DataPoder360: a 3 meses da eleição, Bolsonaro é líder e ‘não voto’ tem 42%
A 3 meses da eleição presidencial de 7 de outubro, pesquisa DataPoder360 revela grande indecisão por parte dos eleitores, Jair Bolsonaro (PSL) na liderança isolada em cenários sem Lula e 5 candidatos embolados em 2º lugar, com leve vantagem para Ciro Gomes (PDT).
O potencial de voto de Luiz Inácio Lula da Silva foi pesquisado (é de até 35%) e também a opinião dos lulistas sobre quem o petista deve apoiar se não for candidato (Fernando Haddad se aproxima de Ciro Gomes). Há também a taxa de rejeição ao governo Michel Temer (76%), neste relato.
O maior percentual da pesquisa é a taxa de “não voto”, de 40% a 42%, a depender do cenário testado, dizem que votarão em branco ou nulo ou que estão indecisos ou não respondem.
Foram testados 2 cenários, ambos já usados no levantamento de maio. Por essa razão é possível comparar as duas pesquisas.
DESTAQUES DA PESQUISA
A rodada de 25 a 29 de junho do DataPoder360 foi realizada em meio à Copa do Mundo de futebol na Rússia. O evento esportivo galvaniza a atenção dos brasileiros. É natural que poucas mudanças ocorressem agora na corrida presidencial.
De forma resumida, a pesquisa mostrou o seguinte:
- Jair Bolsonaro (PSL) – o representante da direita registrou uma variação negativa nos cenários testados, mas sempre no limite da margem de erro (2 pontos percentuais, para mais ou para menos). Tinha 21% e 25%. Agora, tem de 18% a 21%.É necessário levar em conta que a última pesquisa foi no final de maio, no auge da paralisação de caminhoneiros que afetou todo o Brasil. Havia uma propensão entre os eleitores para manifestar aversão a políticos em geral –sentimento do qual se beneficia Bolsonaro, apesar de ele próprio estar na vida pública há décadas. Agora, a oscilação negativa que teve pode indicar 1 refluxo, ainda que marginal, em seu eleitorado. Só as próximas pesquisas trarão uma resposta mais definitiva.Neste momento, parece certo que o capitão do Exército na reserva tem cerca de 20% das intenções de voto. Quando vai ao 2º turno, sobe para o patamar de 36%. A seu favor, Bolsonaro tem o fato de ter eleitores muito convictos: 79% dizem que votam nele com certeza e não mudam mais de opinião. A maior dificuldade do nome do PSL continua sendo o voto feminino. Bolsonaro chega a 26% entre homens e tem apenas 11% entre mulheres.
- Ciro Gomes (PDT) – continua sendo o 2º colocado mais bem posicionado, mas sua distância para os demais é muito pequena, pouco acima da margem de erro. Ciro luta para herdar os votos de esquerda que naturalmente têm ido para o PT nas últimas décadas. Precisa também ampliar suas alianças partidárias. Todas as pesquisas recentes indicam que 1 eventual “candidato do Lula” poderá rapidamente ganhar tração durante a campanha. O eleitor de esquerda pode preferir votar em 1 nome “de marca” (filiado ao PT) em detrimento de 1 “nome genérico” (Ciro). É necessário levar em conta que Ciro tem sido 1 dos candidatos que têm conseguido mais visibilidade no noticiário, a chamada “free media”, por conta de suas propostas sempre apresentadas de maneira efusiva e direta. Mesmo assim, suas variações ficam sempre dentro da margem de erro. Tinha 11% e 12% no final de maio. Agora, 12% e 13%.
- Fernando Haddad (PT) – cotado para substituir Lula na corrida pelo Planalto, o ex-prefeito de São Paulo pontua 5% ou 6%, conforme o cenário testado. Há 1 mês, tinha 6% ou 8%. Haddad é apresentado logo no primeiro cenário testado, sem que o nome de Lula tenha sido mencionado ainda na pesquisa. Essa é uma diferença importante da metodologia do DataPoder360 em relação a outros levantamentos.A presença de Lula logo no início de uma pesquisa tende a “esquentar” o eleitor do PT que deseja votar no ex-presidente –que no momento está preso cumprindo pena imposta por condenação na Lava Jato. Sem Lula no início da pesquisa e apenas confrontado com a opção de outro petista (Haddad), esse nome alternativo do partido tende a ter 1 desempenho melhor do que em outros estudos de intenção de voto. Na realidade, é uma forma de testar como será o eventual desempenho do substituto de Lula. Entre os eleitores que hoje dizem votar em Lula (uma pergunta posterior no levantamento), Haddad chega a ter até 34% de potencial de apoio;
- Marina Silva (Rede) – em pesquisas por telefone, como esta do DataPoder360, a pré-candidata da Rede sempre tem 1 desempenho pior do que em levantamentos feitos com entrevista face a face. Neste estudo ela pontua 7% nos 2 cenários testados (há 1 mês, tinha 6% ou 7%). Essa discrepância pode ser explicada, pelo menos em parte, pelo voto pouco sólido de Marina Silva. Entre seus eleitores, 31% dizem que ainda podem mudar de opinião.
