Sarney Filho viajou a Noronha com família em avião da FAB, diz site Metrópoles

Publicado em 15/01/2018 08:47
Impunidade, antes invencível, começa a ceder (no Poder360)
Ministro e família em Fernando de NoronhaReprodução/Instagram

O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho (PV-MA), teria usado 1 avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para visitar Fernando de Noronha (PE) com a família, segundo o Metrópoles.

Sarney Filho viajou à ilha em 22 de novembro para uma reunião, marcada para o dia seguinte, com representantes do Parque Nacional Marinho. Sem outros compromissos oficiais, permaneceu na ilha com a mulher, Camila Rebouças, e o filho mais novo, João, até 26 de novembro.

De acordo com o Metrópoles, somente após questionamento do jornal foram incluídos compromissos oficiais na agenda do ministro, filho do ex-presidente José Sarney, nos dias 24 e 25.

O Ministério do Meio Ambiente respondeu que a família de Sarney não viajou com ele no avião da FAB. Junto com o ministro teria ido apenas Ricardo Soavinski, chefe do Núcleo de Gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O registro do voo, porém, lista 5 passageiros, que não tiveram identidade revelada. Sarney Filho, a esposa e o filho aparecem em fotos divulgadas em redes sociais.

Em dezembro, a Comissão de Ética Pública da Presidência informou que abriu 1 processo para apurar o uso de aviões da FAB por 9 ministros do governo, incluindo Sarney Filho. A investigação teve início após matéria da Folha de S.Paulo sobre transporte de parentes de ministros e lobistas em aeronaves oficiais.

Os aviões da FAB podem ser usados para transporte de autoridades em caso de “segurança e emergência médica, viagens a serviço e deslocamento para o local de residência permanente”, segundo o decreto 4.244/2002.

Na semana passada, foi divulgado outro caso envolvendo transporte e hospedagem da FAB em Fernando de Noronha. A deputada indicada para o Ministério do Trabalho, Cristiane Brasil, levou amigos para passar o ano novo no hotel da Aeronáutica na ilha.

"Mobilizados poderemos ter um final feliz.", por Roberto Livianu (no Poder360)

Quando a operação Mani Pulite (Mãos Limpas) foi deflagrada na Itália, com a prisão de Mario Chiesa, em 1992, não se tinha a exata noção das ramificações e o exato alcance daquele gigantesco esquema de corrupção, que incluía além da classe política, empresários poderosos. Milhares de condenações depois, ficou conhecida como a maior operação de combate à corrupção da história.

No início, havia apoio da opinião pública e isto permitiu que o trabalho avançasse e obtivesse elevadíssimo grau de êxito.

Mas, passado algum tempo, os políticos se organizaram e usaram seu poder para elaborar leis obstrutivas à ação da Justiça, o que não foi interceptado diante da desmobilização da sociedade, permitindo-se assim que a corrupção triunfasse ao final.

No Brasil, a operação Lava Jato, há mais de 3 anos e meio, inspirada no exemplo italiano, vem escrevendo nova e profícua página na história no Brasil, concretizando o princípio da isonomia, tornando os que sempre se declararam intocáveis espécies fadadas à extinção. O problema é o tempo que levará para a total extinção destas nocivas espécies –as velhas raposas da política e do mundo dos negócios.

A impunidade, sempre por aqui vista como invencível, começa aos poucos a ceder. Mas não tenhamos ilusões, pois a montanha a escalar é altíssima. O foro privilegiado ainda é uma barreira a ser transposta. O projeto “Supremo em Números” aponta que de 404 ações penais entradas no STF de 2011 a 2016, apenas 0,74% resultou em condenação.

A pesquisa Latinobarómetro 2017 detecta que pela 1ª vez em todas as pesquisas, corrupção é o tema número 1 como angústia nacional no Brasil (31% dos brasileiros ouvidos), que vê os políticos usando o poder em seu benefício, e não para o bem comum (97%). Apesar disso, há sinalizações que os brasileiros acreditam ser possível a mudança e se vêem como possíveis protagonistas dela.

Em 2012, Connecting People foi o tema central da Conferência Bienal da Transparência Internacional, realizada no Brasil, que, durante 4 dias envolveu representantes de 140 países, procurando novos caminhos e examinando experiências globais bem sucedidas.

Neste momento em que os poderosos são pioneiramente alcançados pela lei e propõem o enfraquecimento do sistema jurídico anticorrupção, por projetos de lei como o da proibição de delações de presos ou a nova lei de abuso de autoridade direcionada a se vingar da justiça, entre tantos outros, a mobilização da sociedade fará a diferença no desfecho do nosso processo de enfrentamento da corrupção.

Foi assim em novembro de 2016, quando quiseram aprovar anistia aos ilícitos referentes ao caixa 2 eleitoral em votação secreta na Câmara. Foi assim, quando se pretendeu aprovar doações anônimas de campanha, que poderia assim legitimar ali recebimento de dinheiro do Comando Vermelho ou da Máfia Russa. Foi assim com o indulto “Black Friday” de Natal, eliminando 80% das penas dos corruptos e até multas. Em todos estes casos, a sociedade, mobilizada, reagiu e isto mudou o curso dos acontecimentos.

Mais do que nunca, faz total sentido lembrar que a união faz a força. Esta foi uma das razões da criação do Instituto Não Aceito Corrupção, em julho de 2015 –mobilizar a sociedade para o combate inteligente da corrupção. Sim, mobilizados poderemos ter um final feliz.

Roberto Livianu, 49, é promotor de Justiça em São Paulo e doutor em direito pela USP. Atua na Procuradoria de Justiça de Direitos Difusos e Coletivos. Idealizou e preside o Instituto Não Aceito Corrupção.
Fonte: Poder360

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall Street afunda com crescentes temores sobre recessão nos EUA
Ibovespa recua 2% na abertura com aversão global a risco; Bradesco sobe após resultado
Reação do mercado a riscos de recessão nos EUA é "extremada", diz presidente do Bradesco
Dólar dispara contra real e ultrapassa R$5,80 com temores de recessão nos EUA
Mercado eleva novamente previsão para inflação em 2024 e 2025 no Focus
Minério de ferro sobe com a melhora das perspectivas econômicas da China