Prisão de executiva chinesa ameaça trégua com EUA e derruba ações e commodities
A trégua na guerra comercial anunciada por Donald Trump e Xi Jinping no último final de semana foi ameaçada nesta quinta-feira (6) com o anúncio da prisão da filha do fundador da gigante da tecnologia chinesa Huawei. Meng Wanzhou é diretora financeira da empresa e foi presa no Canadá a pedido dos Estados Unidos, e sua prisão estaria relacionada à violação de algumas sanções norte-americanas. A tecnologia e a propriedade intelectual têm estado no centro das discussões desde o início da guerra comercial entre os dois países.
A notícia abalou de forma considerável os mercados financeiros mundo a fora e, nos Estados Unidos, principalmente, os índices acionários estão despencando. As commodities acompanham as baixas. O Nasdaq 100 perde mais de 3,7% e o Dow 300, mais de 3%. Entre as commodities, as baixas mais intensas eram marcadas pelo petróleo, que recuava mais de 3% tanto em Londres, quanto em Nova York. O gás natural recuava mais de 2%.
Nas metálicas, perdas superiores a 1% no cobre e na prata, enquanto os futuros do algodão e do açúcar, em Nova York, perdiam entre 1,18% e 1,27%. Na Bolsa de Chicago, os grãos trabalhavam com perdas mais modestas, mas liderados pela soja, que cedia, por volta de 11h (horário de Brasília), 0,53%.
Na contramão e respondendo à elevada aversão ao risco nesta manhã de quinta-feira após a notícia da prisão, o dólar sobe frente a uma cesta de principais moedas, inclusive o real. A moeda americana tinha alta de 1,03% e já valia R$ 3,90.
A prisão de Meng ocorreu no mesmo dia do encerramento da reunião do G20, no último final de semana, porém, a notícia só foi divulgada hoje, segundo informações de agências internacionais. A China reagiu com indignação aio fato e pediu para que os países envolvidos se movimentem para libertá-la o quanto antes.
"A China pediu a imediata liberação da diretora. Mas no que se refere à trégua comercial acertada no último fim de semana o Ministério do Comércio da China prometeu "implementar imediatamente" o acerto entre os dois países, afirmando que o governo chinês irá começar o processo com produtos agrícolas, de energia e automóveis", explica a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora.
A prisão de Meng ocorreu no mesmo dia do encerramento da reunião do G20, no último final de semana, porém, a notícia só foi divulgada hoje, segundo informações de agências internacionais. A China reagiu com indignação ao fato e pediu para que os países envolvidos se movimentem para libertá-la o quanto antes.
Em um pronunciamento, o Ministério das Relações Exteriores da China pediu os esclarecimentos sobre a prisão imediatamente, com detalhes sobre o motivo da ação, seus direitos e preservação de seus interesses. A Huawei, que já estava sob os olhos do governo americano desde 2016 com a suspeita de vender tecnologia para o Irã, violando ainda mais sanções. Hoje, o grupo é o maior fabricante de telecomunicação e segundo maior de smartphones da nação asiática.
"O momento e a maneira como isso foi feito é chocante. Não é comum a frase "oh meu Deus" aparecer em nossas conversas internas por email como aconteceu hoje" disse o diretor de análises do norte da Ásia do Control Risks Group, Andrew Gilholm, à Bloomberg. E a atitude de pedir a prisão e extradição de um alto executivo chinês como aconteceu com Meng, na análise da agência internacional, é rara, para não dizer sem precedentes.
A Bloomberg e mais veículos de comunicação internacionais procuram entender também qual o papel desempenhado por Trump na prisão da executiva ou se irá intervir no caso em algum momento.
Filha de fundador da Huawei é presa a pedido dos EUA; trégua comercial com China é ameaçada
VANCOUVER/WASHINGTON (Reuters) - A filha do fundador da gigante chinesa de tecnologia Huawei foi detida no Canadá e pode ser extraditada para os Estados Unidos, em um forte golpe às esperanças de amenizar as tensões comerciais entre Pequim e Washington e abalando os mercados financeiros globais.
A chocante prisão de Meng Wanzhou, que também é vice-presidente financeira da Huawei Technologies, lança novas dúvidas sobre a trégua de 90 dias firmada entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping no sábado --o dia em que ela foi detida.
A prisão está relacionada à violação de sanções norte-americanas, disse uma pessoa com conhecimento do assunto. A Reuters não foi capaz de determinar a natureza precisa das violações.
A prisão e qualquer possível sanção contra a segunda maior fabricante de smartphones do mundo pode ter grandes repercussões na cadeia global de fornecimento de tecnologia. As ações de fornecedoras asiáticas da Huawei, que incluem a Qualcomm e a Intel, caíram nesta quinta-feira.
Meng, uma das vice-presidentes do conselho da companhia e filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, foi presa no dia 1º de dezembro a pedido de autoridades norte-americanas e deve comparecer a audiência na sexta-feira, afirmou porta-voz do Departamento de Justiça canadense.
Também no dia 1º de dezembro, Trump e Xi jantaram na Argentina durante cúpula do G20.
Fontes disseram à Reuters em abril que autoridades norte-americanas estavam investigando a Huawei, a maior fabricante de equipamentos de telecomunicação do mundo, desde o final de 2016 por supostamente enviar produtos de origem norte-americana ao Irã e outros países, em violação a leis de exportação e sanções dos EUA.
A Huawei confirmou a prisão em um comunicado e disse que recebeu poucas informações sobre as acusações, acrescentando que "não tem conhecimento de qualquer irregularidade da Sra. Meng".