Como Marina é uma candidata que incorpora o que se convencionou chamar de “politicamente correto”, possivelmente muitos eleitores acabam dizendo neste momento que vão votar na pré-candidata da Rede em entrevistas pessoais –embora não tenham tanta certeza assim. Esse comportamento tende a ser menos presente em entrevistas impessoais e automatizadas, ao telefone;
- Geraldo Alckmin (PSDB) – paralisado, o tucano pontua 7% ou 8% nesta pesquisa do final de junho. Há 1 mês, no final de maio, tinha 6% ou 7%. Geraldo Alckmin rivaliza com Marina Silva quando se trata de voto pouco cristalizado: 39% de seus eleitores dizem que ainda podem mudar de opinião. Com uma equipe muito profissionalizada, partido grande e tempo de TV garantido, Alckmin é em teoria o pré-candidato que mais reúne predicados objetivos para decolar na fase final. Ocorre que política não é uma ciência exata. Os comerciais do tucano na rede evocam parcialmente os de Ulysses Guimarães na TV durante a campanha de 1989 pelo Planalto. As peças publicitárias exaltam o fato de Alckmin estar no mesmo partido há 30 anos e de ser o mais experiente entre os concorrentes. Era o que Ulysses dizia em 1989, até porque eram fatos substantivos e incontestáveis. Mas naquele ano o eleitorado buscava por 1 candidato com outro tipo de estampa –e ele ficou com apenas 4% dos votos;
- Alvaro Dias (Podemos) – o ex-tucano e senador pelo Paraná tem 4% e 5%. No final de maio, pontuava 5% e 6%. Demonstra ter dificuldade para ampliar seu leque de apoio. Tem 14% na região Sul. Nas demais, vai de 1% a 4%. Houve 1 momento no atual ciclo eleitoral em que Alvaro foi considerado como opção do autodenominado “centro”, mas essa onda nunca ganhou tração e o pré-candidato do Podemos terá muita dificuldade para decolar. Como neste momento Geraldo Alckmin pontua quase o dobro, talvez voltem as negociações para que Alvaro possa ser o vice do tucano –algo que o Podemos já rejeitou mais de uma vez.
CRUZAMENTOS DE DADOS
A seguir, alguns dos cruzamentos de dados mais relevantes da pesquisa DataPoder360, considerando-se o cenário mais longo, com 15 candidatos.
Para facilitar a leitura, só estão nos quadros os 6 primeiros colocados. Para ler as estratificações com os percentuais de todos os 15 candidatos listados nesse cenário, clique no link da pesquisa completa, ao final deste post.
CERTEZA DO VOTO
O DataPoder360 indagou sobre a certeza da decisão dos entrevistados a respeito do voto para presidente.
No final de maio, 49% responderam que o voto presidencial já estava decidido. No final de junho, o percentual foi a 52% –uma variação dentro da margem de erro.
Há ainda 23% que dizem que podem mudar de ideia até o dia da eleição, em 7 de outubro. E 25% estão indecisos ou não respondem.
Essa “certeza do voto” deve ser interpretada como 1 quadro deste momento, como todo o restante da pesquisa. Nada impede que uma mudança na conjuntura leve muitos eleitores convictos a mudar de opinião mais adiante.
O fato é que esse é 1 termômetro real de como está o espírito dos brasileiros a respeito da corrida presidencial: apenas metade está dizendo hoje que já tomou uma decisão.
Como se observa no cenário a seguir, Jair Bolsonaro é quem tem o voto mais sólido neste momento. Além de liderar a pesquisa, 79% dos seus eleitores dizem estar seguros a respeito da escolha.
Na outra ponta, 39% dos eleitores do tucano Geraldo Alckmin respondem que ainda podem mudar de opinião. Marina Silva tem 31% de seguidores pouco seguros.
Entre os candidatos que acenam mais para a esquerda, Ciro Gomes tem 70% de voto cristalizado. Fernando Haddad, 61%.
Os eleitores mais indefinidos neste momento, de acordo com o DataPoder360, são os jovens de 16 a 24 anos (34% nesse grupo demográfico falam em mudar de ideia até o dia da eleição), quem tem renda de 2 a 5 salários mínimos (32%) e moradores da região Norte (42%).
CENÁRIOS DE 2º TURNO
O DataPoder360 testou novamente 4 cenários de possíveis embates de 2º turno. Assim como no final de maio, em todas as simulações Jair Bolsonaro vence com vantagem acima da margem de erro.
CONHEÇA O DATAPODER360
O DataPoder360, divisão de pesquisas do portal Poder360, realizou 5.500 entrevistas por meio de telefones fixos e celulares de 25 a 29 de junho. Foram atingidas 229 cidades em todas as regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O registro do estudo no TSE é BR-05297/2018.