Ibovespa avança, mas tem pior mês desde setembro de 2014

Publicado em 30/05/2018 18:13

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou no azul nesta quarta-feira, véspera de feriado no Brasil, refletindo busca por barganhas, após o Ibovespa acumular em maio a maior queda mensal desde setembro de 2014, diante de piora na percepção de risco político e dados econômicos aquém das expectativas.

O principal índice de ações da B3 subiu 0,9 por cento, a 76.753 pontos, em sessão volátil, na qual oscilou da mínima de 75.514 pontos à máxima de 77.096 pontos. O volume financeiro foi expressivo e somou 20,466 bilhões de reais.

Em maio, contudo, o Ibovespa caiu 10,87 por cento, pior desempenho mensal desde setembro de 2014, afetado também por um aumento na aversão a risco global com mercado emergentes.

Na visão do analista de ações da Genial Filipe Villegas, a alta nesta quarta-feira refletiu uma reavaliação dos exageros nos últimos dias, quando o mercado reagiu a preocupações ligadas aos impactos da crise gerada pela greve dos caminhoneiros. No entanto, ele notou uma mudança na postura de investidores.

"O risco eleição foi trazido a valor presente", afirmou, destacando que a crise iniciada pela greve fez os investidores migrarem durante o mês de empresas estatais e cíclicas, entre outras, para empresas consideradas mais conservadoras, com resultados mais previsíveis e receita vinculada ao dólar.

De acordo com gestores ouvidos pela Reuters, o mercado segue bastante fragilizado pelos eventos relacionados à paralisação dos caminhoneiros, que já dura 10 dias, com investidores e empresas ainda calculando prejuízos, tanto para a atividade econômica, como do ponto de vista fiscal e político.

Para um desses gestores, o incerteza eleitoral apenas começou a ser colocada no preço. "O mercado ainda não quer tomar risco. É difícil calcular o preço dos ativos para um desfecho eleitoral que inclua um candidato com propostas populistas e sem compromisso com reformas", disse um dos gestores.

As operações na bolsa ainda foram afetadas pelos ajustes à revisão do revisão semestral do índice de ações MSCI Brazil, anunciada em meados do mês, que incluiu BR Distribuidora, o IRB Brasil e a Magazine Luiza, enquanto Qualicorp e Taesa foram excluídas.

As mudanças entram em vigor no fechamento do dia 31 de maio, quando a bolsa estará fechada por feriado no Brasil.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN caiu 1,66 por cento e PETROBRAS ON recuou 0,22 por cento, após sessão volátil, com os papéis ainda pressionados por incertezas relacionadas à política de preços da petrolífera de controle estatal, mesmo após declarações do governo e da empresa no sentido de preservação. Em sessão de alta do petróleo no exterior, as ações ainda tiveram como pano de fundo uma greve que já alcança 25 plataformas da companhia e renúncia de membro independente do conselho de administração. Ainda, analistas do Santander Brasil cortaram a recomendação dos ADRs da Petrobras para "manter". No mês, os papéis PN caíram 17,2 por cento e as ações ON perderam 9,75 por cento.

- BANCO DO BRASIL subiu 6,52 por cento, entre as maiores altas do Ibovespa, embora tenha fechado o mês com queda de 16,7 por cento. O JPMorgan soltou nota a clientes afirmando que a ação estava em um patamar de preço interessante, "um ponto de entrada convincente". Analistas do Santander Brasil reiteraram recomendação de compra, citando a fraqueza recente do papel. Ainda no radar esteve o anúncio do BB de que o Fundo Soberano concluiu em 29 de maio a venda das ações que detinha do banco.

- B2W avançou 6,87 por cento e VIA VAREJO UNIT fechou em alta de 4,99 por cento, reagindo a perspectivas de alguma normalização nos transportes de cargas, depois que o setor de consumo e varejo foi atingido pela greve dos caminhoneiros, que comprometeu o fornecimento e o escoamento de produtos.

- VALE encerrou com variação positiva de 0,94 por cento, tendo como pano de fundo a alta dos preços do minério de ferro à vista na China.

- GOL PN recuou 3,02 por cento, entre as maiores perdas, em sessão de alta dos preços do petróleo, o que pesa nos custos de companhias aéreas. No setor, AZUL PN, que não está no Ibovespa, caiu 2,1 por cento.

Wall Street se recupera com menor preocupação sobre política na Itália e alta no setor de energia

Por April Joyner

NOVA YORK (Reuters) - Os índices acionários dos Estados Unidos fecharam em alta nesta quarta-feira, e o S&P 500 e o Dow registraram seus maiores ganhos percentuais diários desde 4 de maio, por sinais de menor tensão política na Itália e à medida que uma alta nos preços do petróleo impulsionou ações.

O índice Dow Jones subiu 1,26 por cento, a 24.668 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 1,269583 por cento, a 2.724 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,89 por cento, a 7.462 pontos.

Os ganhos do S&P 500 apagaram as perdas de terça-feira, quando o índice registrou sua primeira queda de 1 por cento em maio. Temores sobre instabilidade na Itália e a possibilidade da saída do país da zona do euro levaram investidores a correrem para ativos seguros na terça-feira.

O mercado de Treasuries dos EUA, em uma base de retorno total, teve seu melhor dia na terça-feira desde pelo menos julho de 2011, segundo o Índice Agregado de Treasuries da Bloomberg Barclay.

As ações reverteram a queda de terça-feira no momento em que o movimento italiano 5-Estrelas fez uma nova tentativa de formar uma coalizão de governo e pediu ao eurocético Paolo Savona que retire sua candidatura como ministro da Economia.

O sucesso do leilão italiano de títulos de dívida com vencimento em cinco e 10 anos também amenizou preocupações sobre a habilidade do país de se financiar após uma liquidação nos títulos na terça-feira resultar na maior alta diária para os títulos de dois anos em 26 anos.

As ações de energia registraram os maiores ganhos dos 11 principais setores do S&P 500. O índice de energia subiu 3,1 por cento, maior alta diária em sete semanas, à medida que o petróleo dos EUA subiram 2,2 por cento.

"O risco da Itália deixar o euro é remoto" disse Kate Warne, estrategista de investimentos na Edward Jones. "É uma fonte de volatilidade, mas não uma fonte de real preocupação para os mercados financeiros."

Fonte: Reuters

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