Ibovespa fecha em queda com noticiário corporativo intenso, mas sobe na semana

Publicado em 11/05/2018 18:18

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice de ações da B3 fechou em queda nesta sexta-feira, em sessão marcada por uma bateria de resultados corporativos, com as ações da Kroton desabando mais de 15 por cento após balanço trimestral e previsão de resultado consolidado mais fraco este ano em relação a 2017.

O Ibovespa caiu 0,75 por cento, a 85.220 pontos. O volume financeiro do pregão somou 13 bilhões de reais.

Na semana, contudo, o índice de referência do mercado acionário brasileiro avançou 2,53 por cento. No mês, o Ibovespa segue no negativo, com perda de 1,04 por cento. Em 2018, porém, o ganho acumulado é de 11,54 por cento.

De acordo com profissionais da área de renda variável consultados pela Reuters, o noticiário corporativo, notadamente a temporada de resultados, deu o tom no pregão brasileiro nesta sessão, mas o movimento do Ibovespa também teve influência relevante do movimento no câmbio no Brasil.

Após uma trégua na véspera, dólar fechou em alta de 1,53 por cento, a 3,6008 reais, com investidores assumindo posições defensivas antes do fim de semana à espera de nova pesquisa eleitoral na segunda-feira. Na semana, a moeda se valorizou 5,54 por cento.

DESTAQUES

- KROTON despencou 15,21 por cento, maior queda no fechamento em quase dez anos, em meio à repercussão do balanço do primeiro trimestre, com lucro líquido recuando 6,6 por cento ante o mesmo período do ano passado, bem como estimativas para o ano abaixo do desempenho obtido em 2017. "Um difícil começo para o ano", escreveu o Credit Suisse. A rival ESTÁCIO fechou com um tombo de 9,9 por cento.

- B3 caiu 4,38 por cento, tendo no radar o balanço do primeiro trimestre da operadora da bolsa de valores de São Paulo, com lucro líquido recorrente tendo queda anual de 15 por cento. A empresa também divulgou nova previsão sobre despesas e investimentos.

- SABESP cedeu 6,02 por cento, após a companhia de saneamento paulista divulgar queda de 14 por cento no lucro líquido do primeiro trimestre na comparação anual. Para analistas do JPMorgan, os números foram fracos.

- CYRELA caiu 5,42 por cento, após a construtora e incorporadora divulgar prejuízo líquido de 51 milhões de reais no primeiro trimestre, ante lucro de 4 milhões um ano antes. A receita líquida da empresa caiu 29,4 por cento. Analistas do Bradesco BBI consideraram o resultado negativo e executivos da companhia citaram que a queda dos juros da economia ainda não chegou para os compradores de imóveis.

- CVC recuou 3,59 por cento, em sessão com o balanço da companhia no radar. Para analistas do Itaú BBA, os resultados foram amplamente em linha com o esperado, com a receita líquida acima da expectativa sendo compensada por despesas operacionais mais altas. A CVC Corp teve lucro líquido ajustado de 92,2 milhões de reais no primeiro trimestre, alta de 34,6 por cento ante o mesmo período do ano anterior pró-forma.

- BRF ON caiu 0,42 por cento, após a companhia de alimentos divulgar prejuízo líquido de 114 milhões de reais no primeiro trimestre, ante perda de 286 milhões um ano antes. Analistas destacaram que os números ficaram em linha com as expectativas, mas citaram que o prognóstico para os próximos trimestres segue desafiador.

- NATURA disparou 14,65 por cento, alta recorde para o fechamento, em meio à repercussão positiva do balanço da fabricante de cosméticos, que, na visão de analistas da Brasil Plural, mostrou resultados sólidos que ajudarão a diminuir receio sobre a capacidade da empresa de melhorar seu desempenho.

- EDP Brasil saltou 15,56 por cento, maior alta de fechamento da sua história, para 15,60 reais, cotação recorde, também considerando o fechamento, em meio a notícias de que um consórcio chinês com a China Three Gorges (CTG) prepara uma oferta pública de aquisição (OPA) pela controladora EDP.

- B2W ON avançou 8,06 por cento, após resultado do primeiro trimestre, com analistas destacando positivamente a menor queima de caixa, que alcançou 477,5 milhões de reais ante consumo de 1,1 bilhão um ano antes. LOJAS AMERICANAS, que controla a B2W, subiu 2,83 por cento, com balanço também de pano de fundo.

- PETROBRAS PN cedeu 1,2 por cento, após forte alta nos últimos pregões, enquanto PETROBRAS ON subiu 0,38 por cento. Agentes financeiros mantêm o viés benigno para os papéis da petrolífera, diante de um cenário de preços do petróleo mais elevados e apostas positivas sobre a execução operacional da companhia.

- VALE ON fechou em alta de 2,39 por cento, endossada pelo avanço dos preços do minério de ferro à vista na China e conforme o dólar voltou a se valorizar ante o real.

- BRADESCO PN e ITAÚ UNIBANCO PN caíram 1,79 e 1,6 por cento, respectivamente, pesando no Ibovespa em razão da relevante participação que ambos têm no índice, tendo como argumento para a realização uma recuperação da atividade econômica doméstica mais lenta do que o esperado.

Wall Street sobe com rali de setor de saúde após fala de Trump

Por Noel Randewich

(Reuters) - O S&P 500 subiu nesta sexta-feira, ajudado pelas ações do setor de saúde após o presidente Donald Trump criticar os altos preços dos remédios, mas evitar tomar medidas agressivas para reduzi-los.

O índice Dow Jones subiu 0,37 por cento, a 24.831 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 0,170763 por cento, a 2.728 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,03 por cento, a 7.403 pontos.

A Johnson & Johnson e a Pfizer subiram mais de 1 por cento, enquanto a Merck & Co subiu 2,8 por cento após Trump dizer que os governos estrangeiros "extorquem" preços excessivamente baixos de farmacêuticas norte-americanas. Autoridades de saúde divulgaram uma série de propostas para lidar com os altos custos dos medicamentos.

"Eles andaram na corda bamba entre a economia de custos para o povo americano e a maximização dos lucros das ações de saúde negociadas em bolsa", disse Jake Dollarhide, diretor executivo da Longbow Asset Management.

O índice de saúde do S&P encerrou em alta de 1,47 por cento, enquanto o índice de biotecnologia do Nasdaq subiu 2,68 por cento.

O setor de tecnologia caiu 0,32 por cento, com a Apple recuando 0,38 por cento após uma sequência de nove dias de alta, que colocou a fabricante de iPhones mais perto de 1 trilhão de dólares em valor de mercado.

O setor também foi pressionado pela Nvidia, que caiu 2,15 por cento por preocupações de que um aumento de curto prazo na demanda por chips gráficos de mineradoras de criptomoeda possa estar prejudicando os principais negócios da empresa com jogadores de computador.

"Tecnologia está devolvendo parte de seus ganhos. Participantes do mercado não estão fazendo apostas agressivas depois da semana que tivemos, entrando no fim de semana", disse Keith Lerner, estrategista-chefe de mercado da SunTrust Advisory Services. "Estamos em um padrão de espera hoje, digerindo os fortes ganhos da semana."

(Reportagem adicional de Sruthi Shankar)

(Tradução Redação São Paulo, 5511 56447765))

Fonte: Reuters

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