S&P 500 e Dow fecham em queda com preocupações comerciais; Ibovespa fecha em queda de 0,2%

Publicado em 06/12/2018 20:11

(Reuters) - O S&P 500 e o Dow Jones fecharam em leve queda, mas bem acima das mínimas de uma sessão volátil nesta quinta-feira, no qual a prisão de uma executiva de tecnologia alimentou temores sobre tensões comerciais entre Estados Unidos e China, enquanto algumas ações de tecnologia e internet tiveram ganhos.

O Dow Jones caiu 0,32 por cento, para 24.949 pontos, o S&P 500 perdeu 0,15 por cento, para 2.695 pontos e o Nasdaq avançou 0,42 por cento, para 7.188 pontos.

Após um raro feriado no meio da semana nos Estados Unidos na véspera, as ações despencaram no início do pregão, com o S&P 500 caindo até 2,9 por cento. Mas a partir do meio dia, as ações começaram a reduzir perdas e o Nasdaq, com forte peso de empresas de tecnologia, fechou em território positivo.

"O mercado ficou muito vendido", disse Gary Bradshaw, vice-presidente e gerente de portfolio na Hodges Capital Management. "Os investidores perceberam que podiam comprar boas ações com avaliações muito mais baratas do que há alguns meses."

As vendas iniciais seguiram a notícia de que a vice-presidente financeira da fabricante de equipamentos de telecomunicações Huawei foi presa no Canadá e poderia ser extraditada para os Estados Unidos.

A prisão ocorre após investidores terem perdido o entusiasmo com a trégua firmada no fim de semana em conversas entre Estados Unidos e China, que havia provocado alguma esperança na solução de diferenças sobre comércio que pesam sobre a perspectiva do mercado de ações neste ano.

Ibovespa fecha em queda de 0,2% antes de dados de emprego dos EUA

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira, mas longe das mínimas da sessão, acompanhando a melhora de ativos de mercados emergentes e antes da divulgação de dados de emprego nos EUA, que podem determinar próximos movimentos de política monetária.

O principal índice do mercado acionário brasileiro caiu 0,22 por cento, a 88.846,48 pontos, após recuar 2,26 por cento no pior momento, afetado pelo cenário externo com notícias desfavoráveis para a relação sino-americana e queda do petróleo.

O volume financeiro no pregão somou 13,9 bilhões de reais.

A criação de vagas nos EUA em novembro, da ADP, veio menor do que o esperado. Além disso, declarações do presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, de que os EUA estão a pequena distância do juro neutro corroboraram ajustes antes do relatório de emprego do governo.

Pesquisa Reuters com economistas mostra expectativa de que a folha de pagamentos não agrícola dos EUA registre a criação de 200 mil postos de trabalho em novembro, contra 250 mil em outubro. A taxa de desemprego deve ficar em 3,7 por cento.

"Os dados podem referendar o tom mais 'dovish' adotado recentemente por membros do Fed, entre eles o chairman Jerome Powell, e corroborar um rearranjo de apostas para a normalização da taxa de juros nos EUA antes da última reunião do Fed este ano", avalia o operador Alexandre Soares, da BGC Liquidez.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed reúne-se em 17 e 18 de dezembro, quando se espera uma nova alta da taxa de juro norte-americana, para o intervalo de 2,25 a 2,50 por cento.

Nos EUA, o ETF iShares MSCI de mercados emergentes caía 1,5 por cento no final da tarde, após ter recuado mais de 3 por cento no pior momento.

A melhora também teve como pano de fundo desdobramentos imediatos menos graves da prisão da filha do fundador da gigante chinesa de tecnologia Huawei, no Canadá, a pedido dos EUA, que minou os mercados globais mais cedo, e que contaminou a Bovespa.

O episódio, na visão da equipe de análise e estratégia da XP Investimentos, "ressalta quão frágil está a relação dos EUA e da China". No último sábado, EUA e China concordaram em uma trégua de 90 dias na disputa tarifária que vem preocupando agentes de mercado pelo efeito potencialmente negativo na economia global.

A queda de mais de 2 por cento nos preços do petróleo endossou o viés negativo no pregão brasileiro, com as cotações da commodity pressionadas também pela sinalização da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de que pode concordar com um corte de produção menor do que o esperado.

Dados da B3 mostraram entrada líquida de estrangeiros no segmento Bovespa nos dois primeiros pregões de dezembro, somando 1,9 bilhão de reais. O saldo no ano está negativo em 7,6 bilhões de reais.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN caiu 3,79 por cento, afetada pelo declínio do petróleo, além de novas sinalizações de Brasília de que um desfecho sobre a questão da cessão onerosa deve ficar para 2019. O Morgan Stanley também cortou o preço-alvo dos ADRs da companhia. PETROBRAS ON recuou 4,16 por cento.

