Trump está pronto para impor tarifas sobre cerca de US$ 50 bi em bens chineses, diz autoridade do governo americano

Publicado em 15/06/2018 03:24

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu impor tarifas “bem significativas” sobre bens chineses, disse ao final desta quinta-feira uma autoridade do governo, enquanto o governo chinês alertou estar pronto para responder se os EUA escolherem o caminho das tensões comerciais.

Trump deve divulgar revisões de sua lista inicial de tarifas mirando 50 bilhões de dólares em bens chineses nesta sexta-feira. A lista vai conter 800 categorias de produtos, abaixo das 1.300 anteriores, de acordo com outra autoridade do governo e uma fonte da indústria familiarizada com a lista.

O presidente dos EUA não acredita mais que a influência de Pequim sobre a Coreia do Norte é uma razão atraente para aliviar negociações comerciais agora que seu governo abriu uma linha de comunicação direta com o país que possui armas nucleares, disse a primeira autoridade do governo.

O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, argumentou contra a imposição de tarifas em encontro na Casa Branca nesta quinta-feira, mas deve prevalecer, disse a autoridade.

O diplomata mais sênior do governo chinês, o conselheiro estatal Wang Yi, disse que seu país está preparado para responder se Trump seguir em frente com as tarifas.

Em declaração a repórteres em Pequim, com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, Wang disse que há duas escolhas no que diz respeito à questão comercial.

-- “A primeira escolha é cooperação e benefício mútuo. A outra escolha é confronto e perda mútua. A China escolhe a primeira”, disse Wang. “Nós esperamos que o lado dos EUA também possa tomar a mesma decisão sábia. É claro, nós também estamos preparados para responder ao segundo tipo de escolha.”

A ação em direção à imposição de tarifas norte-americanas sobre bens chineses segue negociações entre autoridades dos EUA e China centradas em aumentar compras por Pequim de commodities agrícolas e energéticas dos EUA e cortar o déficit comercial norte-americano com a China.

O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, se encontrou neste mês com autoridades chinesas em Pequim e retornou com uma proposta chinesa de comprar cerca de 70 bilhões de dólares em commodities adicionais e bens manufaturados. Mas esta oferta não foi aceita por Trump, disseram pessoas familiares à questão.

Wang disse que os dois países haviam concordado em usar “meios construtivos” para lidar com desentendimentos.

Pompeo disse que o déficit norte-americano com a China ainda é muito alto, mas que tiveram boas conversas. Ele se reuniu com o presidente da China, Xi Jinping, mais tarde nesta noite, e desejou Xi um feliz aniversário para sexta-feira.

Xi disse a Pompeo que espera que os EUA possam lidar “cautelosamente e apropriadamente” com questões sensíveis para evitar “grandes distúrbios” nas relações entre China e EUA, informou o Ministério das Relações Exteriores da China em comunicado.

 

Chicago tenta não entrar em pânico, diz AGResources

As expectativas do anuncio de Trump, de implementar um plano tarifário agressivo sobre produtos de origem chinesa, a ser iniciado hoje, 15, são negativas para o mercado da soja, informou a AGResources.

Caso efetivado, tal medida irá desengatilhar retaliações do Governo da China. Um dos principais alvos será a oleaginosa dos Estados Unidos. A ansiedade toma conta dos bastidores do mercado e, principalmente, dos produtores agrícolas norte-americanos. 

Fundos de investimento liquidam suas posições compradas, produtores rurais estadunidenses tentam não entrar em pânico enquanto usuários finais da oleaginosa (consumidores do grão) continuam com compras em compasso de espera.

Na Bolsa de Chicago o movimento de baixa continuou.  A sessão de ontem  na CBOT somou 9 dias consecutivos em que a soja registrou redução em suas cotações futuras. 

No quesito exportações, nesta última semana os EUA conseguiram manter as vendas e embarques da soja em patamares adequados. Foram embarcados 597mil toneladas e vendidas 519mil em contratos. A Indonésia foi a principal compradora e destino de tais embarques, com um share de quase 25% de tais exportações.

Nas previsões climáticas atualizadas hoje, nenhuma grande mudança foi observada sobre o padrão de chuvas estabelecido sobre os Estados Unidos, nestes próximos 5 dias.

As temperaturas se mantêm acima da média, porém não são um grande problema, uma vez que a maioria da área sojicultora estadunidense segue bem regada.

Dow Jones confirma decisão de Trump

De acordo com  pessoas ligadas a Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos aprovou a aplicação de tarifas de cerca de US$ 50 bilhões sobre produtos chineses a partir de hoje,15. A Informação é da agência de notícias Dow Jones Newswires, segundo a qual a aprovação vem na esteira de uma reunião na Casa Branca acontecida ontem à noite com importantes funcionários do governo e representantes dos departamentos do Tesouro e do Comércio e do Escritório do Representante Comercial ( USTR na sigla em inglês).

Não ficou claro quando as tarifas entrarão em vigor. Pequim deixou claro que pretende retaliar os EUA em um montante semelhante ao que for aplicado pelos americanos. Segundo a Dow Jones, o USTR deve divulgar a lista final de produtos chineses que estarão sujeitos a tarifas. Espera-se que os bens afetados sejam semelhantes a uma lista preliminar que o USTR divulgou no início de abril e que continha 1,3 mil categorias de produtos.

Já na Europa os países da União Europeia aprovaram nesta quinta-feira, 14, de forma unânime, um plano para impor tarifas de importação num total de US$ 3,3 bilhões sobre produtos dos EUA em resposta às taxas americanas sobre aço e alumínio europeus no início de junho, disseram fontes da UE. A comissão propôs adotar taxas de 25% sobre produtos como suco de laranja, bourbon, jeans e motos.

Fonte: Reuters + AGResources

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