Países com oferta declinante podem manter déficit global de petróleo em 2018
O balanço global de petróleo tende a manter ou aumentar o atual déficit até o final do ano, de acordo com avaliação do Head de Petróleo, Gás e Derivados da INTL FCStone, Thadeu Silva. Isso porque, países como México, Venezuela, Colômbia e China têm mostrado uma contínua retração na produção e, sozinhos, devem retirar em torno de 800 mil barris por dia do mercado até o final do ano.
A Agência Internacional de Energia (IEA) projeta um crescimento de 1,3 milhão de barris por dia na demanda global por petróleo e um aumento de 1,7 milhão de barris na produção fora OPEP. Nesse cenário, considerando um déficit atual em torno de 300 mil barris por dia no momento, o ano terminaria com o mercado de petróleo voltando à sobreoferta. Entretanto, a agência pode estar subestimando os casos de oferta declinante, países que enfrentam esgotamento de reservas ou lacunas de investimentos nos últimos anos.
Pelo lado dos países que podem expandir a produção esse ano – dificilmente os países membros da OPEP ou a Rússia aumentem a produção em razão das cotas de produção – , o grande líder é os EUA, que tem estimativa de aumento de 1,1 milhão de barris em relação a 2017. Além disso, outros países podem trazer avanços também, como Canadá, Brasil e Noruega.
“O Canadá passa por grande expansão da produção e pode adicionar entre 200 e 400 mbpd durante o ano. Já o Brasil, a Noruega e outros produtores podem ter aumentos leves-marginais da produção para, em uma previsão otimista e sem problema técnico, em conjunto com Canadá e EUA elevarem a produção em até 2 mbpd, acima da previsão do órgão”, explica o Head de Petróleo, Gás e Derivados da INTL FCStone.
O problema é quando colocamos na conta as projeções dos países que devem passar por redução da produção. A falta de investimentos na indústria venezuelana de petróleo reduziu a produção em 50% nos últimos 20 anos e a estagnação dos poços está se acelerando, com a queda para esse ano sendo avaliada em 400 mil bpd – mesmo volume perdido em 2017.
Já o México tenta há alguns anos reviver os investimentos em produção, modificando o marco regulatório para favorecer os investimentos estrangeiros, mas os primeiros leilões de novas áreas de produção ocorrerão apenas agora e a previsão de entrada da produção é para a partir de 2020. Enquanto isso, os poços envelhecidos em atividade devem perder novamente 200 mil bpd em 2018.
Indo na mesma direção, China e Colômbia possuem custos de extração relativamente altos em comparação aos demais países e tiveram investimento muito baixo nos últimos anos – para ambos a estimativa é de -100 mil bpd.
Com isso, o crescimento da produção em 2018 parece mais perto de 1,2 milhões de barris por dia, resultado que levaria a um leve aumento do déficit no balanço global de petróleo. Os fundos de investimento que especulam com o preço das commodities vêm apostando nesse movimento desde o segundo semestre de 2017, assumindo uma posição comprada recorde nos dois principais contratos de petróleo. Desde o começo do ano o WTI subiu 8,5% e o Brent, 5%. “Se considerarmos desde o início do movimento de alta - no começo de julho de 2017 - as variações são de, respectivamente, 42 e 47%”, resume Silva.