Facebook retira do ar rede ligada ao MBL antes das eleições

Publicado em 25/07/2018 14:02

SÃO PAULO (Reuters) - O Facebook retirou do ar nesta quarta-feira uma rede de páginas e contas usadas por membros do grupo ativista de direita Movimento Brasil Livre (MBL), reprimindo o que chamou de uma rede de perfis enganosos antes das eleições de outubro.

O Facebook disse em um comunicado que desativou 196 páginas e 87 contas no Brasil por sua participação em "uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”.

O comunicado não identifica as páginas ou usuários envolvidos, e um representante do Facebook se negou a identificá-los.

Fontes disseram à Reuters, entretanto, que a rede era administrada por membros importantes do MBL.

O MBL disse, posteriormente, em comunicado compartilhado no Twitter, que diversos de seus coordenadores haviam sido afetados, confirmando a reportagem da Reuters.

O grupo ganhou destaque ao liderar protestos em 2016 pelo impeachment da então presidente Dilma Roussefff com um estilo agressivo de política online que ajudou a polarizar o debate no Brasil.

Representantes do MBL não responderam a diversos pedidos por comentários. O comunicado do grupo criticou o Facebook por desativar as contas de diversos coordenadores do grupo sem fornecer explicação, afirmando que alguns dos perfis retirados do ar possuíam nomes e informações verdadeiras dos membros.

"Mas, como ao contrário do Facebook, liberdade de expressão e democracia são pilares do MBL, iremos utilizar todos os recursos midiáticos, legais e políticos que a democracia nos oferece para recuperar as páginas derrubadas e reverter a perseguição sofrida", disse o grupo.

O Facebook se negou a comentar as críticas.

As páginas desativadas, que juntas tinham mais de meio milhão de seguidores, variavam de notícias sensacionalistas a temas políticos, com uma abordagem claramente conservadora, com nomes como Jornalivre e O Diário Nacional.

Ao deturpar o controle compartilhado das páginas, os membros do MBL eram capazes de divulgar suas mensagens coordenadas como se as notícias viessem de diferentes veículos de comunicação independentes, de acordo com as fontes.

O Facebook disse que retirou a rede do ar no Brasil após uma "rigorosa investigação" porque os perfis envolvidos eram falsos ou enganadores, violando sua política de autenticidade.

A rede social tem um conjunto separado de ferramentas para combater a disseminação de notícias falsas com a ajuda de empresas externas de checagem de fatos.

O Facebook tem enfrentado pressão para combater as contas falsas e outros tipos de perfis enganosos em sua rede.

No ano passado, a empresa reconheceu que sua plataforma havia sido usada para o que chamou de "operações de informação" que usaram perfis falsos e outros métodos para influenciar a opinião pública durante a eleição norte-americana de 2016, e prometeu combater as fake news.

Agências de inteligência dos Estados Unidos afirmam que o governo russo realizou uma campanha online para influenciar as eleições no país, e casos de grupos políticos que usam a rede social para enganar as pessoas têm surgido pelo mundo desde então.

Não há indicação de envolvimento estrangeiro na rede do MBL tirada do ar nesta quarta-feira, de acordo com as fontes.

ALEGANDO ‘REDE DE FAKES’, FACEBOOK DERRUBA 196 PÁGINAS E 87 CONTAS PESSOAIS

A página do Movimento 200, do empresário Flávio Rocha, não foi a única que o Facebook tirou do ar. Em nota, a empresa disse que desativou 196 páginas e 87 contas pessoais.

A alegação é de que esses perfis fariam parte de uma “uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”.

Embora o comunicado não identifique os supostos fakes, muita gente real está questionando a medida. Além de Flávio Rocha, também foi alvo da medida Renan Santos, um dos líderes do MBL (Movimento Brasil Livre) – que surgiu na esteira dos protestos de rua de 2013.

“Derrubaram meu perfil pessoal, que eu nem uso para me manifestar politicamente. É um absurdo esse tipo de censura”, disse a O Antagonista. Ele explica que outras 10 páginas ligadas ao MBL também foram canceladas.

Facebook diz que removeu perfis após “rigorosa investigação”

 Em nota publicada hoje, Nathaniel Gleicher, líder de Cibersegurança do Facebook, alega que a remoção de 196 páginas e 87 perfis no Brasil ocorreu “para evitar abusos e depois de uma rigorosa investigação”.
 

“Contamos com as denúncias da nossa comunidade a respeito de conteúdos que possam violar nossas políticas e usamos tecnologia como machine learning e inteligência artificial para detectar comportamento ruim e agir mais rapidamente”, diz.

