"Profissão Repórter", da Globo, mostra drama dos venezuelanos... mas não liga efeito à causa

Publicado em 10/05/2018 16:06
Por Rodrigo Constantino, na Gazeta do Povo

O Profissão Repórter, programa do esquerdista Caco Barcellos, fez uma reportagem sobre o drama de venezuelanos que tentam entrar ilegalmente no Brasil:

Cerca de 800 venezuelanos cruzam todos os dias a fronteira com o Brasil, fugindo da crise de desabastecimento que enfrenta a Venezuela. O Profissão Repórter acompanhou uma família em uma jornada de cinco mil quilômetros até São Paulo. Foram cinco semanas de viagem até que mãe, pai e filha de apenas quatro anos conseguissem cruzar o país sem recursos, sobrevivendo apenas de caronas e doações.

Três milhões de venezuelanos deixaram o país nos últimos cinco anos e 200 mil vieram para o Brasil. O controle migratório do lado brasileiro é feito em PacaraimaRoraima, a primeira cidade brasileira depois da fronteira. É lá que muitos venezuelanos esperam uma carona.

Duzentos quilômetros separam os venezuelanos que chegam pela fronteira da cidade de Boa Vista, capital de Roraima. O estado pediu ajuda federal para direcionar os refugiados a outros estados do país.

[…]

O Profissão Repórter convidou o jornalista independente Rhonny Zamora, que mora em Caracas, para fazer uma reportagem do ponto de vista dos venezuelanos sobre a crise do país. Ele conta que uma fila para sacar dinheiro pode durar entre uma e três horas e que o venezuelano médio passa muito tempo em filas: para os alimentos regulados, para sacar dinheiro, porque o transporte público se paga em dinheiro, por exemplo.

O valor que pode ser sacado no banco é sempre limitado. “Se você quer dinheiro, há gente que te vende dinheiro. Eu tenho 600 mil bolívares e isso não se consegue em nenhum banco. Você tem que ir até pessoas que te vendam dinheiro. Por 100 mil, você paga 200 mil. Te cobram o dobro do cartão de débito para te dar notas em dinheiro”, conta Rhony.[…]. 

No fim deste mês, a Venezuela realiza eleições presidenciais. O atual presidente Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, é candidato à reeleição. Parte da oposição quer boicotar a votação como forma de protesto.

Vejam o programa todo aqui: https://globoplay.globo.com/v/6724827/

Há mérito jornalístico na reportagem, e é bom mostrar a dura realidade dos venezuelanos. Mas tudo fica muito incompleto quando a crise é jogada assim, sem mais nem menos, como se tivesse caído do além ou sido criada por Maduro, um populista. O telespectador fica sem compreender bem o elo causal entre socialismo e desgraça.

Já escrevi sobre esse “sujeito oculto” que não aparece nas horas que a mídia fala da Venezuela. Voltei ao tema quando um editorial do GLOBO “esqueceu” de mencionar novamente o socialismo como fator causal da crise venezuelana. É válido, repito, o jornalismo que expõe o cotidiano de um povo sofrido, mergulhado no caos.

Mas não é aceitável deixar de lado o que causou isso, e muito menos esquecer de mencionar que Lula, ex-presidente do Brasil, deu todo o apoio do mundo ao regime que destruiu o país com mais reservas de petróleo do mundo!

Guilherme Macalossi viu o lado positivo da reportagem, e elogiou os responsáveis, mesmo admitindo não gostar do líder:

Mas houve quem apontasse para o que ficou faltando:

Como o biquíni, a reportagem mostrou bastante coisa, deu um toque sentimental à tragédia venezuelana, mas escondeu o essencial. O povo brasileiro precisa ser lembrado o tempo todo que a causa dessa desgraça tem nome e é a ideologia socialista, a mesma que o PT e o PSOL defendem até hoje. Não por acaso ambos os partidos ainda apoiam Maduro, mesmo depois de tudo.

Falha imperdoável, em minha opinião, de uma equipe que tem o jornalismo imparcial como meta, e enaltece no nome do programa essa profissão tão importante. Não podem deixar suas próprias ideologias dominarem a busca pela verdade…

Rodrigo Constantino

O CENTRO FICA ENTRE BOULOS E BOLSONARO? (sobre editorial de O GLOBO)

Em seu editorial de hoje, O GLOBO solta a seguinte pérola: “Entende-se que possa haver uma prevalência da órbita política numa fase inicial das conversas para montagem de alianças. Está presente, também, o cuidado em atrair aliados que somem tempo de TV na campanha eleitoral dita gratuita. E assim como existe a busca pelo outsider — por enquanto atenuada com a defecção de Joaquim Barbosa —, há a procura pela ocupação do centro no mapa ideológico. O ponto médio entre Bolsonaro e Boulos.”