- EMBRAER cedeu 2,33 por cento, após a Justiça Federal de São Paulo conceder liminar impedindo o conselho de administração da fabricante de aviões de tomar qualquer decisão que permita a separação da área comercial da empresa para formar uma joint venture com a Boeing.

- ITAÚ UNIBANCO PN ganhou 0,9 por cento, com o setor de bancos como todo melhorando e ajudando na redução de perdas do Ibovespa. BRADESCO PN subiu 1,09 por cento.

- VALE caiu 0,95 por cento, pressionada pelas preocupações com os rumos da disputa comercial entre Washington e Pequim, que derrubou ações de mineradoras na Europa. A Vale também comprou 77 por cento na empresa de mineração Ferrous Resources, por cerca de 550 milhões de dólares.

- GOL PN recuou 2,11 por cento, com a alta do dólar frente ao real - que chegou a quase 2 por cento no pior momento - levando a realização de lucros no papel, que ainda acumula alta de cerca de 40 por cento em 2018. A companhia aérea também divulgou na véspera que a demanda total cresceu acima da oferta em novembro.

- CIELO subiu 3,88 por cento, após recuar quase 30 por cento em novembro, afetada por preocupações com o aumento da competição no setor de meios de pagamentos. No ano, as ações perdem cerca de 55 por cento.

- BB SEGURIDADE fechou em alta de 2,52 por cento, tendo no radar anúncio de distribuição de 2,7 bilhões de reais em dividendos extraordinários, a serem pagos em 2 de janeiro, valor superior aos 2,1 bilhões de reais sinalizados pela companhia antes.

Índices europeus caem para mínimas de dois anos com prisão de executiva da Huawei

 
  • LONDRES (Reuters) - Os índices acionários europeus afundaram nesta quinta-feira depois que a prisão de uma alta executiva da chinesa Huawei alimentou preocupações sobre a guerra comercial EUA-China, derrubando ações globais com montadoras e tecnologia entre as áreas mais atingidas.

A CFO da Huawei, Meng Wanzhou, foi presa no Canadá e pode ser extraditada para os Estados Unidos, um desdobramento que cria dúvidas sobre a trégua comercial de 90 dias firmada pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping no sábado.

O índice pan-europeu STOXX 600 caiu 3,1 por cento para seu menor nível desde dezembro 2016. O índice sofreu sua pior queda diária desde a votação do Brexit em junho de 2016.

Os mercados acionários europeus despencaram pelo terceiro dia seguido, depois de cair no início da semana com preocupações sobre uma desaceleração econômica nos Estados Unidos.

"Eu realmente acredito que as pessoas estão pensando sobre a dinâmica comercial EUA-China de forma muito estreita", disse Norman Villamin, chefe de investimentos na Union Bancaire Privée.

"Não é sobre comércio - é sobre o quem vai ser o líder político e econômico do mundo em 10-20 anos. É sobre tecnologia e sobre quem vai dominar este cenário", ele acrescentou.

O índice alemão DAX, orientado para exportação, que tem enfraquecido por preocupações de que tensões comerciais iriam reduzir o crescimento da China, recuou 3,5 por cento para atingir uma mínima de dois anos.

O setor automotivo apresentou as maiores quedas, afundando 4,2 por cento para o menor nível desde julho de 2016, lideradas por uma queda de 7,3 por cento da fabricante de pneus Faurecia e um recuo de 6,3 por cento da montadora alemã Daimler.

As ações de tecnologia caíram 3,1 por cento. O fornecedor da Huawei STMicro perdeu 4,7 por cento, a AMS caiu 10,7 por cento e a Dialog Semi teve queda de 4,2 por cento.

O índice FTSEurofirst 300 fechou em queda de 3,08 por cento, a 1.353 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 3,15 por cento, a 6.704 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 3,48 por cento, a 10.810 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 3,32 por cento, a 4.780 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 3,54 por cento, a 18.643 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 2,75 por cento, a 8.764 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 2,10 por cento, a 4.817 pontos.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

S&P fica estável e Nasdaq cai pressionado por ações de tecnologia antes da decisão do Fed
Ibovespa fecha no azul com aval de Petrobras, mas Embraer pesa
Dólar tem baixa firme sob influência externa e se reaproxima de R$5,50
Inflação dos EUA está em ponto de inflexão e foco deveria migrar para emprego, diz assessora da Casa Branca
Ações europeias fecham em queda leve pressionadas por papéis de tecnologia e com foco no Fed
Ações de tecnologia derrubam S&P 500 e Nasdaq antes de reunião do Fed