Wall Street retoma alta com redução de temores sobre guerra comercial

Publicado em 26/03/2018 19:41
Ibovespa avança com blue chips e NY, mas giro é menor

NOVA YORK (Reuters) - Wall Street marcou seu melhor dia em dois anos e meio e o Dow Jones teve seu terceiro maior ganho de lucro nesta segunda-feira, com as preocupações de guerra comercial diminuindo com relatos de que Estados Unidos e China estão dispostos a renegociar tarifas e desequilíbrios comerciais.

O índice Dow Jones subiu 2,84 por cento, a 24.203 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 2,715724 por cento, a 2.659 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 3,26 por cento, a 7.221 pontos.

O rali, impulsionado pelas ações de tecnologia, veio na esteira do pior desempenho semanal dos índices desde janeiro de 2016, sendo que o S&P 500 compensou menos da metade da perda de quase 6 por cento da semana anterior.

"Nós vimos uma recuperação muito boa por causa de potenciais negociações com a China", disse Dennis Dick, chefe de estrutura de mercados da Bright Trading LLC. "As pessoas estão se aproveitando da enorme queda da semana passada."

"Não acho que estamos já estamos for a de período, há incerteza política", acrescentou Dick.

A queda da semana passada foi alimentada em parte pelas tensões envolvendo a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de cobrar tarifas sobre 60 bilhões de dólares de importações chinesas, além das taxas já impostas a painéis solares, aço e alumínio.

Mas as tensões reduzidas acalmadas quando o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, repetiu compromissos para manter as negociações comerciais e facilitar o acesso às empresas americanas.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steve Mnuchin, disse no domingo que acredita que Washington pode chegar a um acordo com a China sobre algumas questões, mas as tarifas não serão suspensas "a menos que tenhamos um acordo aceitável que o presidente assine".

"É claramente uma flexibilização das tensões comerciais. Os comentários de Steve Mnuchin ontem à noite deram espaço para negociações com a China", disse Oliver Pursche, estrategista-chefe de mercado da Bruderman Asset Management.

Ibovespa avança com blue chips e NY, mas giro é menor

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice de ações da B3 fechou em alta nesta segunda-feira, com apoio de blue chips como Petrobras, Vale e Itaú Unibanco, além de fortes ganhos em Wall Street, mas o avanço foi limitado pela queda de BRF.

O Ibovespa subiu 0,84 por cento, a 85.087 pontos. O volume financeiro da sessão somou 7,49 bilhões de reais, abaixo da média do mês, de 11 bilhões de reais.

Em Wall Street, ações de tecnologia lideraram a recuperação. O arrefecimento de preocupações acerca de uma guerra tarifária entre EUA e China também ajudou, em meio a notícias de que as duas maiores economias do mundo podem começar negociações sobre questões comerciais.

O índice S&P 500 subiu 2,7 por cento, após ter caído 5,95 por cento na semana passada, período no qual o Ibovespa recuou 0,6 por cento. Apenas na sexta-feira, o Ibovespa cedeu 0,46 por cento e o S&P 500 caiu 2,1 por cento.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN teve ganho de 1,24 por cento, sob influência do cenário mais benigno no exterior, com o setor bancário do Ibovespa em alta como um todo.

- VALE ON avançou 0,96 por cento, também respondendo por um dos principais suportes, apesar da queda no preço do minério de ferro à vista na China.

- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiram 1,29 e 0,84 por cento, também ignorando a fraqueza do petróleo no exterior. A companhia convocou assembleias de acionistas para 26 de abril, quando serão avaliadas mudanças no estatuto da companhia e serão eleitos onze membros para o conselho de administração.

- ELETROBRAS ON e ELETROBRAS PNB avançaram 7,41 e 6,94 por cento, respectivamente, em meio a um noticiário mais positivo para a elétrica, incluindo o anúncio de um programa de demissão consensual, embora persistam incertezas sobre o processo de privatização da companhia.

- MAGAZINE LUIZA valorizou-se 5,49 por cento, liderando os ganhos do setor do varejo, em meio ao cenário de juros baixos e à decisão do Banco Central de reduzir custo do cartão de débito para comércio, bem como anúncio de que avalia mesma medida para cartão de crédito.

- CIELO ON caiu 1,45 por cento, uma vez que a maior empresa de meios eletrônicos de pagamentos do país será a mais afetada pelas regras anunciadas pelo Banco Central nesta segunda-feira para pagamentos com cartões de débito, segundo analistas de mercado.

- BRF ON cedeu 2,68 por cento, conforme agentes financeiros ainda veem riscos internos e externos à companhia de alimentos. Um profissional de uma importante corretora em São Paulo também notou vendas de ações do setor por investidores estrangeiros.

BC vê mercado de crédito no Brasil crescendo mais em 2018, a 3,5%

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central aumentou sua estimativa de crescimento para o mercado de crédito no país em 2018 a 3,5 por cento, acima da expectativa anterior de 3 por cento, afirmou nesta segunda-feira o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.

"A razão para este aumento é o desempenho do crédito livre, que tem sido bastante mais dinâmico nos últimos períodos", disse Rocha, em coletiva de imprensa.

Agora, a expectativa é que o avanço nesse segmento, em que as taxas de juros são livremente fixadas pelos bancos, seja de 6 por cento em 2018, sobre patamar de 4 por cento visto na última divulgação das expectativas, em dezembro.

Segundo Rocha, colaboram para o maior otimismo as perspectivas de expansão da atividade econômica e também o ciclo de redução da política monetária. Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual, para a mínima histórica de 6,5 por cento ao ano, indicando claramente que deverá repetir a dose em maio.

Para o crédito direcionado, a perspectiva segue de crescimento de 1 por cento neste ano.

Refletindo o baixo apetite por crédito que ainda perdura no país, o estoque total de crédito caiu 0,2 por cento em fevereiro sobre o mês anterior, a 3,062 trilhões reais. Com isso, passou a responder por 46,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), divulgou o BC nesta tarde.

No segmento de recursos livres, houve retração de 0,1 por cento no último mês, ao passo que no segmento de recursos direcionados o recuo foi de 0,3 por cento.

Fonte: Reuters

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