Conselheiros chineses recomendam redução de meta de crescimento para 2019 em meio a guerra comercial

Publicado em 17/12/2018 10:42

PEQUIM (Reuters) - A China deveria reduzir a meta de crescimento do próximo ano para um intervalo entre 6,0 e 6,5 por cento, uma vez que obstáculos incluindo a disputa comercial com os Estados Unidos aumentam os riscos para a economia, de acordo com recomendações dos conselheiros governamentais aos principais líderes que vão se reunir para mapear a agenda econômica de 2019.

A Conferência Central de Trabalho Econômico desta semana, uma reunião a portas fechadas de líderes do partido e de autoridades, está sendo observada por investidores em busca de sinais de quaisquer novas medidas para evitar uma desaceleração mais acentuada da segunda maior economia do mundo.

A conferência econômica deve ter início na quarta-feira, disseram duas fontes, um dia depois de um evento que marca o 40º aniversário da reforma e abertura da China, onde o presidente Xi Jinping deve fazer o que a agência oficial de notícias Xinhua descreveu como "importante" discurso.

A reunião não resultará em nenhum anúncio público de metas econômicas, que geralmente são reservados para a abertura da sessão parlamentar no início de março.

A guerra comercial da China com os Estados Unidos está estimulando alguns empresários chineses, conselheiros do governo e institutos de pesquisa a pedir reformas econômicas mais rápidas e a liberação de um setor privado sufocado pelos controles estatais.

Os consultores governamentais e os institutos de pesquisa, que são influentes no processo de tomada de decisões mas não têm poderes para executar medidas econômicas, recomendaram uma meta de crescimento de 6,0 a 6,5 por cento para 2019, contra cerca de 6,5 por cento em 2018.

"A meta de crescimento para o próximo ano pode ser de 6,0 a 6,5 por cento, já que a economia deve desacelerar a partir deste ano", disse uma fonte que faz parte do grupo que aconselha o governo, sob condição de anonimato.

Alguns consultores sugeriram que o governo deveria ser mais tolerante com o crescimento mais fraco, promovendo reformas e evitando fortes estímulos políticos que poderiam piorar os problemas da dívida do país. (Por Kevin Yao).

Blue-chips chinesas fecham em queda; Xangai sobe com investidores aguardando reunião do governo

XANGAI (Reuters) - As blue-chips chinesas recuaram nesta segunda-feira, mas o índice de referência de Xangai fechou em alta, com pouco volume de negociações uma vez que os investidores esperavam por sinais de mais suporte na Conferência Central de Trabalho Econômico nesta semana.

O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,2 por cento, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,2 por cento.

O subíndice do setor financeiro avançou 0,12 por cento, o de consumo teve queda de 0,72 por cento, o setor imobiliário subiu 0,25 por cento, enquanto o subíndice de saúde recuou 1,72 por cento.

O preço médio de novas moradias nas 70 principais cidades da China aumentou 0,9 por cento em novembro sobre o mês anterior, um ritmo menor do que a taxa de 1 por cento do mês anterior e o mais fraco desde setembro, embora o setor tenha se mantido relativamente resiliente em meio a uma desaceleração mais ampla da atividade econômica.

Muitos investidores estão aguardando o pronunciamento do presidente Xi Jinping na terça-feira, que vai marcar o 40º aniversário da reforma e abertura da China. Os líderes também devem mapear os planos econômicos e de reforma para 2019 durante a Conferência Central de Trabalho Econômico esta semana.

. Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,62 por cento, a 21.506 pontos.

. Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,03 por cento, a 26.087 pontos.

. Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,16 por cento, a 2.597 pontos.

. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,15 por cento, a 3.161 pontos.

. Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,08 por cento, a 2.071 pontos.

. Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,14 por cento, a 97.787 pontos.

. Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 1,21 por cento, a 3.114 pontos.

. Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 1,00 por cento, a 5.658 pontos.

Oficial do BC chinês defende manter cotação do iuan a 7 por dólar

PEQUIM (Reuters) - A China não deve permitir que o iuan caia abaixo de 7 por dólar ou as tentativas de estabilizar a moeda se tornarão mais caras para as reservas cambiais do país, disse neste sábado um conselheiro do Banco Popular da China Sheng Songcheng.

Oficiais disseram à Reuters em outubro que a China deve usar suas vastas reservas de moeda para impedir uma queda do nível psicologicamente importante de 7 iuans por dólar porque poderia arriscar a especulação e fortes saídas de capital.

"Se cairmos abaixo desse ponto crucial, teremos um custo maior para estabilizar as taxas de câmbio", disse Sheng num fórum em Xangai, segundo o site de mídia financeira WallStreetcn.com, organizador do evento.

Estabilizar a taxa de câmbio exigiria significativamente menos das reservas cambiais da China, com o iuan a 6,7 ou 6,8 por dólar, mas as quantias necessárias subiriam bastante se a taxa caísse abaixo de 7, disse Sheng.

A moeda chinesa perdeu quase 7 por cento do valor desde o início do ano e está se aproximando do nível 7 por dólar, que foi atingido pela última vez na crise financeira global em 2008.

