Ibovespa fecha quase estável após sessão volátil e recua na semana

Publicado em 04/05/2018 18:11

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice de ações da B3 fechou em leve queda nesta sexta-feira, após sessão volátil, tendo como pano de fundo ganhos em Wall Street e com investidores também repercutindo resultados corporativos e o cenário eleitoral no país.

O Ibovespa caiu 0,2 por cento, a 83.118 pontos, após oscilar da mínima de 82.745 pontos à máxima de 83.670 pontos. O volume financeiro somou 11,5 bilhões de reais. Na semana, contudo, o índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 3,85 por cento.

Em Nova York, o S&P 500 subiu 1,28 por cento, com o avanço de ações de tecnologia liderado pela Apple, enquanto dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos aliviaram preocupações sobre um aumento mais rápido dos juros.

O governo norte-americano divulgou criação de emprego mais branda que a esperada em abril, mas a taxa de desemprego caiu para a mínima em quase 17 anos e meio, a 3,9 por cento. A renda média por hora subiu 0,1 por cento.

Na visão de agentes financeiros, os números não alteraram as apostas sobre a trajetória esperada para a política monetária norte-americana, com as previsões já contemplando dois aumentos e a possibilidade de uma terceira alta do juro nos EUA.

Mais cedo, profissionais da área de renda variável citaram uma cautela maior com emergentes em geral, com preocupações sobre o aumento dos juros pelo Federal Reserve (banco central dos EUA) amplificando questões internas desses países.

Para o chefe da mesa de renda variável da CM Capital Markets, Fabio Carvalho, o Ibovespa só não acompanhou a melhora de Wall Street em razão do quadro político indefinido no qual o país se encontra.

O último pregão da semana também foi marcado pela divulgação da última prévia do Ibovespa, que passa a vigorar a partir de segunda-feira, e confirmou as entradas de B2W, CVC Brasil e Gol.

DESTAQUES

- LOJAS RENNER ON valorizou-se 5,43 por cento, em meio à repercussão favorável do balanço do primeiro trimestre, quando teve alta de 66 por cento no lucro, com crescimento de mais de 6 por cento nas vendas no conceito mesmas lojas.

- CEMIG PN subiu 3,14 por cento, tendo no radar elevação da sua nota de crédito pela Fitch e eleição de Adézio de Almeida Lima para presidente do conselho de administração da elétrica mineira.

- VALE ON fechou em alta de 1,24 por cento, apesar do recuo dos preços do minério de ferro à vista na China. A ação superou o Itaú na última prévia da carteira teórica do Ibovespa e agora detém a maior participação no composição do índice.

- TIM ON subiu 0,65 por cento. No noticiário, Vivendi afirmou nesta sexta-feira que deixou de controlar a Telecom Italia, que controla a companhia brasileira. O fundo ativista Elliot assegurou dois terços dos assentos no conselho de administração da Telecom Italia após assembleia de acionistas, superando a Vivendi.

- RD ON caiu 3,64 por cento, entre as maiores quedas, após divulgar nesta semana resultado mais fraco do que as expectativas do mercado. Em 2018, o recuo dos papéis já alcança cerca de 30 por cento.

- PETROBRAS PN cedeu 0,8 por cento e PETROBRAS ON perdeu 1,73 por cento, apesar da alta do petróleo, tendo no radar noticiário rico relacionado à petroleira, incluindo que o governo quer ter posição sobre cessão onerosa dentro do prazo.

- ITAÚ UNIBANCO PN fechou em baixa de 1,17 por cento, enquanto BRADESCO PN fechou com variação positiva de 0,09 por cento.

- BANCO INTER UNIT, que não está no Ibovespa, caiu 6,02 por cento, após liquidaçao do Banco Neon pelo Banco Central por comprometimento da situação econômico-financeira e violações às normas legais. Também no radar esteve notícia do blog TecMundo de que dados de clientes do Inter vazaram. Consultado pela Reuters, o banco disse que foi vítima de tentativa de extorsão e que imediatamente constatou que não houve comprometimento da segurança no ambiente externo e nem dano à sua estrutura tecnológica.

Vale assume liderança na 3ª prévia do Ibovespa pela 1ª vez desde 2013

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - As ações da mineradora Vale assumiram a posição de maior peso na terceira prévia da carteira teórica do Ibovespa, o que não ocorria desde setembro de 2013, informou nesta sexta-feira a bolsa paulista B3.

A conquista da liderança após quase seis anos ocorreu devido a uma combinação da migração da Vale ao Novo Mercado, mais alto nível de governança da B3, nova política de dividendos da empresa e também da maior estabilidade dos preços das commodities, disse à Reuters diretor de Relações com Investidores da mineradora, André Figueiredo.

"A nova política de dividendos, mais agressiva, previsível e fácil de quantificar, traz para a empresa um segmento de investidores que a gente havia perdido nos últimos anos. São fundos de dividendos que representam uma boa parcela de investidores no mundo", disse Figueiredo, por meio de nota.

A nova política foi anunciada em março, com uma proposta de ser, ao mesmo tempo, agressiva e sustentável por um longo período de tempo, podendo ser aplicada em qualquer cenário de preço, permitindo ainda, previsibilidade das datas de pagamentos e do montante a ser distribuído.

A B3 informou nesta sexta-feira que a Vale atingiu 11,228 por cento da carteira, deixando o Itaú Unibanco PN em segundo lugar, com 10,44 por cento, seguido pelos papéis PN do Bradesco (7,734 por cento).

Analistas de mercado corroboram a afirmação de Figueiredo e destacaram que a entrada no Novo Mercado abriu caminho para investidores de diferentes perfis.

"A partir do momento em que você tem um ativo sendo negociado nesse nível de maior governança, você ganha mais liquidez", disse Rafael Passos, analista da Guide Investimentos, destacando ainda medidas que estão sendo implementadas pela empresa, em busca de pulverizar o controle e melhorar ainda mais a sua governança.

"Lá fora você tem uma série de regulamentos (determinando) que grande parte dos fundos não pode entrar em ativos que não tenham um nível mínimo de governança. A partir do momento em que ela entra no Novo Mercado, ela passa a deter esse benefício", afirmou.

Em uma entrevista à Reuters no ano passado, o diretor-executivo de Finanças e de Relações com Investidores da mineradora, Luciano Siani, afirmou que a ascensão da Vale ao Novo Mercado e as estratégias em busca de melhores resultados permitiriam ampliar a base de acionistas, atingindo novos perfis, como asiáticos e fundos mineração e metais.

Após a migração, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que a empresa já havia notado novos investidores.

A Vale já era um dos papeis mais líquidos da bolsa, juntamente com Petrobras e bancos, de forma geral.

Mas a última vez que a Vale liderou a carteira foi na virada de setembro a dezembro de 2013, quando obteve 8,287 por cento. Em segundo lugar estava a Petrobras, com 7,617 por cento, seguida pelo Itaú Unibanco PN, com 4,558 por cento.

"Em 2013, a Vale teve um desempenho positivo, apesar das adversidades do cenário econômico do ano. Alcançaram o terceiro melhor desempenho em geração de caixa, levando em conta o Ebitda ajustado, recordes de venda e redução de custos", disse a consultora de investimentos da GO Associados, Luciana Nazar.

Fonte: Reuters

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