nebulosas da Copa do Mundo e da compra de votos para a Olimpíada de 2016, além de detalhamentos de fatos já narrados em outras colaborações”.... O Judiciário treme.

Advogado deixa defesa de Cabral na Lava-Jato após opção por delação premiada (em O GLOBO):

RIO — A mudança na estratégia de defesa do ex-governador do RioSérgio Cabral (MDB), que optou por tentar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) — a informação foi revelada ontem pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim —, vai provocar uma alteração na equipe que defende o emedebista nos processos da Operação Lava-Jato . O advogado Rodrigo Roca, que assumiu o caso em meados de 2017, resolveu deixar o caso, por não concordar com os novos planos do ex-governador.

Com a recente condenação em segunda instância no processo da Operação Calicute e a colaboração premiada de Carlos Miranda, seu ex-operador financeiro, Sérgio Cabral viu estreitarem os caminhos de sua defesa pelas vias fora da delação.

Entre as promessas do ex-governador, estão revelações sobre corrupção no Poder Judiciário e entre ex-integrantes do alto escalão do Ministério Público do Estado do Rio — o ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes chegou a ser preso sob a acusação de receber uma mesada para proteger o ex-governador e seu grupo político.

Também está no cardápio a compra de votos para a organização dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. O esquema já foi alvo do MPF na Operação Unfair Play — Cabral é réu no processo —, e a possível nova postura sobre os Jogos representaria uma mudança brusca em relação a outras declarações dele sobre o tema. Em agosto, ao juiz Marcelo Bretas, o ex-governador classificou de “preconceito racial” a denúncia de que países africanos haviam vendido o voto. Segundo os investigadores, a propina foi paga pelo empresário Arthur Soares, o Rei Arthur, que mantinha diversos contratos com o estado.

A possível delação representa uma nova alteração na estratégia de defesa de Cabral, cujas penas somadas na Lava-Jato já ultrapassam 197 anos. No início, o ex-governador negava ter cometido qualquer crime; depois, passou a admitir que usou para fins pessoas recursos de caixa dois de campanhas eleitorais; recentemente, decidiu ficar em silêncio nos depoimentos — na semana passada, uma audiência da Operação Ponto Final foi adiada após Cabral e outro réu informarem previamente que não responderiam às perguntas.

Em outro momento, Cabral chegou a propor a autoridades da Lava-Jato a confissão de crimes em troca da prisão domiciliar, mas a conversa não prosperou.

Quem estará à frente das negociações para a delação é o advogado João Bernardo Kappen, que já tem em mãos uma procuração que dá a ele poderes para representar Cabral nas conversas com o MPF no Rio e com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Ontem, Kappen confirmou a nova missão, mas ressaltou que o trabalho ainda está em “fase muito inicial”. O MPF não comenta negociações em andamento.

Fonte: Reuters/O Globo

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