Comissão de Ética censura ex-ministro Marcos Pereira e ex-vice-presidente da Caixa

Publicado em 29/01/2018 16:14

BRASÍLIA (Reuters) - A Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu pela aplicação da censura ética ao ex-ministro da Indústria, Comércio e Serviços Marcos Pereira e ao ex-vice-presidente corporativo da Caixa Econômica Federal Antonio Carlos Ferreira.

Ambos foram investigados pela comissão no mesmo caso, derivado das delações dos executivos do grupo J&F, em que Pereira é acusado de ter recebido recursos indevidos, que poderiam chegar a 500 mil por mês, para atuar em benefício da J&F.

O ex-ministro teria atuado na CEF, com a ajuda de Ferreira, para manter aberta uma linha de crédito em favor da J&F. Segundo o presidente da comissão, no caso de Pereira, apenas uma gravação --em que Joesley Batista pede que o ex-ministro aja para bloquear a entrada de outros empresários brasileiros do setor de calçados na Argentina, para beneficiar seus negócios-- já é o suficiente para merecer a censura.

"A conversa aparenta uma aquiescência. Soou à comissão como uma atitude que faltava à ética", disse Menezes.

A censura ética é a maior punição que pode ser determinada pela comissão. Mesmo que os punidos ainda estivessem exercendo seus cargos, ela não teria um efeito prático a menos que o presidente da República decidisse acatar a sugestão dos conselheiros --que, nesse caso, iriam sugerir também a demissão.

"A censura faz com que no currículo conste que a autoridade não se houve bem aos olhos da integridade quando exerceu cargo público", explicou Menezes, ressaltando que isso não impede a pessoa de voltar a exercer função pública.

Pereira pediu demissão no início desde mês, alegando ser candidato nas próximas eleições e ter de reorganizar seu partido, o PRB, para o pleito.

Ferreira foi um dos quatro vice-presidentes da CEF afastados pelo presidente Michel Temer, por recomendação do Banco Central, por envolvimento em irregularidades. Ele e outros três dirigentes são investigados pelo Ministério Público em um esquema de desvios na CEF.

Ferreira, Roberto Derziê (governo) e Deusdina Pereira (Fundos de Governo e Loterias) foram afastados em definitivo. Já José Henrique da Cruz, de Clientes, Negócios e Transformação Digital, foi restituído, porque a Caixa entendeu que não havia "elementos suficientes" para configurar responsabilidade

Segundo Menezes, da comissão, não houve consenso em relação à punição da ex-vice-presidente Deusdina e ele mesmo pediu vistas para que o processo volte a ser analisado na reunião de fevereiro, quando todos os sete conselheiros estarão presentes. Nessa reunião, dois estavam ausentes.

Deusdina Pereira é investigada por uma suposta "troca de interesses" na concessão de um empréstimo da Caixa à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Em troca, receberia um cargo no Conselho da empresa.

A comissão ainda não decidiu abrir processo contra Derziê e Cruz.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar zera ganhos ante o real em sintonia com exterior
Índice de ações STOXX 600 toca nível mais baixo em 6 meses na Europa com temor de recessão nos EUA
Preço do diesel fecha julho em alta e alcança o maior preço médio do ano, aponta Edenred Ticket Log
BC da China pede que instituições informem diariamente detenção de títulos de longo prazo, dizem fontes
Wall Street afunda com crescentes temores sobre recessão nos EUA
Ibovespa recua 2% na abertura com aversão global a risco; Bradesco sobe após resultado