Ibovespa fecha em queda pressionado por resultados corporativos; Ultrapar cai 10%
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice de ações da B3 fechou em queda nesta quinta-feira, pressionado por resultados corporativos, com as ações da Ultrapar e da Cielo recuando 10 e 6 por cento, respectivamente, após seus números do primeiro trimestre frustrarem as expectativas de analistas.
O Ibovespa caiu 1,49 por cento, a 83.288 pontos. O volume financeiro somou 12,18 bilhões de reais.
Além dos balanços, o gestor chefe da Garín Investimentos, Ivan Kraiser, também destacou que o mercado brasileiro segue no meio de uma indefinição política muito grande, o que já começa a afetar o humor dos investidores.
"O mercado quer ter alguma sinalização de que o Brasil ficará equilibrado do lado fiscal, ou seja, o próximo presidente precisa indicar que fará a reforma da Previdência no começo do mandato. Se vier do lado oposto teremos um 'stress' no Brasil", afirmou.
Wall Street corroborou o viés negativo no pregão brasileiro, com o S&P 500 fechando em baixa de 0,2 por cento, após sessão volátil, com agentes financeiros cautelosos ante o desfecho de negociações comerciais entre Estados Unidos e China e atentos a balanços corporativos.
DESTAQUES
- ULTRAPAR ON desabou 10,16 por cento, maior queda desde pelo menos 2011, com a ação fechando a 54,01 reais, menor patamar desde 2016, após recuo de quase 80 por cento no lucro do primeiro trimestre. O resultado "surpreendeu negativamente mesmo com o mercado já esperando resultados fracos", escreveu o Credit Suisse. A Ultrapar também cortou investimentos para 2018.
- CIELO ON caiu 6,2 por cento, fechando a 17,99 reais, na mínima desde 2014, após frustrar analistas com resultado no primeiro trimestre, que teve queda no lucro, refletindo a crescente concorrência no mercado de meios de pagamentos e os efeitos da queda do juro sobre antecipação de recebíveis. A empresa disse vai multiplicar terminais 'co-branded' para reverter queda na base.
- VIA VAREJO UNIT perdeu 6,15 por cento, em sessão de queda no setor de varejo como um todo. MAGAZINE LUIZA ON recuou 5,17 por cento e LOJAS AMERICANAS PN caiu 3,19 por cento.
- RD ON caiu 0,94 por cento, não sustentando os ganhos registrados em boa parte da sessão, tendo no radar resultado do primeiro trimestre considerado fraco por analistas, com crescimento de apenas 2,7 por cento nas vendas mesmas lojas.
- LOJAS RENNER ON fechou com elevação de 0,34 por cento, antes da divulgação do balanço prevista para esta quinta-feira, após o fechamento. Para o JPMorgan, o resultado do primeiro deve definir o tom para um bom ano, com crescimento de vendas mesmas lojas acima da inflação.
- PETROBRAS PN fechou com variação negativa de 0,66 por cento e PETROBRAS ON cedeu 1,06 por cento, apesar da melhora dos preços do petróleo no exterior.
- BRADESCO PN caiu 2,05 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN recuou 1,97 por cento, também pesando no Ibovespa, em razão da forte participação que detêm no índice.
- VALE ON encerrou com acréscimo de 0,78 por cento, apesar do recuo nos preços do minério de ferro à vista na China.
- EMBRAER ON subiu 0,36 por cento, com o noticiário trazendo que o grupo norte-americano American Airlines fez um pedido firme para mais 15 jatos E175, no valor de 705 milhões de dólares com base nos preços de lista.
S&P recua com fracos resultados corporativos ofuscando dados econômicos fortes
NOVA YORK (Reuters) - O S&P 500 encerrou em queda nesta quinta-feira após uma sessão volátil, uma vez que resultados decepcionantes de diversas empresas ofuscaram fortes dados econômicos.
O índice Dow Jones subiu 0,02 por cento, a 23.930 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,22537 por cento, a 2.630 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,18 por cento, a 7.088 pontos.
Uma queda acentuada após a abertura havia levado o S&P 500 e o Dow Jones abaixo de suas médias móveis de 200 dias, um indicador técnico de momentum de longo prazo. Mas ambos os índices devolveram perdas e subiram acima desses níveis, com o Dow avançando levemente até o fechamento do mercado.
As ações da seguradora American International Group Inc e da distribuidora de medicamentos Cardinal Health Inc despencaram após as companhias divulgarem seus resultados trimestrais. A AIG, que recuou 5,3 por cento, e a Cardinal Health, que perdeu 21,4 por cento, estavam entre as maiores perdas do S&P 500.
Apesar de uma temporada forte de resultados no geral, investidores aproveitaram as dicas de que os lucros das empresas podem ter atingido o pico.
"As boas notícias agora são más notícias", disse Peter Kenny, estrategista sênior de mercado do Global Markets Advisory Group. "Não há realmente nada para segurar os preços das ações, dado esse cenário".
Dados econômicos dos EUA forneceram uma perspectiva mais otimista. O número de norte-americanos recebendo auxílio desemprego caiu para o menor nível desde 1973, e o déficit comercial dos EUA diminuiu pela primeira vez em sete meses. Encomendas de fábricas para março também subiram.
Ainda assim, alguns investidores manifestaram preocupação de que o crescimento econômico moderou e que as futuras altas na taxa de juros pelo Federal Reserve poderiam desacelerar o crescimento. Na quarta-feira, o Fed deixou as taxas inalteradas, mas disse que a inflação se aproximou mais de sua meta de 2 por cento.
"Isso está impedindo o mercado de responder mais positivamente aos dados corporativos que estamos vendo", disse Anwiti Bahuguna, gestor sênior de portfólios da Columbia Threadneedle Investments.