"Seremos a Venezuela ou o Chile?... Não sou animador de torcida", diz Rodrigo Constantino

Publicado em 31/05/2018 07:42
O ÓBVIO ULULANTE: CRITICAR BOLSONARO NÃO É SINÔNIMO DE DEFENDER CIRO GOMES (por Rodrigo Constantino, na Gazeta do Povo)

Entendo: estamos em ano eleitoral. Entendo: o clima é de guerra total, tudo ou nada, ou vai ou racha, seremos a Venezuela ou o Chile. Entendo: as redes sociais acirraram os ânimos e criaram um clima de torcida partidária ainda maior. Posso compreender tudo isso, e ainda assim fechar com meu editor Carlos Andreazza, que lembrou que a vida não se resume a um segundo turno.

Infelizmente, muitos não entendem isso, tampouco o meu papel, que confundem com o de um animador de torcida, um marqueteiro de candidato, e não um analista independente que defende uma doutrina liberal com viés conservador que está acima de nomes particulares, pessoas e, principalmente, políticos. Por isso enxergam qualquer crítica ao seu candidato como um ataque mortal e prova de que debandei para o lado inimigo. Cansa…

Como sabia Nelson Rodrigues, o óbvio ululante precisa ser dito, pois poucos são capazes, pelo visto, de enxerga-lo. Ainda mais nos dias de hoje, das redes sociais, de eleições, de polarização extremada. Portanto, vamos lá: quando critico alguma postura, fala infeliz ou ação condenável – na minha opinião, claro – de Jair Bolsonaro, não estou automaticamente defendendo Alckmin, Amoedo e muito menos Ciro Gomes.

Não são poucos os seguidores que cobram essa “resposta”. Ataquei algo em Bolsonaro? Eles logo surgem para me colocar contra a parede: “Prefere o Ciro Gomes? Está fazendo campanha para o Alckmin? Vai de Amoedo 1%?” É uma visão pobre da coisa, eu diria. É viver aprisionado num eterno Fla x Flu, sem se dar conta de que há mais no mundo do que vossa vã disputa eleitoral.

Claro que entendo que, ao condenar algum candidato, posso estar dando munição ao adversário ainda pior. Mas nem por isso devo me calar diante de situações criticáveis. Por exemplo: se eu desconfio da conversão liberal de Bolsonaro, que insiste em votar contra o liberalismo e a titubear quando o tema é privatização, isso não quer dizer que ele seja menos liberal do que Ciro Gomes; quer dizer apenas que ele não convenceu ainda como liberal, e que externar isso é crucial para o debate, para preservar a imagem do liberalismo, e até para tentar trazê-lo mais para cá, pro lado liberal.

Não é assim que muitos percebem, lamento dizer. Se o foco fosse quase todo em criticar um e nada dizer sobre os demais, tudo bem, a crítica até seria pertinente. Mas está longe de ser o caso! Basta uma rápida busca no blog e um mínimo de honestidade para ver que o alvo principal de ataques e críticas não é Bolsonaro, e sim a esquerda, seja a tucana, seja a raivosa mais radical de um Ciro Gomes da vida. Mas isso não quer dizer que jamais irei criticar Bolsonaro, que merece duras críticas.

Uma postagem do ilustre personagem Joaquim Teixeira resume bem a questão:

O sujeito que critica Bolsonaro por certos motivos e logo depois defende candidatos ainda piores sob o mesmo prisma está sendo incoerente, e isso merece ser apontado e condenado. Mas isso não é o mesmo que não criticar Bolsonaro porque Ciro é ainda pior. Podemos – e devemos – criticar ambos, destacando que um é pior do que o outro.

Bolsanaro é destemperado, adota tom autoritário, é machista e ainda possui ranço intervencionista e nacionalista? Tudo bem, podemos apontar isso se for nossa crença, mas sejamos honestos de reconhecer que, em todos esses quesitos, Ciro Gomes é muito pior! O partidarismo desonesto começa quando apelamos para o duplo padrão, para a hipocrisia, e vemos como qualidades de um aquilo que, no outro, transforma-se em defeitos.