Preços de casas novas na China desaceleram em novembro, puxados por grandes menores

PEQUIM (Reuters) - Os preços das novas casas da China desaceleraram em novembro, com os mercados das cidades menores perdendo parte do seu vigor, embora o setor tenha se mantido relativamente resiliente em meio a uma desaceleração mais ampla na atividade econômica.

    Os preços médios dos imóveis residenciais nas 70 principais cidades da China aumentaram 0,9 por cento em novembro ante o mês anterior, mais lento que os 1 por cento de outubro e os mais fracos desde setembro, segundo cálculos da Reuters.

    Os dados marcam o 43º mês consecutivo de aumento de preços, segundo cálculos da Reuters, tendência que permaneceu intacta, apesar das restrições criadas para conter um boom imobiliário de quase três anos que se espalhou das megacidades para o interior.

    Num sinal de força, 63 das 70 cidades pesquisadas pelo National Bureau of Statistics (NBS) relatou aumentos de preços mensais para novas casas, ligeiramente inferior a 65 em outubro.

    Comparado com o ano anterior, os preços das novas residências subiram 9,3 por cento, o mais rápido desde julho de 2017 e acelerando em relação ao ganho de 8,6 por cento de outubro, de acordo com dados divulgados pela NBS.

    O mercado imobiliário da China permaneceu relativamente resiliente, já que muitos investidores exploram as lacunas regulatórias e recorrem a cidades menores, onde as restrições são mais leves. Alguns especuladores também estão apostando que muitos governos locais, que dependem de receita de imóveis, relutam em apertar demais a regulação.

    Em contraste, as vendas do varejo da China em novembro cresceram no menor ritmo desde 2003 e a produção industrial teve a menor alta em quase três anos, com a economia perdendo força em meio à disputa comercial do país com os Estados Unidos.

    Mas o sentimento no setor imobiliário também se tornou mais pessimista recentemente após um aumento nos leilões de terrenos inadimplidos, à medida que a economia desacelera e o governo continua pouco disposto a soltar o controle sobre o setor.

    Os economistas estão particularmente preocupados com uma queda nos mercados menores daChina, onde os fundamentos econômicos são mais fracos, embora alguns esperem medidas de flexibilização do crédito para sustentar o setor.

    As 35 cidades chinesas de nível 3 tiveram aumento médio de preço de 0,9 por cento, desacelerando de 1,1 por cento no mês anterior, enquanto suas 31 cidades de nível 2 - viram aumento de preços de 1 por cento.

    As quatro maiores cidades chinesas de Pequim, Xangai, Shenzhen e Guangzhou registraram avanço de 0,3 em seus preços médios mensais.

    O investimento imobiliário na China aumentou em novembro, em contraste com outras partes da economia, que se enfraqueceram.

Brasil está pronto se China remover tarifa sobre soja dos EUA, diz Maggi

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil está "preparado" caso a China retire tarifas sobre a soja norte-americana, disse o ministro da Agricultura brasileiro, Blairo Maggi, em referência a um eventual movimento chinês em meio a uma trégua na guerra comercial com os Estados Unidos.

"Está absolutamente preparado... A retirada do imposto lá pela China para soja americana não vai influenciar nada. O mercado vai voltar ao patamar que estava antes ou muito próximo", disse Maggi a jornalistas nesta sexta-feira, em conferência de imprensa para fazer uma balanço de sua gestão.

Com a tarifa chinesa de 25 por cento na soja dos EUA durante o segundo semestre, o Brasil pôde embarcar volumes recordes de mais de 80 milhões de toneladas de soja este ano, principalmente para a China, maior importador global.

Segundo o ministro, se a China remover as tarifas, os preços na referência global da bolsa de Chicago e no Brasil poderiam ficar mais próximos, resultando em maior previsibilidade para o mercado de soja, o que beneficiaria os produtores brasileiros, que estão perto de iniciar a colheita de uma nova safra recorde.

Com a guerra comercial, os prêmios pagos pela soja brasileira em relação a Chicago dispararam para máximas históricas neste ano, beneficiando o setor no país.

Apesar das tarifas ainda em vigor, os chineses voltaram ao mercado dos EUA, com registro de importantes negócios com soja norte-americana nesta semana, em momento em que os estoques brasileiros estão praticamente esgotados.

O governo dos EUA confirmou mais de 1,4 milhão de toneladas de soja vendida à China.

Maggi disse ainda que a qualquer momento a China poderia permitir exportações de mais unidades brasileiras de carne suína e de frango, eventualmente antes do final do ano, após uma visita técnica chinesa que inspecionou fábricas brasileiras no mês passado.

"Esperamos que a qualquer momento algumas unidades possam ser permitidas (de exportar)... Estamos esperando que, até o final do ano, a China possa aprovar alguma coisa nessa área", disse Maggi.

Ele afirmou que 79 plantas pediram permissão para exportar para a China, levantando a possibilidade de que o Brasil poderia dobrar o número de unidades que exportam carnes de frango e suína para a China se as permissões forem concedidas.

Maggi disse que pediu à futura ministra da Agricultura de Bolsonaro, Tereza Cristina, que mantenha a presença do Brasil em mercados estrangeiros e faça uma viagem para visitar os países árabes e aChina logo após assumir sua posição.

Fonte: Reuters

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