Ibovespa fecha em queda na mínima do ano; nos EUA, Nasdaq tem novo fechamento recorde

Publicado em 14/06/2018 18:08

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa, principal índice de ações da B3, fechou em queda nesta quinta-feira, renovando a mínima do ano, com bancos respondendo pela maior pressão de baixa, conforme o mercado brasileiro segue enfraquecido pela maior percepção de risco com o quadro macroeconômico e cenário político-eleitoral no país.

O Ibovespa caiu 0,97 por cento, a 71.421 pontos, menor patamar desde 14 de novembro de 2017. O volume financeiro da sessão somou 11,15 bilhões de reais.

Os negócios começaram sem tendência clara. O índice foi perdendo fôlego até tocar a mínima do dia, contagiado pela piora no mercado de câmbio, com o dólar superando 2,80 reais após a terceira intervenção do Banco Central, com leilão de swaps.

"O BC pareceu demonstrar preocupação com um nível específico de cotação e isso é muito ruim", disse o sócio da gestora Galt Capital, Igor Lima. "O mercado de juros futuros também estressou nessa hora e, por fim, a bolsa também sentiu o aumento de risco e passou a cair mais fortemente."

A autoridade fez três leilões de swaps, somando desde a sexta-feira passada até agora 18 bilhões de dólares. O último leilão do dia aconteceu no meio da tarde, quando o dólar disparava ao redor do mundo. O dólar avançou 2,64 por cento, a 3,8119 reais na venda.

De acordo com Lima, os bancos costumam ser os papéis que mais rapidamente capturam o risco macroeconômico, mas a bolsa de forma geral anda bastante fraca.

"Não tem nenhum motivo para o investidor se animar com essa classe de ativo no curto prazo. O crescimento tem decepcionado, o risco político só aumenta e o ambiente externo é cada vez menos benigno, como demonstrou a mudança de tom do Federal Reserve na véspera", destacou.

No exterior, Wall Street fechou sem direção única dos principais índices, enquanto o índice MSCI de ações de mercados emergentes caiu 1,24 por cento.

DESTAQUES

- BRADESCO PN caiu 4,06 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 3,55 por cento, enquanto BANCO DO BRASIL perdeu 4,53 por cento. SANTANDER BRASIL UNIT teve baixa de 3,61 por cento.

- PETROBRAS PN fechou em baixa de 0,46 por cento, mesmo após aprovação pela Câmara dos Deputados de requerimento que confere regime de urgência ao projeto que autoriza a petrolífera de controle estatal a vender até 70 por cento dos campos da chamada cessão onerosa.

- BRF subiu 3,32 por cento, diante de expectativa de que Pedro Parente assumirá a presidência-executiva da companhia de alimentos, que tem sofrido com uma série de eventos negativos que levaram as ações a acumular queda de mais de 45 por cento apenas neste ano.

- MAGAZINE LUIZA ganhou 6,22 por cento e B2W subiu 4,9 por cento, em dia positivo para o ecommerce, em meio a expectativas positivas sobre vendas relacionadas à Copa do Mundo.

- WEG recuou 2,31 por cento, após relatório do Morgan Stanley reiterando 'underweight', com preço-alvo de 14 reais - embora acima dos 9,20 reais anteriores, segue abaixo do preço corrente.

- VALE subiu 0,31 por cento, revertendo perdas do começo da sessão, em dia de alta do preço do minério de ferro na China.

Nasdaq tem novo fechamento recorde e S&P 500 avança após decisão do BCE e dados dos EUA

Por Stephen Culp

NOVA YORK (Reuters) - O S&P 500 fechou em alta e o Nasdaq alcançou uma nova máxima recorde nesta quinta-feira após o Banco Central Europeu dizer que evitará elevar taxas de juros até meados de 2019 e dados mostrarem força da economia dos Estados Unidos.

O índice Dow Jones caiu 0,1 por cento, a 25.175 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 0,247151 por cento, a 2.782 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,85 por cento, a 7.761 pontos.

Os fortes números de vendas no varejo dos EUA foram divulgados um dia após o Federal Reserve elevar sua taxa de juros e sugerir a possibilidade de duas novas altas até o fim de 2018.

O BCE anunciou que encerrará seu programa de compras de títulos ao fim do ano, mas sinalizou que qualquer elevação de juros ainda está distante.

"As pessoas estão olhando para possível aperto da parte do BCE e percebendo que ele pode acabar não se realizando", disse Stephen Massocca, vice-presidente sênior da Wedbush Securities em São Francisco. "Eu acho que as pessoas viram isso hoje e pensaram que isso era notícia positiva".

A elevação da taxa de juros pelo Fed na quarta-feira veio acompanhada de uma avaliação econômica otimista. Isso, por sua vez, foi seguido por dados que indicaram vendas acima do esperado no varejo nesta quarta-feira e desemprego caindo para uma mínima de quase 44 anos e meio, ressaltando o otimismo do banco central.

"A habilidade (do Fed) de elevar mais os juros, três ou quatro vezes, na verdade é boa notícia", disse Doug Cote, estrategista-chefe de mercados da Voya Investment Management.

"A razão pela qual eles são capazes de fazer isso é que a economia está muito forte".

Os dados de vendas no varejo mais fortes que o esperado "destruíram expectativas", disse Cote. "Então isso é uma boa notícia em cima de boas notícias e é isso que está puxando os mercados hoje."

Fonte: Reuters

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