Então quer dizer que, para os autores do editorial, o centro seria um lugar equidistante no espaço ideológico entre Boulos e Bolsonaro? O centro seria um… esquerdista como Joaquim Barbosa, que votou em Lula e Dilma e chamou o impeachment desta de “tabajara”? É isso que a mídia “imparcial” considera um ponto de equilíbrio no espectro político nacional?

Vejamos: Boulos, do MTST e do PSOL, prega abertamente crimes, como a invasão de terras. Bolsonaro defende a Justiça, a aplicação das leis, o fim da mentalidade de coitadinho que protege bandidos, e a valorização da polícia. O centro seria, então, pregar um pouco de crime e um pouco de lei?

Boulos e seu PSOL defendem abertamente a ditadura cubana e a tirania venezuelana, que persegue estudantes e críticos, espalhou apenas miséria e escravidão e faliu completamente um país que tem a maior reserva de petróleo do mundo, enquanto Bolsonaro repudia o comunismo e o exemplo de Maduro. Centro, então, seria ter um pouco de regime venezuelano e um pouco de democracia?

Em economia, Boulos quer a velha receita da extrema esquerda: mais estado, mais impostos, mais gastos, redistribuição de riqueza na marra pelo governo, enquanto Bolsonaro, apontando o economista liberal Paulo Guedes como futuro ministro, quer privatização, redução de ministérios, limite de gastos públicos. O centro seria um pouco de muita irresponsabilidade heterodoxa, que sempre fracassou no país, e um pouco de sensatez?

Como fica claro, tratar o centro como um ideal equilibrado entre um revolucionário radical como Boulos e alguém como Jair Bolsonaro, que, mesmo com seus arroubos e defeitos tem pregado uma agenda bastante razoável, não passa de uma estratégia de esquerda, para rotular qualquer coisa fora da socialdemocracia tucana como “extrema direita”. É como chamar de “extremistas” tanto quem defende com paixão o modelo venezuelano como quem combate com paixão tal modelo. Faz sentido?

No mesmo jornal, há um artigo de Luciano Felipe, presidente do Partido Novo no Rio, em que o alvo parece ser justamente Bolsonaro. É a “direita permitida” pela imprensa “imparcial”, no fundo torcedora de esquerda. Luciano Felipe diz muitas coisas verdadeiras, ataca a esquerda que não condena privilégios do setor público, corrupção ou liberdade de imprensa, mas depois passa a atacar também a direita, que busca uma “aventura”. Diz ele:

O trabalho insano dos estudiosos da política não para por aí. No país em que a esquerda defende privilégios e injustiças, grande parte da direita recusa-se a enxergar, mesmo a um palmo do nariz, a enorme oportunidade de unir o povo brasileiro na defesa da livre-iniciativa e da redução do Estado repressor dos investimentos. Em vez de aproveitar a chance histórica de construir um projeto merecedor de respeito internacional, muitos embarcam na canoa furada do aventureirismo, pulverizando forças e desmoralizando-se diante do eleitor sensato.

Enquanto liberais do mundo todo olham o futuro, debruçam-se sobre projetos de desenvolvimento de países e regiões, muitos dos nossos preferem ficar parados em cima de um muro que já caiu faz tempo, o de Berlim. Enxergam comunistas atrás do armário, debaixo da cama, perdem tempo precioso com clichês dos anos 50. O liberalismo carece de líderes mais inteligentes, capazes de olhar para a frente, de pensar em um país mais justo, empreendedor e livre, com impostos menores e bem aplicados. Com menos interferência de um Estado que foi sequestrado pelas elites da burocracia e tornou refém quem cria empregos e riqueza. A hora é de homens e mulheres com seriedade, não de bravateiros inconsequentes e de sanidade duvidosa.

O “eleitor sensato” não representa a maioria do país, e não se vota apenas com a razão. O que o autor do texto não leva em conta é que a política é a arte do possível, não do ideal, e que o ótimo pode ser inimigo do bom. O recado dele parece claro: os liberais deveriam imediatamente virar as costas para Bolsonaro e embarcar com força total na candidatura do Novo, que tem 1% das intenções de voto, segundo pesquisas. Assim teriam o “respeito internacional”: só não teriam o poder.

Falta um mínimo de pragmatismo e, ao tecer críticas tão duras assim ao único candidato com chances concretas que tem adotado um discurso realmente mais à direita, o autor acaba fazendo, ainda que involuntariamente, o jogo da esquerda, seguindo a linha do editorial do jornal. Ciro Gomes e Marina Silva seriam vistos como “centro” e menos “aventureiros” do que Bolsonaro?

Se Luciano Felipe não enxerga comunistas por aí, e acha que quem o faz ficou preso no muro de Berlim, ele deveria procurar melhor. Encontraria inúmeros comunistas espalhados pelas universidades, pela mídia, pela política. Veria gente que celebrou essa semana mesmo os 200 anos de Marx. Saberia que o PT e o PSOL elogiam oficialmente o regime venezuelano. E perceberia, finalmente, que a cultura está toda tomada pela esquerda radical. Nem tudo é economia, como ele dá a entender no texto.

