Inflação anual nos EUA medida pelo PCE salta em março; gastos do consumidor avançam

Publicado em 30/04/2018 10:49

WASHINGTON (Reuters) - Os preços ao consumidor dos Estados Unidos aceleraram no ano até março, com a taxa de inflação subindo para perto da meta de 2 por cento do Federal Reserve uma vez que as leituras fracas do ano passado saíram do cálculo.

A alta nas medidas anuais de inflação informada pelo Departamento de Comércio dos EUA nesta segunda-feira era esperada por economistas e autoridades do banco central do país e não deverá alterar o ritmo gradual de aumento da taxa de juros do Fed.

Os preços ao consumidor medidos pelo índice PCE saltaram 2 por cento na base anual em março. Esse foi o maior aumento desde fevereiro de 2017, após alta de 1,7 por cento em fevereiro.

Na comparação mensal, o índice ficou estável, depois de subir 0,2 por cento em fevereiro.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços do PCE subiu 1,9 por cento nos 12 meses até março, o maior aumento desde fevereiro de 2017, após ter subido 1,6 por cento em fevereiro. O chamado núcleo do PCE subiu 0,2 na comparação mensal, após avanço similar em fevereiro.

O núcleo do PCE é a medida de inflação preferida do Fed, e o resultado do mês passado ficou em linha com as expectativas dos economistas.

A ata da reunião de política monetária de 20 a 21 de março do Fed, divulgada este mês, mostrou que as autoridades esperavam que os índices anuais de preços do PCE acelerem em março, em parte devido ao "efeito aritmético das leituras mais brandas sobre a inflação no início de 2017 que saem do cálculo".

A ata também destacou que o aumento da inflação proveniente dos chamados efeitos base "por si só, não justificaria uma mudança na trajetória projetada" pelo banco central para a taxa de juros.

O Fed se reúne na quarta e na quinta-feira para a reunião de política monetária, depois de ter elevado os juros no mês passado e prever mais dois aumentos neste ano.

Deixando de lado os efeitos de calendário, a inflação está aumentando graças ao aperto no mercado de trabalho. O governo informou na sexta-feira passada que os salários registraram o maior aumento em 11 anos no primeiro trimestre.

O crescimento econômico mais rápido, impulsionado por uma revisão tributária que cortou 1,5 trilhão de dólares em impostos e o aumento dos gastos do governo, também é visto como combustível da inflação.

O relatório do Departamento de Comércio divulgado nesta segunda-feira também mostrou que os gastos do consumidor aumentaram 0,4 por cento em março, depois de ficarem inalterados em fevereiro. Os dados foram incluídos no relatório do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre da última sexta-feira.

(Por Lucia Mutikani)

Fed enfrenta novo desafio: um mundo sem "folga" no mercado de trabalho

Por Howard Schneider e Ann Saphir

WASHINGTON (Reuters) - Os negócios estão acontecendo tão rápido e os trabalhadores estão com demandas tão altas na AOW Associates, uma empresa de construção com sede em Albany, Nova York, que seu diretor financeiro contratou uma pessoa há seis semanas para uma vaga que não existia.

"Mantemos nossos anúncios de vaga para gerenciamento de projetos continuamente, mesmo se não quisermos preencher um posto de trabalho específico, e, se alguém aparecer, criaremos um trabalho para ele", disse Nicki Armsby, vice-presidente financeiro da AOW, em uma entrevista recente.

A empresa não é a única na busca de formas criativas para lidar com a escassez de mão-de-obra nos EUA que pode estar piorando, de acordo com dados econômicos recentes e documentos do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos.

As autoridades do Fed, que realiza sua mais recente reunião de política monetária nesta semana, devem agora decidir qual o peso a dar aos sinais de que a economia está chegando a um ponto em que salários, inflação e outros indicadores podem se elevar.

Os dados de sexta-feira mostraram que os custos de emprego nos EUA aumentaram no primeiro trimestre a uma taxa anual de 4 por cento, continuando o que os economistas do JPMorgan consideram uma marcha estável, já que a taxa de desemprego caiu abaixo de 5 por cento em 2015.

Os investidores parecem estar apostando nesse cenário. O rendimento dos Treasuries de 10 anos ultrapassou o nível de 3 por cento na semana passada pela primeira vez em mais de quatro anos.

E a escassez de mão-de-obra tem sido citada pelos analistas como responsável pelos crescentes atrasos de produtos manufaturados em relatórios recentes de gerenciamento de suprimentos.

Acrescente-se o estímulo fiscal da revisão tributária e gastos da administração Trump que estão atingindo a economia este ano, e os preços mais altos de alumínio, aço e potencialmente outros bens afetados por novas tarifas de importação, e o teor da próxima análise do Fed pode trazer mudança.

"A demanda ficou muito forte", disse Tim Fiore, que lidera o comitê de pesquisa de empresas de manufatura do Institute of Supply Management. "Há muito para uma forte expansão... Aprofundar os detalhes e o lado do emprego tem claramente restringido a capacidade dos produtores de atender à demanda."

Não se espera que o Fed aumente a taxa de juros na quarta-feira. Também não devem ser divulgadas atualizações de previsões econômicas e o presidente do Fed, Jerome Powell, não deve falar em coletiva de imprensa.

(Por Howard Schneider e Ann Saphir)

Fonte: Reuters

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