A turma de “isentões”, todos de esquerda, que repetem por aí que Bolsonaro é um radical autoritário costuma ignorar justamente essa busca pela coerência. Vemos gente como Ciro Gomes e até Guilherme Boulos sendo tratada como candidatos normais, enquanto Bolsonaro fica como o único extremista. Isso sim, é inaceitável, e é o que joga tanta gente moderada no colo do capitão. Estamos todos cansados desse duplo padrão e desse esquerdismo “velado” de quem banca o moderado. Vejam, por exemplo, o caso da economista Mônica de Bolle, da Casa das Garças, filha da PUC:

Tucanos sendo tucanos… Então quer dizer que a jovem economista “neoliberal”, segundo os padrões brasileiros, achou que Ciro Gomes teve “altos e baixos” em sua entrevista no Roda Viva? Uma entrevista em que o sujeito repetiu todos os chavões nacional-desenvolvimentistas responsáveis pela tragédia atual, citou frase do assassino terrorista Che Guevara, e condenou o povo venezuelano pela reação “fascista” ao governo? Esses seriam alguns exemplos de “baixos”? E acertos? A proposta de taxar os mais ricos?

Mônica de Bolle, naturalmente, não é uma liberal, e só no Brasil mesmo para o PSDB ser “acusado” de neoliberal. Ela é tradutora do esquerdista Thomas Piketty, de quem tem vários elogios a fazer. Sua obsessão é pela “desigualdade”, o que já é meio caminho andado para se tornar um socialista. E qualquer máscara vem abaixo de vez no momento em que alguém como Ciro Gomes merece elogios, tendo tido “mais altos do que baixos”. Ela sabe contar? Ciro não, pois sequer encontra um bilhão para cortar nos gastos públicos, e acha que austeridade fiscal é coisa de liberal boboca…

Uma pessoa supostamente esclarecida, formada em Economia pela PUC (onde me formei também), que foi do principal “think tank” de economia do PSDB, repetindo que gostou da entrevista de um ultra-populista de esquerda como Ciro Gomes: é algo que desanima, que quase tira nossa esperança no futuro do Brasil. Mas serve para lembrar como os tucanos são uns esquerdistas enrustidos, que posam de moderados, mas que flertam com os radicais de esquerda o tempo todo, enquanto sentem ojeriza de qualquer coisa mais à direita.

Portanto, meus caros, não venham mais perguntar se quando critico Bolsonaro é porque prefiro Alckmin ou Ciro Gomes. Cruz credo! Felizmente não sou obrigado a adotar tal mentalidade tribal de torcida de futebol, e posso manter minha independência de análise e meu foco no longo prazo, tentando contribuir para um futuro melhor, de preferência longe de populistas de todos os perfis ideológicos, distante de autoritários de todas as cores.

Rodrigo Constantino

E EU QUE PENSAVA QUE O LIBERALISMO CRESCIA NO BRASIL!

(por  Juliano Oliveira, publicado pelo Instituto Liberal)

Tenho visto lideranças de todos os tipos, de empresários a pastores evangélicos, de coordenadores de grupelhos de esquerda a intelectuais de “direita” que, num surto de irresponsabilidade, do conforto de suas casas, incentivam a barbárie com a finalidade de alcançar um futuro melhor para o Brasil. Alguém precisa avisá-los de que o apoio irrestrito ao primitivismo, à irracionalidade e ao caos, já nos trouxe um prejuízo da ordem de 18 bilhões de reais (sim, estou sendo modesto).

Existe quase uma unanimidade, nos discursos dessa composição eclética, de que os caminhoneiros estão lutando pelo bem de toda uma nação, estão mudando os rumos deste país. Mais uma vez, para essa horda, os fins são mais importantes que os meios. No Brasil, país predominantemente de esquerda, prevalece aquela velha história de querer mudar as coisas radicalmente, sem fazer uso das vias democráticas, apelando para o grito e para a força.

Desta vez, no entanto, foi possível perceber que sob o manto do discurso democrático e liberal, há muitos jornalistas e intelectuais cujas paixões revolucionárias em muito se assemelham às das trupes de esquerda que desejam obter o poder a qualquer custo.

