Trump fecha acordo para a Europa comprar soja exclusivamente dos EUA

Publicado em 26/07/2018 04:58
Reuters + Folha de S. Paulo

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira depois de uma reunião com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que eles concordaram em trabalhar na diminuição das barreiras comerciais.

Entre as medidas acertadas por Trump e Juncker está o compromisso dos europeus de comprar mais soja dos EUA.

"Nós vamos trabalhar para reduzir as barreiras e aumentar o comércio em serviços, químicos, farmacêuticos, produtos médicos, assim como soja", disse Trump.

"Eles vão começar quase que imediatamente", disse Trump, ao se referir à promessa de compra de "muita soja" pelos europeus.

"Nós podemos importar mais soja dos EUA, e assim será feito", afirmou Juncker, que preside a Comissão Europeia, braço executivo da UE, durante o anúncio do acordo.

Nas últimas seis safras, o Brasil foi o principal fornecedor de soja à Europa. Isso pode mudar se a promessa feita nesta quarta se cumprir.

Caso haja tarifa zero, a soja americana pode se tornar mais barata do que a brasileira, reduzindo a competitividade do Brasil.

Brasil e EUA exportam um mix de produtos agrícolas muito semelhante —com destaque para produtos como soja, carne, açúcar e suco de laranja.

No caso da soja em grãos, cerca de 80% das exportações do Brasil vão para a China —que, em guerra com os americanos, continuaria dando preferência ao Brasil. Mas, na competição para vender outros produtos, o Brasil poderia ser seriamente afetado.

Ainda que seja considerada uma possibilidade mais remota, uma composição dos EUA com os chineses poderia tornar o cenário ainda mais desfavorável ao Brasil.

A redução da tensão comercial entre as duas das maiores economias do mundo também foi celebrada por especialistas e deve ajudar o crescimento global.

"A economia global só pode se beneficiar disso", afirmou a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde.

Por ora, nenhuma tarifa foi suspensa ou eliminada. As conversas apenas estão no começo.

Trump e Juncker, porém, prometeram congelar novas iniciativas e rever as sobretaxas de aço e alumínio, bem como as medidas retaliatórias que foram impostas na sequência.

O objetivo é chegar a um ambiente comercial sem tarifas, sem barreiras e sem subsídios para bens industriais.

É uma mudança significativa após meses de tensão e troca de farpas, que começaram quando Trump impôs tarifas ao aço e alumínio, no início deste ano.

Bolsas dos EUA têm alta após Trump conseguir concessões da UE

NOVA YORK (Reuters) - Os principais índices de Wall Street subiram nesta quarta-feira, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantindo concessões da União Europeia sobre o comércio.

O índice Dow Jones subiu 0,68 por cento, a 25.414 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 0,91 por cento, a 2.846 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 1,17 por cento, a 7.932 pontos.

O índice S&P 500 saltou mais de 0,5 por cento na última meia hora de negociação com a notícia das concessões e fechou em seu nível mais alto desde 29 de janeiro.

Trump disse que os Estados Unidos e a União Europeia concordaram em trabalhar para eliminar tarifas sobre bens industriais e aumentar as exportações dos EUA de gás natural liquefeito e soja para a Europa.

O S&P e o Nasdaq já haviam sido impulsionados no início do pregão por ganhos no setor de tecnologia. As ações do Facebook e da Microsoft atingiram recordes durante a sessão e fecharam com altas de 1,3 e 2,9 por cento, respectivamente.    As notícias otimistas em relação ao comércio ajudaram o Dow Jones a reverter as perdas anteriores nesta sessão. Ele havia sofrido com as ações da Boeing, que reportou custos mais altos para o seu programa de reabastecimento aéreo. Os papéis fecharam em queda de 0,7 por cento.

"Uma vez que você tenha uma boa notícia sobre evitar uma guerra comercial, o mercado estava preparado para subir, com base no fato de que os lucros foram fortes e os dados econômicos fortes", disse Michael Antonelli, diretor administrativo de vendas institucionais na Robert W. Baird, em Milwaukee.

Fonte: Reuters

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