Antes de questionar a sanidade dos liberais que, por falta de melhor opção real, enxergam em Bolsonaro (com Paulo Guedes) uma possibilidade de reverter parte do estrago causado pelos “progressistas” da extrema esquerda, seria interessante uma autorreflexão sobre a sanidade de quem oferece, como única alternativa, um sonho. Entendo a campanha partidária, mas gostaria de pedir mais respeito aos liberais que mantêm os pés no chão. Até porque será curioso ver a postura do autor no segundo turno…

Rodrigo Constantino

A ONDA TRUMP DESMANCHA O “LEGADO” DE OBAMA, CONSTRUÍDO EM PILARES DE AREIA

“Barack Obama wrote a book titled ‘The Audacity of Hope.’ His own career, however, might more accurately be titled ‘The Mendacity of Hype.'” – Thomas Sowell

O esquerdismo é a doença infantil do comunismo. Quem diz não sou eu; foi Lenin! E nisso, ao menos, ele acertou. Quando vejo a esquerda moderna, penso numa criança mimada, num adolescente birrento, num jovem romântico que deixa a primazia do desejo falar mais alto do que a primazia dos fatos, que coloca a estética acima da realidade. Penso em Obama.

Quando vi a reação do ex-presidente à decisão de Trump de retirar os Estados Unidos do acordo com o Irã, comentei: Obama tinha mesmo que ser o ícone da esquerda caviar. Diante da grande tacada de Trump hoje, colocando os aiatolás iranianos em xeque, só lhe restou escrever textão de Facebook como desabafo, lamentando no fundo que há, hoje, um presidente macho e com apreço pelo legado ocidental, não pelo multiculturalismo, no poder.

A reação de seus fãs foi ainda pior. São criaturas frágeis, de porcelana, “flocos de neve” que consideram Trudeau um grande estatista, pois, afinal, declarou guerra… aos gêneros fixos! No fundo, morrem de medo – com um misto de tesão – diante da simples imagem de um barbudinho com turbante. E como querem crer que basta sinalizar simpatia para ter, em retorno, afagos da “religião da paz”. Gentileza gera gentileza… sua filosofia vem de frases de parachoque de caminhão!

A galerinha do jardim de infância “pacifista” acredita em acordos amigáveis, de pai para filho, com ditaduras comunistas e teocracias islâmicas. Toma a palavra do outro como garantia de compromisso. São os filhotes de Chamberlain, que confiou nas boas intenções de Hitler.

Mas felizmente há gente adulta, séria, no comando da América hoje. Felizmente tem macho com testosterona ali, para colocar os reais interesses do mundo ocidental em primeiro plano, e tomar as decisões difíceis, com possíveis custos no curto prazo. Vejam o pronunciamento de Trump direto da fonte, sem o filtro ideológico da mídia:

Sempre admirei o poder de síntese dos chargistas. Essa charge de hoje resume com perfeição a coisa toda:

Obama, um ser infantil, curtindo seu “legado” em pilares de areia, que a onda Trump veio destruir. É a síntese do que estamos acompanhando, e ainda falta desfazer o Obamacare, a tentativa de se criar um SUS nos Estados Unidos.

Leandro Ruschel comentou: “A esquerda globalista é profundamente anti-ocidental, alinhada com o regime islâmico extremista iraniano. Obama é o líder dessa corrente globalista cada vez mais numerosa na esquerda americana. Isso explica o fétido acordo nuclear com os aiatolás, agora dinamitado por Trump”.

Guilherme Macalossi também comentou: “Obama disse que a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irã foi ‘erro sério’. Erro sério foi o Obama, mas este já está sendo corrigido”. Alexandre Borges ironizou: “Bom Dilma Brasil, da Al Brazeera, está arrancando as calças pela cabeça com o fim do acordo. É tudo que você precisa saber sobre o assunto”.

Quando tantos “especialistas” que só erraram ficam alarmados com a decisão de Trump, então isso sem dúvida é um bom sinal de que o presidente republicano acertou, uma vez mais. Essa gente ainda não veio a público explicar porque não tivemos a guerra nuclear com a Coreia do Norte, mas sim um acordo histórico de paz.

Como crianças mimadas, porém, esses “jornalistas” não dão a mínima para o histórico de erros e acertos. Seu narcisismo, misturado ao oportunismo, impede isso. Para essa turma, a retórica empolada basta. Vivem no mundo da tirania dos discursos, das palavras. E nisso, convenhamos, Obama era mesmo o reizinho…

Rodrigo Constantino

Fonte: Blog Rodrigo Constantino/Gazeta

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