Veja a nota completa:

O Facebook dá voz a milhões de pessoas no Brasil, e queremos ter a certeza de que suas conversas acontecem em um ambiente autêntico e seguro. É por isso que nossas políticas dizem que as pessoas precisam usar suas identidades reais na plataforma.

Como parte de nossos esforços contínuos para evitar abusos e depois de uma rigorosa investigação, nós removemos uma rede com 196 Páginas e 87 Perfis no Brasil que violavam nossas políticas de autenticidade. Essas Páginas e Perfis faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação.

As ações que estamos anunciando hoje fazem parte de nosso trabalho permanente para identificar e agir contra pessoas mal intencionadas que violam nossos Padrões da Comunidade. Nós estamos agindo apenas sobre as Páginas e os Perfis que violaram diretamente nossas políticas, mas continuaremos alertas para este e outros tipos de abuso, e removeremos quaisquer conteúdos adicionais que forem identificados por ferir as regras.

Nós não queremos este tipo de comportamento no Facebook, e estamos investindo fortemente em pessoas e tecnologia para remover conteúdo ruim de nossos serviços. Temos atualmente cerca de 15 mil pessoas trabalhando em segurança e revisão de conteúdo em todo o mundo, e chegaremos ao fim do ano com mais de 20 mil pessoas nesses times.

Contamos com as denúncias da nossa comunidade a respeito de conteúdos que possam violar nossas políticas e usamos tecnologia como machine learning e inteligência artificial para detectar comportamento ruim e agir mais rapidamente.

VÍDEO: DEPUTADO QUER CPI DO FACEBOOK (O Antagonista)

O deputado Jerônimo Goergen (PP) gravou vídeo repudiando a ação do Facebook contra usuários identificados como “fakes” pela empresa.

O parlamentar propõe a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

Leia mais sobre o assunto nos links abaixo do vídeo.

MPF dá prazo de 48 horas para Facebook explicar remoção de páginas do MBL

Procurador de Goiás pede que site informe quais foram as páginas e perfis excluídos e justifique a medida. Facebook afirma que ação busca combater as fake news (CORREIO BRAZILIENSE)

O Ministério Público Federal de Goiás (MPF-GO) solicitou explicações ao Facebook sobre a remoção de páginas ligadas ao Movimento Brasil Livre (MBL). De acordo com a rede social, foram removidas 196 páginas e 87 contas que espalhavam fake news.
Em ofício enviado à empresa, o procurador da República Ailton Benedito, que, desde setembro do ano passado investiga a rede social por supostos atos de censura e bloqueio de usuários brasileiros, determinou que o Facebook envie, no prazo de 48 horas, a relação de todas as páginas e perfis removidos e a justificativa fática específica para a exclusão. 
 
No pedido, o procurador destaca que as páginas tinham 500 mil seguidores e divulgavam informações de caráter político. “As normas constitucionais e legais que regulam a internet no Brasil atuam sempre com vistas à liberdade de expressão, ao direito de acesso de todos à informação, ao conhecimento e à participação na vida cultural e na condução dos assuntos públicos; e a impedir a censura, bem como a discriminação dos usuários, por motivo de origem, raça, sexo, cor, idade, orientação política, entre outros, competindo ao MPF atuar nesse sentido”, afirmou Benedito.

Notícias falsas

O Facebook informou no início da manhã desta quarta-feira (25/7), que foi desmobilizada “uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”. O foco da ação é impedir ou reduzir a propagação de notícias falsas durante o processo eleitoral deste ano.
 
Uma das páginas que saíram do ar tinha o nome de "Jornalivre", e possuía 128 mil seguidores. De acordo com postagens identificadas pela reportagem do Correio, os integrantes do MBL não escondiam que essa página era ligada ao grupo. 
 
Na publicações, a página "Jornalivre" atacava políticos e personalidades e usava manchetes e textos sensacionalistas e com uma grande quantidade de adjetivos para convencer os internautas das afirmações que fazia. 

Boulos comemora remoção pelo Facebook de páginas e perfis de direita

Guilherme Boulos comemorou em seu perfil no Twitter a remoção pelo Facebook de 196 páginas e 87 perfis supostamente associados à disseminação de fakenews.

Mesmo sem provas, Boulos atribui páginas e perfis ao que chama de “rede criminosa de calúnias e fakenews que atende pelo nome de MBL”.

O Antagonista mostrou mais cedo que diversas contas sem relação com o MBL também foram canceladas.

Como observou o procurador Ailton Benedito, que exigiu explicações do Facebook, as páginas e os perfis banidos da rede social “variavam de notícias a temas políticos, com uma abordagem claramente liberal e conservadora”.

 

Fonte: Reuters

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