A pergunta que fica é: quando foi que a suposta direita liberal passou a acreditar em unicórnios? Milhares de pessoas estão caindo nesse papo de que o protesto é legítimo e liberal porque, em tese, exige a redução de impostos. Não há nada de liberal num protesto que apela para o primitivismo, para a barbárie e para o rompimento de garantias de contrato para o atendimento aos clamores de uma única categoria.

Os prejuízos desta paralisação são incalculáveis e vão se estender por muitos anos. Quando foi que os ditos direitistas e liberais deixaram de lado o estado democrático de direito e começaram a pregar o vale-tudo para alcançar a satisfação de seus próprios interesses? Muito provavelmente, apesar de se autodeclararem liberais, muitos dos apoiadores deste despautério nunca entenderam a máxima de Milton Friedman de que não existe almoço grátis.

A redução de preços já anunciada pelo governo não virá sem custo à sociedade como um todo. Nada mais antiliberal. Até agora, quais foram as consequências práticas desta greve (apoiada, vejam só, por “liberais” e por Stédile”, o coordenador do grupelho de esquerda MST)?

Alguns dados: Custos diretos da ordem de 9,5 bilhões apenas com subsídios para a Petrobras e para as importadoras de combustíveis, reoneração da folha de pagamento de 28 setores da economia (o que vai gerar mais desemprego, óbvio), fiscalização de postos de combustíveis com o objetivo de verificar se as reduções estão sendo repassadas aos consumidores (lembra dos fiscais do Sarney? Pois é, voltamos à década de 80.), quebra de garantia de contrato e aumento da insegurança jurídica.

O que há de liberal nisso tudo? Isso por que não citei todo o prejuízo já gerado até o momento para a economia brasileira. Exigir que o governo controle preços é exatamente o que estão fazendo os caminhoneiros. E, para nossa vergonha, supostos “liberais” estão apoiando tudo isso.

Cabe uma pergunta, será que Mises não está se revirando no túmulo neste momento? Não foi essa a teoria que Mises nos ensinou. E, antes de dizer que o governo não fez esforços para reduzir o estado, é importante ressaltar que houve atuação direta em três importantes frentes que sequer teriam sido cogitadas por Dilma Rousseff e seus admiradores: PEC dos gastos, Reforma trabalhista e uma quase Reforma Previdenciária (que só não foi possível graças à gritaria histriônica típica de liberais de botequim). O Brasil realmente não é para amadores!!

Autor: Juliano Roberto de Oliveira é administrador de empresas, professor e palestrante. Especialista e Mestre em Engenharia de Produção, é estudioso das ideias liberais.

A ordem liberal está desmoronando?

(Não é por aí. Afinal, populismo autoritário é um jogo de velhos)

por *ROBERT MUGGAH e TAYLOR OWEN, em O Estado de S.Paulo

Pela primeira vez em mais de meio século a democracia liberal está retrocedendo. A maré democrática que subiu nos séculos 19 e 20 parece estar baixando novamente. Os sinais de maior resistência aos valores liberais e às instituições democráticas são visíveis não só em partes da África, Ásia e Américas, mas também em redutos democráticos da Europa Ocidental e da América do Norte.

Como há um punhado de democracias liberais em declínio, há o medo de que este seja o ano em que a ordem liberal global morra. Iniciada em 1945, ela consiste numa densa rede de acordos internacionais e de comércio, e alianças militares, que tinham como objetivo explícito a prevenção da guerra e do nacionalismo econômico, elementos que levavam a conflitos. A ordem já sofreu críticas, mas nunca foi tão atacada quanto atualmente.

A ordem global liberal e democrática pode estar em declínio, mas está longe de ter-se esgotado. De acordo com o Polity Project – que acompanha tendências relativas a autocracias e democracias –, formas de governo democráticas ainda estão se disseminando. Em 1989, quando Fukuyama fez sua declaração, existiam 52 democracias no mundo. Em 2009, no início da administração Obama, o número já havia subido para 87. Hoje são pelo menos 103, em países que, juntos, incluem mais de 60% da população mundial. Até a China e a Rússia são hoje menos repressoras que no passado. É verdade que algumas democracias em partes da Europa Ocidental e Oriental são menos “liberais” que no passado, mas, mesmo assim, de forma geral foi um avanço notável.

