Dólar tem leve variação sobre o real, com cena política e Fed no radar
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha leves variações sobre o real nesta quarta-feira, após subir por quatro pregões seguidos, com os investidores cautelosos com o cenário político que vai emergir após a denúncia contra o presidente Michel Temer sair da pauta.
O cenário externo também estava no foco, com a sucessão do comando do Federal Reserve, banco central norte-americano, tirando o sono dos investidores.
Às 10:46, o dólar avançava 0,06 por cento, a 3,2493 reais na venda, depois de acumular avanço de 2,60 por cento nos quatro pregões anteriores. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,15 por cento.
"A vitória de Temer está praticamente precificada, a novidade será o placar da votação para avaliarmos o capital político que ele terá para aprovar as reformas, especialmente a da Previdência", disse o analista-chefe da corretora Rico, Roberto Indech.
O plenário da Câmara dos Deputados começou a votar nesta manhã a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer, dessa vez por crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa. A previsão é que a votação esteja concluída somente à noite.
O placar da votação é importante para o mercado por sinalizar o apoio que o governo terá no Legislativo daqui para frente, indicando o capital político para aprovar importantes medidas econômicas, como a reforma da Previdência.
Nos últimos dias, Temer se empenhou em tentar conseguir 263 votos pela rejeição da segunda denúncia, mesmo placar alcançado na primeira. Para isso, liberou emendas parlamentares e ainda cedeu em uma série de medidas de interesses de deputados para conseguir se manter no cargo.
Os investidores também estavam atentos à sucessão do Fed. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem dito que ainda avaliava pelo menos três nomes: o diretor do Fed Jerome Powell, o economista da Universidade de Stanford John Taylor e a atual chair do Fed, Janet Yellen.
Trump usou um almoço com senadores republicanos na véspera para saber suas opiniões sobre quem ele deveria escolher para comandar o Fed, de acordo com parlamentares que participaram do encontro.
Uma fonte familiar com o assunto disse que mais senadores preferiam Taylor do que o diretor do Fed Jerome Powell, e que Trump também havia dito que estava pensando em indicar Yellen para novo mandato.
Taylor é visto como mais conservador pelos mercados e sua escolha pode significar mais altas dos juros pelo Fed. Juros mais elevados nos EUA tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros mercados ao redor do mundo, o que pode resultar em fluxo de saída de capitais do Brasil.
O dólar tinha leve alta ante uma cesta de moedas e algumas divisas de países emergentes, como os peso chileno e mexicano.
(Por Thaís Freitas)