Ibovespa fecha estável, com exterior pressionando humor; Tabaco e tecnologia pressionam Wall Street

Publicado em 19/04/2018 18:10

Por Alberto Alerigi Jr.

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa de valores de São Paulo fechou praticamente estável nesta quinta-feira, com pressão de quedas em bolsas no exterior, enquanto as ações da BRF dispararam, apesar do bloqueio de exportações de fábricas da companhia para a União Europeia.

O Ibovespa encerrou a 85.824 pontos, com oscilação positiva de 0,06 por cento. O volume negociado foi de 10,8 bilhões de reais.

A estabilidade ocorreu após dois pregões de alta, em que o índice de referência do mercado acionário brasileiro acumulou elevação de 3,6 por cento, o que fez com que passasse a contabilizar ganho de cerca de 0,5 por cento no mês.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 recuou 0,6 por cento, enquanto o Dow Jones teve baixa de 0,34 por cento, após três sessões de alta seguidas, com ações de tecnologia pesando diante de receios sobre a demanda por smartphones.

"O Ibovespa teve tendência lateral hoje após o forte fechamento de ontem. As bolsas internacionais pesaram e o cenário eleitoral ainda gera dúvidas", disse Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

Ele acrescentou que realização de lucros com ações do setor bancário também pesou sobre o índice.

DESTAQUES

- BRF ON disparou 4,9 por cento, após o presidente-executivo da Petrobras, Pedro Parente, afirmar na noite de quarta-feira que aceita indicação dos principais acionistas para chefiar o conselho de administração da companhia de alimentos. Apesar do fechamento, o papel perdeu parte da força vista mais cedo, quando chegou a subir 10 por cento, na esteira da confirmação da proibição de 12 fábricas da empresa para exportar produtos para a União Europeia.

- KROTON ON recuou 2,22 por cento, segunda maior queda do Ibovespa, em meio a rumores no mercado de que o presidente-executivo da companhia, Rodrigo Galindo, poderia deixar a empresa para presidir a BRF. Em nota à Reuters, a Kroton informou que Galindo "garante não haver qualquer fundo de verdade nas especulações divulgadas hoje pelo mercado de que ele poderia deixar a empresa para assumir a posição de presidente-executivo da BRF". O executivo disse ainda: "Meu projeto é na Kroton. Temos muito o que fazer na companhia e continuamos focados em um trabalho expressivo para contribuir com uma educação de qualidade para o país, com muitas oportunidades de crescimento no ensino superior e na educação básica", segundo a Kroton.

- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiram 1,83 e 1,25 por cento, respectivamente, em dia de avanço dos preços do petróleo no exterior e com agentes financeiros repercutindo anúncio da petrolífera de que avalia vender 60 por cento da atividade de refino nas regiões Sul e Nordeste do país, com a atração de parceiros controladores diferentes para cada um dos blocos de ativos, que incluem ainda dutos e terminais.

- VALE ON fechou em alta de 0,74 por cento, em linha com o movimento de alta de commodities metálicas no exterior, com destaque para o níquel diante de temores sobre os efeitos de sanções norte-americanas à Rússia. Os contratos futuros de minério de ferro na China também subiram fortemente nesta quinta-feira. Além disso, segundo avaliação da equipe do BTG Pactual, a ação da mineradora deve ser beneficiada pela desvalorização do real e por hedge contra risco político.

- SMILES ON fechou em alta de 1,88 por cento, após a controladora Gol ter indicado na véspera uma chapa alternativa para a eleição dos membros do conselho de administração da companhia de redes de fidelidade de clientes na assembleia geral ordinária e extraordinária agendada para 30 de abril. Analistas do Morgan Stanley consideraram a notícia como um pouco positiva, avaliando que novos membros devem ser amigáveis aos interesses de acionistas minoritários.

- BRADESCO PN caiu 0,17 por cento. ITAÚ UNIBANCO PN recuou 0,93 por cento e BANCO DO BRASIL ON fechou com oscilação positiva de 0,05 por cento.

Tabaco e tecnologia pressionam Wall Street; rendimentos impulsionam bancos

NOVA YORK (Reuters) - Os três principais índices de Wall Street fecharam em queda nesta quinta-feira, com as ações de tabaco liderando uma queda em bens de consumo enquanto preocupações sobre demanda por smartphones abalaram o setor de tecnologia e rendimentos de títulos públicos e resultados ajudaram os financeiros a se recuperar.

O índice Dow Jones caiu 0,34 por cento, a 24.665 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,572612 por cento, a 2.693 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,78 por cento, a 7.238 pontos.

O mercado reduziu as perdas no fim da sessão após a Bloomberg divulgar que o vice-secretário de Justiça dos EUA, Rod Rosenstein, disse ao presidente Donald Trump na semana passada que ele não é alvo da investigação sobre a Rússia do assessor especial Robert Mueller. A reportagem citou duas pessoas não identificadas familiarizadas com o tema.

A gigante de cigarros Philip Morris International foi o segundo maior peso sobre o S&P após resultados abaixo do esperado, também puxando para baixo a companhia de tabaco norte-americana Altria.

Um alerta da Taiwan Semiconductor (TSMC), segunda maior fabricante de chips do mundo e fornecedora da Apple, sobre a fraca demanda por smartphones e crescimento da indústria neste ano desencadeou uma queda nos índices de chips e fez da Apple o segundo maior peso sobre o S&P.

Junto com os fracos resultados da Phillip Morris e Procter & Gamble Co, setores defensivos como bens de consumo também foram atingidos por uma alta nos rendimentos das Treasuries de 10 anos, que ajudou ações de bancos.

"Está basicamente ditado pela movimentação no mercado de títulos", disse Stephen Massoca, vice-presidente sênior da Wedbush Securities.

Fonte: Reuters

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