O que explica o medo de um déficit democrático e do declínio da ordem global liberal? De acordo com o colunista Ed Luce, boa parte dessa história tem que ver com a ascensão da China. O crescimento econômico do país é de tirar o fôlego: o PIB foi de US$ 950 bilhões no ano 2000 para US$ 22 trilhões em 2016. A China também se beneficiou de três eventos geopolíticos no período: a guerra do Iraque, em 2003, a crise financeira de 2008 e a eleição de Donald Trump, em 2016. Todos esses eventos amplificaram o apelo do modelo alternativo chinês autoritário de desenvolvimento, estimulando autocratas que vinham sendo dissuadidos pelos proponentes do liberalismo.

Outro fator que vem aumentando a ansiedade de quem apoia a ordem liberal global é a erosão do compromisso com princípios democráticos, até mesmo nos países do Ocidente. Revoltados pela eleição (ou quase eleição) de membros de partidos de extrema direita e do crescimento dos populistas, cidadãos moderados da Europa e da América do Norte vêm sofrendo com a crise de confiança de suas democracias. Não sem razão. Desde que assumiu a presidência, Donald Trump retirou financiamento da Organização das Nações Unidas (ONU) e condenou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ameaçou revogar acordos multilaterais de comércio e prejudicou enormemente as relações transatlânticas. No front doméstico, Trump defendeu supremacistas brancos, declarou guerra à mídia independente e ofendeu imigrantes. Se o que mantém a democracia de pé são os princípios da confiança e da igualdade de oportunidades, o que une a autocracia é a cola do medo e da discriminação.

Quando olhamos para o futuro, parece-nos que a ordem liberal global sobreviverá aos violentos ataques vindos de dentro e de fora? Steven Pinker acredita que as forças históricas que impulsionam a expansão da democracia liberal – mobilidade, urbanização, educação e conectividade – estão longe do fim. Assim como a pressão internacional por mais igualdade de gênero, racial e social. Pinker e outros defensores do projeto liberal estão certos de que estão do lado vencedor da História. Afinal, populismo autoritário é um jogo de velhos. Quem o apoia normalmente são homens, religiosos, com menor nível de educação e pertencentes a maioria étnica; reclamam de que se sentem estranhos em seu próprio país e é comum que sejam contrários à imigração e à governança global. Estudos recentes sobre a eleição de Trump, o Brexit e o crescimento de partidos nacionalistas na Europa sugerem que o apoio a eles é menor quanto menor a idade.

Isso não significa que a ordem liberal global sairá incólume ou que não precise de ajustes. É preciso fazer reparos urgentes nos Estados democráticos liberais – incluindo a representação desproporcional de áreas urbanas em detrimento de áreas rurais. Estratégias dedicadas à redução das consequências da desigualdade econômica, além de esforços para restringir o discurso polarizante e para desinflamar políticas identitárias, são louváveis. É certo que a ordem liberal global vai sobreviver de alguma forma, mas ela também precisa incluir um mundo cada vez mais plural. Os EUA quase que certamente desempenharam um papel-chave – engajamento global profundo é o nome do jogo –, mas também terão de reconhecer a realidade de um mundo multipolar cheio de potências novas e inquietas. Os resultados podem ser intermitentes e insatisfatórios, porém é possível que sejam muito mais positivos do que um mundo de desordem.

Um dos principais aspectos que garantem a evolução da ordem liberal global é a existência de um debate sensato e bem informado. O uso de narrativas histéricas é terreno fértil para o extremismo e para o surgimento de demagogos carismáticos. Precisamos refletir cuidadosamente sobre a natureza do discurso cívico. Devemos debater como as novas tecnologias dão forma e amplificam os piores instintos humanos. Em democracias liberais a política é desorganizada e confusa – o que não quer dizer que não possa ser melhorada. 2018 não deveria ser o ano do fim da ordem liberal global, mas um ano em que a democracia está com confiança no centro do discurso público. (*RESPECTIVAMENTE, COFUNDADOR DO INSTITUTO IGARAPÉ E DO SECDEV GROUP; E PROFESSOR ASSISTENTE DA UNIVERSITY OF BRITISH COLUMBIA).

Escassez de vagas assombra milhões de famílias 

(Da incerteza ao desemprego, editorial do ESTADÃO)

Num ambiente de muita incerteza política e insegurança de empresários e consumidores, o desemprego atingiu 12,9% da força de trabalho no trimestre encerrado em abril, com 13,6 milhões de pessoas em busca de ocupação. O Brasil saiu da recessão há pouco mais de um ano, mas a escassez de vagas continua assombrando milhões de famílias, enquanto a crise política entrava o funcionamento da economia. Os novos dados mostram uma piora em relação ao período de novembro a janeiro, base de comparação usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando a desocupação ficou em 12,2% da população ativa, com 12,7 milhões de pessoas procurando um meio de sobrevivência. 

A insegurança refletida nesses números é anterior – é importante lembrar – à turbulência causada pela paralisação do transporte rodoviário e pelas pressões por mudança da política econômica. Essas pressões, em grande parte assimiladas pela Presidência da República, põem em xeque o esforço de arrumação das contas públicas programado para este ano. Se a política de ajuste descarrilar, a recuperação da economia estará comprometida e as perspectivas para os próximos anos ficarão excepcionalmente sombrias.

Especialistas do mercado perceberão esse fato mais prontamente que a maioria dos consumidores, mas esse descompasso fará pouca diferença: o próximo governo herdará um desastre. 

As expectativas de empresários e consumidores começaram a piorar no primeiro trimestre. O desemprego resistente é um reflexo dessa mudança de humor. O Índice de Confiança Empresarial (ICE) calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) recuou em maio pelo segundo mês seguido e chegou a 92,8 pontos. Este foi o menor nível desde novembro de 2017, quando o indicador bateu em 92,1 pontos. As informações foram coletadas até dia 23. Não foram captados, portanto, os efeitos da greve dos transportadores. Os desdobramentos políticos e econômicos desta crise poderão, segundo o superintendente de Estatísticas Públicas da FGV, Aloísio Campelo, levar a uma piora das expectativas. O efeito será registrado em junho. 

Também está baixo o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador ficou estável de abril para maio, em 102,2 pontos, pouco acima da linha de indiferença, mas 5,2% abaixo da média histórica. Em relação a maio de 2017 houve queda de 1,6%. 

Este parece um dado especialmente significativo, porque naquele momento a economia apenas havia superado a recessão de dois anos e os sinais de reativação ainda eram muito discretos. Expectativas mais baixas que as de um ano atrás podem ser, portanto, um importante sinal de alerta, especialmente porque o consumo das famílias tem sido um dos principais motores da recuperação da economia. 

A piora do humor dos consumidores ajuda a entender um detalhe importante da nova pesquisa de emprego. O mau resultado, como assinalou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, foi puxado pelas demissões no comércio. O setor eliminou 439 mil vagas em relação à base de comparação, o trimestre de novembro a janeiro. Foi uma redução de 2,5%. Pelo mesmo confronto, a população ocupada teve uma redução de 969 mil pessoas, ou 1,1%. Nenhum dos grupamentos de atividades teve aumento de contratações no período encerrado em abril. Os de melhor desempenho apenas mantiveram, com variação pouco significativa, o contingente empregado. Foi o caso da indústria geral, com 11,6 milhões de empregados no trimestre encerrado em abril.

A recuperação de emprego do ano passado “está-se desfazendo, inclusive com aumento da população fora da força de trabalho”, comentou Cimar Azeredo. O desemprego ainda é menor que o de um ano atrás, quando a taxa alcançou 13,6%. Mas as palavras do técnico do IBGE são uma advertência da máxima importância. Políticos ainda capazes de pensar no interesse público – quantos haverá em Brasília?– levariam muito a sério esse alerta.

Fonte: Gazeta do povo/ESTADÃO

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